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Membro da força local moçambicana mata mulher grávida e suicida-se

"O casal era feliz, pelo menos aos olhos dos cidadãos", declarou à Lusa Amina Daudo, tia da esposa do membro da força local.

29 de dezembro de 2022 às 17:55

Um membro da designada 'força local', que ajuda no combate ao terrorismo na província moçambicana de Cabo Delgado, baleou mortalmente a sua mulher, que estava grávida, e cometeu suicídio, disse esta quinta-feira fonte policial.

"Até este momento, só podemos conformar a ocorrência deste caso", declarou à comunicação social o porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Cabo Delgado, Mário Adolfo, sem avançar mais detalhes.

O caso ocorreu no distrito de Ancuabe, que está localizado a cerca de 100 quilómetros de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado (norte do país). 

Segundo uma fonte familiar, o caso ocorreu durante a noite de quarta-feira, mas é prematuro associar a causa da tragédia a motivos passionais, na medida em que o casal era aparentemente "feliz".

"Não sabemos o que aconteceu, mas o certo é que o casal era feliz, pelo menos aos olhos dos cidadãos", declarou à Lusa Amina Daudo, tia da esposa do membro da força local.

A mulher, uma professora de uma escola primária local, morreu no Centro de Saúde de Ancuabe.

A 'força local' é um termo usado em Moçambique em referência a grupos de antigos combatentes de libertação nacional e seus descendentes que se organizaram para lutar contra os grupos armados que aterrorizam Cabo Delgado há cinco anos.

Os combatentes obedecem ao comando das Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique, sendo a 'força local', de adesão voluntária, apoiada pelo Ministério da Defesa, com a vantagem de ser integrada por pessoas que conhecem a geografia da região em que o conflito ocorre.

Após críticas por vários segmentos da sociedade sobre o seu estatuto e legalidade, o parlamento aprovou em 15 de dezembro a revisão da lei da Defesa e das Forças Armadas de Moçambique (FADM), que legitima a atuação da "força local".

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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