Os chás da Gorreana e da Porto Formoso são bons, mas há mais sabores e aromas para provar.
Antes de entrarmos na matéria convém deixar bem claro que, aqui, falaremos de chá (que é exclusivamente o que sai da planta camellia sinensis) e não de infusões de tília, camomila ou casca de cebola. Chá é uma coisa, infusão, outra.
O chá é um mundo sem fim, quer no que diz respeito à sua história, quer no que diz respeito às suas grandes famílias (verde, preto, branco, amarelo, Oolong e Pu-erh) e respetivos terroir. Sim, porque uma coisa é um chá verde açoriano, outra, um chá verde japonês. Uma coisa é um chá preto do Ceilão, outra, um chá preto do Quénia.
Mais ainda, se todos estes chás são originários da espécie camellia sinensis, cruzamentos da mesma planta, mas de diferentes regiões, dão origem a novas variedades (sendo que a espécie é sempre a mesma), coisa que dá origem a muita riqueza de aromas, sabores e texturas por todo o mundo.
Esta edição pretende justamente despertar a curiosidade dos leitores para descobrirem as diferenças que existem entre chás verde, preto, branco e amarelo, além de fazermos uma sugestão muito curiosa de infusão com flores de camellia sinensis de um muito peculiar jardim de Vila do Conde, que, não sendo chá no sentido técnico, libertam aromas curiosos e fazem boa figura num bule transparente.
A Gorreana, desde 1883, e a Porto Formoso, que voltou a produzir há cerca de 20 anos, são as duas grandes fábricas dignas desse nome na Europa, com consumidores muito fiéis.
Um verdadeiro apreciador precisa de ter sempre à mão os seus chás preferidos, mas, uma vez por outra, deverá arriscar e comprar chás de outras partes do planeta, mas à venda em Portugal.
Fazer uma espécie de profissão de fé numa determinada marca de chá é a mesma coisa que beber o mesma vinho (ou whisky, cerveja ou até azeite) a vida inteira. Ninguém no seu parfeito juízo aceitaria um cenário destes, pois não?
A magia das folhas criadas à sombra
No universo do chá japonês, o Gyokuro é - para facilitar a nossa vida - o Barca Velha dos chás. Assim, o Kabusecha, na foto, será um Reserva Especial Casa Ferreirinha.
O que define estes chás é o facto de, no mês de abril, as plantas serem cobertas com uma rede para protecção solar das folhas. Se no caso do Gyokuro esta proteção dura 20 dias, no Kabusecha são 10.
Seja como for, é um chá que cheira a ostras e a algas marinhas por todo o lado. Na boca, muito complexo. Na empresa Chá Camélia custa 29 euros. Dá para muita infusão.
Pêssego e rosas na chávena
Os japoneses são conhecidos pelos seus chás VERDES, mas um cavalheiro da grande ilha, certo dia, resolveu cruzar plantas camellia sinensis de diferentes partes do mundo e o resultado é a variedade Benifuuki, destinada a chá preto.
Este que se vende na Companhia Portugueza do Chá é uma explosão entre perfume de rosas e pêssego. Vinte e cinco gramas custam 10 euros.
A fazer chá há 136 anos
Fala-se de chá açoriano e toda a gente viaja para a empresa Gorreana, fundada em 1883. Em volume, aqui produz-se chá verde e chá preto em diferentes categorias (em tempos fizeram um Oolong para o continente).
Este verde vem sempre com as notas marinhas, a fazer lembrar algum musgo. Na boca é delicado, suave, mas com algumas notas vegetais que lhe dão alma. Custa 3,5 euros.
Presente para o imperador
Noutros tempos, o chá amarelo, ou era destinado ao Imperador, ou servia de presente quando este queria surpreender um convidado ilustre. Aquecidos num wok, os brotos mais finos sofrem, posteriormente, uma ligeira oxidação.
Trata-se de um chá bastante complexo, com notas de flores, cacau e especiarias, pelo que muito desafiante. Na Chá Camélia custa 14 euros.
Flores de gardénia e veludo
O chá branco merece um tratado. O que aqui temos é um Pai Mu Tan, o que significa que neste pacote temos os primeiros rebentos fechados e primeiras e segundas folhas.
Floral como poucos, um chá branco é sempre muito caro, mas este que encontramos nas Miosótis está em conta (menos de 8 euros). Sempre muito floral (gardénias e flor de laranjeira, tem a vantagem de ter pouca teína.
O primeiro e único chá bio da ilha
A fábrica Porto Formoso regressou em 2001, e de imediato encantou quem não passa sem um bom chá preto - no caso desta casa, sempre muito fino e delicado.
Nos últimos anos, a família Pacheco percebeu que com tanta procura por produtos biológicos o ideal seria reconverter os seus chazeiros, que na realidade foram quase sempre biológicos. A fábrica tem três categorias.
Este broken leaf (segundas e terceiras folhas) é o chá mais suave que a casa produz, com aromas ligeiros de rosas e ameixa. Custa menos de 4 euros.
Como não estragar o chá
Ainda há muita gente que, em vez de fazer uma infusão rápida, coze as folhas de chá, destruindo assim os aromas da planta.
onde - em termos muito genéricos - um chá verde ou branco faz-se com água entre os 65 e os 75 graus de temperatura, sendo que o contacto com a água (sem ser da torneira, cheia de cloro) será de dois minutos (máximo).
Já um chá preto aguenta entre 80 e 85 graus e pode chegar aos quatro minutos de contacto. Mais, não.
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