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Sócrates diz que processos impedem candidaturas

Ex-primeiro-ministro refere-se ao seu processo e ao de Lula.

11 de abril de 2016 às 17:36

O antigo primeiro-ministro José Sócrates considerou esta segunda-feira que as acusações feitas ao ex-Presidente brasileiro Lula da Silva têm um objetivo semelhante ao seu próprio processo já que os dois casos visam impedir candidaturas à Presidência da República.

Em entrevista ao jornal espanhol El País, José Sócrates afirma que, tal como no seu caso, "o que está a acontecer no Brasil é uma tentativa de destituição sem delito, sem fundamento constitucional".

Para Sócrates, o processo de 'impeachment' (destituição) da atual Presidente brasileira, Dilma Rousseff, é "uma vingança política da direita, que não aceita a derrota nas urnas" e visa "impedir a candidatura de Lula [da Silva] à Presidência em 2018".

O antigo primeiro-ministro português refere na entrevista que a acusação de corrupção - feita a si próprio tal como a Lula da Silva - se transformou "num instrumento jurídico para destruição política", já que "não são precisos factos nem provas [e] basta acusar para que haja um efeito de assassinato político".

"Até a presença de Lula na apresentação de um livro meu parece agora criminosa", critica, afirmando que o caso do antigo Presidente brasileiro mostra um paralelismo com o seu.

"Houve uma detenção abusiva e julgamentos populares sem possibilidade de defesa", afirmou, lembrando ter estado nove meses detido "sem acusação ou acesso ao processo".

O objetivo, acusou, era "impedir" a sua candidatura presidencial e [conseguir] que o Partido Socialista não ganhasse as eleições. "Conseguiram ambos", considerou.

José Sócrates adianta ainda que "condenar alguém sem direito a defesa acontece no Brasil e em Portugal", o que sublinha considerar "um golpe político da direita" que já não faz uso dos militares, como era tradicional, mas sim da Justiça.

A violação do segredo de justiça é também um tema criticado por José Sócrates, quer no seu caso quer no brasileiro, tendo o antigo primeiro-ministro sublinhado que os magistrados "cometeram um delito".

"Pedir desculpa não o isenta de culpa. A legitimidade de um juiz tem por base a imparcialidade [e] com esta atitude, perdeu-a. Já não o vejo como juiz, mas sim como ativista político", concluiu.

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