Lágrimas e dor na despedida a Zé Pedro
Muitas centenas de pessoas, entre figuras públicas e populares, fizeram questão de ir prestar homenagem ao carismático guitarrista.
O baterista Fred Ferreira, filho do também baterista Kalú, dos Xutos, saiu esta sexta-feira do antigo Museu dos Coches, Lisboa, em lágrimas. Não foi capaz de falar aos jornalistas sobre a morte, prematura, de Zé Pedro, o guitarrista dos Xutos & Pontapés, falecido na quinta-feira, aos 61 anos, vítima de doença hepática. E não esteve sozinho na comoção.
Manuel João Vieira (Ena Pá 2000 e Irmãos Catita) – a quem nunca parecem faltar as palavras – confessou que não conseguia articular duas ideias, porque estava "sem imaginação".
Nuno Duarte, mais conhecido como o Jel dos Homens da Luta, escondia os olhos cheios de água atrás dos óculos escuros, mas ainda conseguiu dizer que "o Zé Pedro, pá, foi importante para todos nós, e mostrou-nos que não tínhamos de ser como os nossos pais, empregados de escritório".
Foi assim o velório do músico "mais simpático" do panorama musical português, um homem que levou muitas centenas de pessoas, ontem, ao antigo Museu dos Coches para se despedirem de uma lenda.
Envergando t-shirts dos Xutos, com as cruzes vermelhas sobre fundo preto, e os inevitáveis lenços vermelhos, muitos entraram com flores e saíram aos soluços.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou pouco antes das seis da tarde, e à saída, elogiou o trabalho de Zé Pedro e prometeu-lhe "uma homenagem em grande".
"Há ideias para, na primavera ou verão, fazer uma homenagem como ele gostaria: com alegria, com muita gente de todas as gerações a interpretar o que ele deu aos portugueses: uma vida inteira", disse.
Filas como se fosse para ver um concertoUma barreira policial entre o passeio frente ao Museu dos Coches e a estrada em frente impediu possíveis acidentes, já que as filas para entrar no velório de Zé Pedro eram tão grandes que, não fossem as caras tristes, quase se podia pensar que ia haver concerto.
Companheiros desde finais de 78Os Xutos & Pontapés foram fundados no final de 1978, depois de Zé Pedro ter colocado um anúncio no jornal a pedir um baterista e um baixista para formar um grupo punk.
Juntaram-se-lhe Kalú, Tim e Zé Leonel (que saiu 1981), e o primeiro concerto da banda aconteceu a 13 de janeiro do ano seguinte, na sala Alunos de Apolo, em Lisboa. Ou seja, os Xutos celebram, para o ano, 40 anos de existência. Mas Zé Pedro não vai estar cá para a festa.
Despediu-se do grupo – e do público que sempre o adorou – no passado dia 4 de novembro, com o concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
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