Richard Gere 'à beira do abismo' (COM TRAILER)

Quando já poucos achavam que Richard Gere pouco podia surpreender no grande ecrã – atendendo aos projectos menores em que se envolveu nos últimos anos… – eis que o veterano de 63 anos consegue em ‘Arbitrage – A Fraude’, a partir desta quinta-feira nas salas nacionais, um dos seus desempenhos mais sólidos. De toda a sua carreira que se aproxima a passos largos das quatro décadas.

11 de outubro de 2012 às 01:00
richard gere, arbitrage, a fraude, thriller, susan sarandon Foto: d.r.
Partilhar

Aquilo que começa como um drama sobre a economia despedaçada dos dias hoje, acaba por se converter num thriller negro sobre um homem que é, provavelmente, um dos últimos grandes magnatas de Nova Iorque.

Cheio de estilo e dom para manipular os acontecimentos em função das suas intenções, Robert Miller (Gere) consegue conciliar a tentativa de vender a sua empresa por um valor muito acima do que esta vale, com um golpe nas contas, além de ser um homem de família, um amante dedicado e filantropo, além de um bom orador e um exemplo para a sociedade urbana norte-americana.

Pub

Nestas coisas, tem de haver sempre um ‘se’ e, após um violento acidente de carro que acaba em tragédia, Miller decide ocultar todas as pistas que o ligam ao despiste e coloca outras pessoas em jogo, num xadrez de vivências que funciona como um rastilho ligado a um imenso explosivo, o que eleva o interesse em torno desta figura.

É à beira do abismo que tudo se joga, com o espectador a assistir ao desfragmentar de uma vida luxuosa e perfeita. Mas será que o dinheiro consegue mesmo resolver todos os problemas? É esta a questão que o filme de Nicholas Jarecki coloca, num inteligente novelo narrativo.

Na verdade, ‘Arbitrage – A Fraude’ parece querer assumir-se como um drama mediano e certinho sobre o poder do poder, mas cabe precisamente ao papel de Richard Gere elevar a trama. Numa figura próxima da de ‘Gordon Gekko’ – que, curiosamente, deu o Óscar de Melhor Actor a Michael Douglas –, Robert Miller tem a vantagem de ser menos artificial e mais realista, seja nos seus subterfúgios ou na forma como lida com todos os problemas que se vão amontoando.

Pub

Entre o cinismo e a explosão de quem vê o seu mundo de cristal ruir, Richard Gere consegue o seu melhor desempenho desde ‘A Raiz do Medo’ e não será de espantar que venha a ser nomeado nos próximos Óscares.

Seria justo pela forma impecável como agarra este desafio, que sem ele seria um mero thriller cosmopolita. Para mais, vem muito bem suportado por um elenco que inclui Susan Sarandon (que teima em não envelhecer…), Tim Roth e até Laetitia Casta.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar