Concerto de homenagem a Bana junta artistas cabo-verdianos

Dany Silva, Maria Alice e Ana Firmino subiram ao palco do BLeza no dia em que o Rei da Morna faria 88 anos.

11 de março de 2020 às 20:07
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O cantor cabo-verdiano Bana nasceu no Mindelo em 1932, e foi em São Vicente que começou a cantar. Gravou o seu primeiro disco, Nha Terra, no Senegal em 1966. Na mesma altura formou os Voz de Cabo Verde com Luís Morais e Morgadinho. Mudou-se para Portugal em 1969 e uns anos mais tarde abriu o Monte Cara.

Nesse restaurante cresceram vozes como Tito Paris, Celina Pereira ou Leonel Almeida, entre muitas outras. Com dezenas de discos gravados, marcou gerações que continuam a dar vida á Morna. O cantor viria a falecer em 2013, mas a sua voz continua a ser ouvida. Bana, com a riqueza do seu reportório, deu os primeiros grandes passos para a divulgação da Morna, que hoje é Património Imaterial da Humanidade.

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O concerto de homenagem que celebrou os 88 anos do seu aniversário, foi no dia 5 de março, no BLeza. Contou com a presença de muitas vozes, umas mais jovens , outras mais experientes. A noite foi da Morna, mas a Coladeira também deu uma perninha.

A jovem cantora Débora Paris, que ainda assistiu a dois concertos do Rei da Morna em Cabo Verde, interpretou o tema Sonho Cordod. Outra jovem que subiu ao palco foi Eliana Rosa. Surpreendeu com  a interpretação de Arca Azul, uma morna composta por Paulino Vieira.

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 "Falar do Bana, é falar de uma figura que me acompanhou a vida toda. Desde muito miúdo. Em casa ouvia-se muito o Bana, quer nas versões a solo, quer  nas versões acompanhado pela Voz de Cabo Verde. quando fui contactado para fazer este projeto, disse logo que sim, como é lógico", conta ao CM o músico cabo-verdiano Paló.

Para Dany Silva, Bana foi o maior cantador de Morna de todos os tempos. "Foi também o responsável pela minha primeira gravação como cantor. O meu primeiro disco a solo foi a convite dele. Tinha uma editora, a Monte Cara. Esse trabalho influenciou a minha carreira até ao dia de hoje. Só tenho que lhe agradecer essa oportunidade que ele me deu", afirma o cantor.

A primeira vez que a cantora Maria Alice subiu a um palco foi com Bana. Num concerto de homenagem, na Aula Magna. " Para mim é dos nossos melhores, fez muito pela nossa música. Era uma pessoa Caricata, com aquela voz que só ele tem." diz a cantora para quem é um prazer estar presente nesta homenagem, ao Bana e á Morna.

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A relação de Ana Firmino com Bana não era só em termos musicais. "Conheci o Bana muito nova. Mais tarde tive o privilégio de lidar com a família. Com a Aquilina, com os filhos. O Alcides, o Luís Maria, o Ricardo. Tínhamos um grupo que fazia festas de Natal, fins de ano. Fazíamos passeios. É uma pessoa por quem tenho grande admiração, grande carinho", informa a cantora, mãe do rapper Boss AC,  que se sente uma fã incondicional do Rei da Morna.

"Ele é que me trouxe em 1974, pela Voz de Cabo Verde- recorda o cantor Leonel Almeida- Eu fui quase bengala do Bana. Porque nos últimos tempos ele quase não conseguia andar. No hospital os médicos diziam que ele nunca mais ia cantar. E graças a Deus saiu do hospital e ainda cantou quase dois anos. Do Bana só tenho boas recordações, talvez o maior cantor de Cabo Verde de todos os tempos. Adriano Gonçalves Almeida, vulgo Bana. Tem esse nome por causa de uma senhora gorda, Nha Selibana, quando ele nasceu diziam que a criança era tão grande e tão gorda que parecia a Nha Selibana", conta Leonel Almeida, para quem o Rei da Morna sempre viveu para a família e para a música de Cabo Verde.

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