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Ílhavo recupera bacalhoeiro Argus

Investe 4 milhões de euros na recuperação do navio que integrou a frota branca na pesca do bacalhau.

28 de maio de 2021 às 14:51
28 de maio de 2021 às 14:51

A Câmara Municipal de Ílhavo e a empresa Pascoal & Filhos, SA assinaram, um protocolo de doação, do Argus. Este é um importante marco que permitirá dar início ao processo de reabilitação desta emblemática embarcação, ícone da história portuguesa da pesca do bacalhau, com o objetivo de a transformar num equipamento museológico, a implementar no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, cidade bacalhoeira do Município.

A opção de transformar a embarcação bacalhoeira em espaço museológico é justificada pelo presidente, Fernando Caçoilo, "por razões técnicas que sustentam as obras de recuperação do navio e a impossibilidade de voltar a navegar face ao seu estado de degradação, pela componente financeira avaliada a relação custo/benefício e o diferencial de investimento para uma utópica recuperação que permitisse a sua navegabilidade, pela ausência de dimensão e de escala que permitisse um retorno do investimento, agravado pelos encargos consequentes com a manutenção".

Deste modo, o ARGUS juntar-se-á aos expoentes máximos da promoção e divulgação da maritimidade ilhavense, como o Museu Marítimo de Ílhavo, o Navio Museu Santo André ou o, praticamente concluído, Centro para a Valorização da Religiosidade do Mar.

O Argus

De entre os navios que, construídos, armados e/ou tripulados por gerações e gerações de ilhavenses, se fizeram ao mar para pescar o fiel amigo nos mares da Terra Nova e da Gronelândia, o mítico veleiro "Argus" é um "irmão mais novo" (e uma versão tecnicamente mais desenvolvida) dos icónicos "Creoula" e "Santa Maria Manuela", expoentes máximos da arquitetura naval que concebeu e construiu da frota bacalhoeira portuguesa à vela, a chamada "Frota Branca", por ser branca a cor que distinguia as embarcações portuguesas envolvidas nesta tão nobre, como épica e trágica atividade profissional.

O "Argus", construído na Holanda, em 1939 e que foi, na sua época, o navio almirante daquela Frota Branca, converteu-se na principal personagem de um clássico da literatura marítima mundial, "A Campanha do Argus" (no original " The Quest for Schooner Argus ") de Alan Villiers, um oficial da armada australiana, que dedicou uma parte significativa da sua vida a imortalizar os mais relevantes patrimónios náuticos que cruzaram os mares.

Depois de percorrer um atribulado, longo, fascinante e, também por isso, a todos os títulos notável, caminho de pesquisa e negociação, a PASCOAL & FILHOS, resgatou o "Argus" (atualmente denominado Polynésia II) das águas cálidas do Caribe, onde, em Aruba, acabou os seus dias como embarcação dedicada a pequenos cruzeiros turísticos.

A Pascoal & Filhos

É uma empresa ilhavense de referência no setor alimentar, fundada em 1937 e que começou a sua atividade exercendo a pesca do bacalhau e sua comercialização em seco. Depositária de muitos saberes, fiel herdeira de um rico legado construído sobre as águas frias dos mares da Terra Nova, e consciente da importância desse legado histórico e cultural, sobre o qual construiu uma história de reconhecido sucesso, a Pascoal & Filhos alargou a sua área de negócio ao Turismo cultural de vocação marítima adquirindo e dinamizando o antigo navio bacalhoeiro Santa Maria Manuela.

Mais tarde tornou-se dona e legítima possuidora do referido lugre "ARGUS", um ex-navio, com o número oficial IMO 5023564, atualmente denominado POLYNÉSIA II, que agora o doa a autarquia ilhavense.

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