Reviver o passado na Alemanha

Um festival marcado pela memória do passado alemão, mas com uma marcada presença americana. Já os portugueses exprimem-se nas ‘curtas’. E Lars von Trier mostra a primeira parte da versão sem censura de ‘Ninfomaníaca’.

06 de fevereiro de 2014 às 19:19
cinema, cultura, festival, berlim Foto: Reuters
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Arrancou esta quinta-feira a 64ª edição do festival de Berlim com a exibição do filme ‘The Grand Budapest Hotel’, na secção competitiva para o Urso de Ouro, assinado pelo inspirado Wes Anderson, com quase duas dezenas de atores a compor as intrigantes personagens que dão corpo à singular história testemunhada pelos visitantes desse mítico hotel, numa inspiração da obra de textos do escritor austríaco Stefan Zweig.

Ralph Fiennes encabeça com requinte um elenco onde desfilam em pequenos papéis Tilda Swinton, Edward Norton, Owen Wilson e Bill Murray, entre tantos outros. Mas esta será apenas a primeira das 400 fitas previstas para animar as 10 secções e o esperado meio milhão de visitantes. Razões de sobra para Dieter Kosslick, o diretor do certame, estar otimista.

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Os portugueses também, já que no formato de curta metragem os jovens realizadores continuam a remar contra a maré e marcando presença nas maiores montras de cinema. Desta vez, com dois filmes candidatos ao respetivo Urso de Ouro, que conta até com a presença no júri de Nuno Rodrigues, programador do festival de Curtas Metragens de Vila do Conte.

Espera-se muito de ‘As Rosas Brancas’ do portuense Diogo Costa Amarante, numa evocação da morte com a música dos Supertramp, e de ‘Taprobana’, de Gabriel Abrantes, no que deverá ser uma evocação irónica do passado português do século XVI, na região hoje conhecida por Sri Lanka, com um Camões exilado e erotizado em plena inspiração de ‘Os Lusíadas’.

Outro dos focos da Berlinale será a presença de George Clooney e Matt Damon, na passadeira vermelha, em representação de ‘The Monuments Men – Os Caçadores de Tesouros’, igualmente em competição, numa evocação da história verídica da equipa de investigadores destacada para localizar e recuperar as peças de arte roubadas pelos nazis durante a 2ª Guerra Mundial. Um filme que recebe a inesperada coincidência da recente descoberta em Berlim de um impressionante acervo de obras de arte apropriadas por Hitler.

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Até ao encerramento do festival no dia 16, cresce ainda a expectativa em redor de ‘Boyhood’, o tal filme em que o americano Richard Linklater, autor da trilogia romântica ‘Antes do Anoitecer’, ‘Antes do Amanhecer’ e ‘Antes de Meia-Noite’, seguindo o romance das personagens interpretadas por Ethan Hawke e Julie Delpy, mas desta vez numa ainda experiência mais radical. Pois aqui, Linklater acompanhou e observou a evolução de um grupo de personagens ao longo dos anos, em particular a vida de uma criança até se tornar adulto.

Ainda para descobrir ‘Life of Riley’, do nonagenário Alain Resnais, ou ‘A Praia do Futuro’, do brasileiro Karim Ainouz. Pelo meio, haverá seguramente espaço para todas as surpresas, mas também um fio de filmes que evocam diferentes facetas do pesadelo nazi. Seguramente, um festival dominado pela memória, embora bem alicerçado no presente.

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