Alguns jornalistas foram agredidos e obrigados a apagar as imagens relativas à cobertura da manifestação.
A manifestação de sábado em Luanda resultou na detenção de 103 pessoas, entre as quais dirigentes do partido político UNITA, anunciou este domingo o secretário de Estado do Ministério do Interior, Salvador Rodrigues, que negou qualquer morte no evento.
O governante angolano, que falava na Televisão Pública de Angola (TPA) sobre a manifestação realizada sábado, promovida por ativistas da sociedade civil, com apoio do maior partido da oposição angolana, UNITA, disse que estão detidos 90 homens e 13 mulheres, tendo ficado feridos seis polícias.
"Infelizmente, há dirigentes de partidos políticos [...] detidos que se encontravam na manifestação", referiu o governante angolano, indicando que estão ligados à UNITA (União para a Independência Total de Angola).
Segundo Salvador Rodrigues, a UNITA é a segunda força política do país, tem espaço próprio, no parlamento, e tem "uma liberdade total para conversar, para apresentar as questões" às autoridades.
"Não entendemos como é que dirigentes de um partido se envolvem numa manifestação que acaba em arruaça e desacato à autoridade, não me parece que seja urbano esse comportamento", disse.
Salvador Rodrigues disse que as autoridades desconhecem ainda "o que é que motivou essas pessoas", o que poderá ficar esclarecido, segunda-feira, quando forem submetidos a julgamento sumário.
"Amanhã diante do tribunal a que serão submetidos teremos mais elementos para saber o que é que os animou, se é só mesmo a desobediência, se é só o desacato às autoridades", frisou.
O secretário de Estado do Ministério do Interior disse que houve fogo posto, que foram queimados meios da força pública, sublinhando que "a força da ordem estava ali para fazer cumprir o decreto".
Na sexta-feira, o Governo angolano fez sair novas medidas de combate e prevenção da covid-19, num decreto sobre o Estado de Calamidade Pública, que entre várias restrições, proibiu ajuntamentos na rua de mais de cinco pessoas.
De acordo com o governante angolano, as forças da ordem foram recebidas com violência, "apedrejamento, queima de pneus na estrada", tendo ficado queimada uma motorizada da força pública, uma viatura dos bombeiros, uma ambulância que ficou com o vidro partido e uma viatura da unidade de trânsito.
"E sabemos que indivíduos fomentaram esse comportamento de alguns cidadãos que, não sei por que razão, aderiram e foram se portar de forma a enfrentar a força pública", disse.
Salvador Rodrigues disse que os detidos serão presentes a tribunal porque "houve desobediência, fogo posto, arruaça".
Para o governante angolano não é "responsável que dirigentes de forças políticas, com assento no parlamento se portem assim".
Na sexta-feira, a polícia recebeu garantias dos promotores da manifestação que a mesma não se realizaria, em respeito ao Decreto Presidencial, indicou Salvador Rodrigues, apelando às associações e aos partidos políticos a juntarem-se aos órgãos do Estado que têm a missão da segurança pública, para coordenarem as ações que tiverem de realizar.
"Hoje o nosso apelo é que nos unamos todos no combate a esse vírus, que todos os dias ceifam vidas humanas, que os ajuntamentos não tenham lugar", disse.
Salvador Rodrigues lamentou o comportamento "nunca visto dos manifestantes", que foram "violentos contra a força pública, o que não é normal".
Entre os detidos encontravam-se seis jornalistas, dos quais três foram já libertados.
Horas antes, o ativista Dito Dali, um dos participantes na manifestação de sábado em Luanda, que foi violentamente reprimida pela polícia, disse à Lusa que há mais de cem pessoas detidas e uma pessoa terá morrido durante o protesto.
Alguns jornalistas foram agredidos e obrigados a apagar as imagens relativas à cobertura da manifestação.
Duas organizações não-governamentais -- UFOLO e Amigos de Angola -- condenaram a violência contra os manifestantes e exigiram a libertação dos jornalistas.
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