São 49 concelhos do Entre-Douro-e-Minho, com mar, rios e serra, cujo verde pinta a paisagem e o vinho com esse nome desperta sabores.
1 / 7
De Resende a Melgaço, de Esposende a Amarante, a paisagem é verde e o vinho também. Branco ou tinto: verde. Mas a rota dos vinhos verdes vai muito para além da simples prova ou degustação.
O delicioso tinto Alvarilhão, de Resende ou Cinfães, leva-nos aos livros de Eça de Queiroz (‘Ilustre Casa de Ramires’), às aventuras de Serpa Pinto ou ao românico do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere. Do outro lado do rio, em Baião, o branco Avesso insiste em Eça (‘Cidade e as Serras’) e atira para Amarante, pedindo poéticas leituras de Pascoaes.
Atravessado o Tâmega, pela ponte de S. Gonçalo, caminhamos para a Cabreira, por Celorico, Cabeceiras e Vieira do Minho, de onde vislumbramos, nos espelhos das barragens, os primeiros sinais da casta loureiro, que se colhe com abundância por terras de Amares e Ponte de Lima. Não deixemos de visitar pontes e mosteiros e de lembrar textos de Feijó e sonetos de Sá de Miranda.
Com a nobre casta Alvarinho no horizonte, subimos a Paredes de Coura, para apreciar o românico de Rubiães e homenagear Aquilino Ribeiro, contemplando o majestoso portão que permite vislumbrar a capelinha da Senhora do Amparo, pérola arquitetónica da Casa Grande de Romarigães.
Monção e Melgaço formam a subregião do Alvarinho, espécie de altar desta Região dos Vinhos Verdes, fértil de sabores, de paisagens, de História e de património.
Lembremos também as adegas e as quintas, algumas delas monumentais e carregadas de História, muitas de portas abertas aos visitantes.
O berço do Casal Garcia
A Quinta da Aveleda, em Penafiel, existe desde há cinco séculos, mas foi em 1850 que Manoel Fonseca resolveu plantar vinhas e edificar uma adega com capacidade para 300 pipas. Hoje, entre o que produz nos seus 185 hectares de vinha, de castas como Arinto, Loureiro ou Trajadura, e o que adquire, a Aveleda produz mais de 15 mil garrafas de vinho por ano.
Metade da produção é para a exportar para mais de duas dezenas de países. Sublinhe-se que o Casal Garcia, uma das marcas nascidas na Aveleda, foi o primeiro vinho verde engarrafado a chegar ao Brasil, em 1939. Mas a própria quinta, casas e jardins, merecem uma visita.
Aposta clara na promoção
Em Portugal e no estrangeiro, os vinhos verdes têm reforçado a sua promoção. Um dos exemplos é a ‘Alvarinho Wine Fest’, que todos os anos, no segundo fim de semana de junho, atrai milhares de pessoas ao Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, a dois passos da Feira do Livro. Em 2019 é a 8, 9 e 10.
Monção Palácio da Brejoeira, berço do Alvarinho
O palácio, imitação do da Ajuda, em Lisboa, foi mandado construir nos primeiros anos do século XIX, tendo a construção terminado quase 40 anos depois. Trata-se de uma casa senhorial, provavelmente da autoria do arquiteto Carlos Amarante, que, desde há meia dúzia de anos, pode ser visitada.
É um ótimo ponto de partida para uma visita enológico-cultural à região. Visita que terá obrigatoriamente por passar pela Casa do Curro, no centro de Monção, onde está instalado o Museu do Alvarinho, pela Ponte de Mouro, onde D. João I pediu em casamento Dona Filipa de Lencastre, ou a torre de menagem que se ergue no centro da vila de Melgaço.
Quinta do Soalheiro, em Melgaço Vistas para a Galiza
Paisagem situada no coração do vale do rio Minho, concelho de Melgaço, o solar natural do vinho Alvarinho está rodeada de serras por todos os lados que formam um microclima único.
Passeio na vinha em produção biológica situada junto à adega, contacto com a flora tradicional, ecologia e vindima", pode ler-se no site da Quinta do Soalheiro, a primeira marca de vinho Alvarinho do concelho mais a Norte de Portugal. Com largas vistas para a Galiza, esta quinta, de perfil familiar, coloca todo o seu pioneirismo ao dispor do visitante, que pode percorrer as vinhas, passar pela cave do espumante, pela zona do estágio em barricas de carvalho, do envelhecimento da aguardente e da fermentação e estágio em inox.
Quatro décadas de enoturismo ao dispor dos apreciadores do mais nobre dos brancos. E isto numa terra afamada em queijos e fumeiros.
Amarante Brinde a S. Gonçalo
O vinho é poesia que se bebe e a poesia é um vinho que se ouve." Na sua quinta de S. João de Gatão, o mais telúrico dos poetas portugueses, rodeado de vinhedos e de olhos fixos no alto do Marão, brindava sempre, com branco ou tinto, nos prolongados encontros com o escritor e militar Raul Brandão. Teixeira de Pascoaes fez pela vinha, e os vinhos de Amarante são hoje poesia em muitas mesas, em Portugal e no Mundo.
O S. Gonçalo, que alcunham de ‘casamenteiro das velhas’, merece um brinde numa das muitas tascas que abrem portas e erguem louros para lá da velha ponte sobre o rio Tâmega. E a terra, com a sua gastronomia e paisagens, imortalizadas nas telas dos mestres Amadeo de Souza-Cardoso e Acácio Lino, merece demorada visita. Os ‘Gonçalinhos’ abrem o apetite a uma merenda de presunto e pão de Padronelo. Com tinto.
Amares Terras de monges
A velha quinta do Mosteiro de Rendufe é hoje uma vasta vinha da casta loureiro. Esta terra de monges beneditinos tornou-se um ponto marcante da Rota dos Vinhos Verdes. Em Amares, o sol adoça as beiradas abrigadas do temeroso vento Norte e os vinhos, encorpados e frutados, dão nota disso em toda a plenitude.
O vinho, assim como a laranja, são, nesta verdejante margem do Cávado, fruto do trabalho semeador seguidores de S. Bento e S. Bernanrdo de Claraval. Depois do mosteiro de Rendufe, aconselha-se uma passagem pelo de Bouro, que no tempo da fundação de Portugal foi uma das maiores casas dos Cistercienses no nosso País. O "Bacalhau à Abadia", servido junto ao mais antigo santuário mariano da Península Ibérica, pede vinho branco. Já as papas de sarrabulho, ótimas em todo o concelho, pedem tinto de pintar a malga.
Ponte da Barca
Vida comunitária
A eira onde se ergue o maior conjunto de espigueiros existente no nosso País é uma das mais claras evidências da vida comunitária que, ao longo dos séculos, marcou a vivência das gentes do Lindoso e de um sem-número de aldeias do concelho de Ponte da barca e do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Mas, na realidade, o ato agrário mais comunitário dos nossos dias é, sem dúvida, a vindima. Ou seja, o vinho encerra, de alguma forma, o que resta dos nossos ambientes comunitários.
O concelho da Ponte da Barca apresenta os vinhos típicos da ribeira Lima, embora a tradição popular assegura que o melhor branco é o de Ponte de Lima e o melhor tinto o da Ponte da Barca (concelhos vizinhos). Foi por isso que a adega cooperativa local resolveu apostar, e com sucesso, no tinto da casta vinhão. De resto, por cá não falta História, paisagem e gastronomia.
Castas Loureiro, Avesso e Alvarinho
Alvarinho é a casta nobre dos verdes brancos. Mas os últimos anos tem mostrado Loureiros de luxo e o Avesso apresenta-se como casta de futuro.
Viana do Castelo Santa Luzia dos meus amores
Do zimbório do templo de Santa Luzia vislumbra-se o Lima a esticar-se para o mar e a cidade a querer abraçar o rio e o cais. Lá em baixo, para cá da ponte rodoferroviária desenhada por Eiffel, há mesas corridas em tabernas e bares, com petiscos marinhos a pedir canecas de verde branco bem fresco.
Perto da estátua em que o arcebispo de Braga Bartolomeu dos Mártires, que o Papa Francisco promete canonizar em breve, segue a cavalo para Roma, está a igreja de S. Domingos, uma das mais antigas da cidade. Antes do brinde, merece visita também a Sé (igreja de Santa Maria Maior), o edifício da Misericórdia, os antigos Paços do Concelho ou o chafariz da Praça.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.