William Hurt perde luta contra o cancro
Tinha 71 anos e era um dos atores mais talentosos e versáteis de Hollywood. Não se considerava “bom ator”.
William Hurt era um caso raro em Hollywood: de talento e de versatilidade, mas também de humildade e sensibilidade. Não se considerava "um bom ator", mas um "ator focado". "Tenho uma grande qualidade, que é saber respeitar os outros. Não há nada melhor do que ser nomeado para o Óscar de ator secundário. Se não estiver a apoiar alguém o que estou a fazer no filme?", disse numa entrevista. Ao longo da sua carreira, Hurt recebeu quatro nomeações para a estatueta dourada. Apenas venceu a primeira, em 1986, pelo papel de homossexual em ‘O Beijo da Mulher Aranha’. Seguiram-se ‘Filhos de um Deus Menor’ (1987), ‘Broadcast News’ (1988) e ‘Uma História de Violência’ (2006), filmes que marcam uma carreira que atingiu o auge na década de 1980 e que ficou ainda marcada por trabalhos como ‘Noites Escaldantes’ (1981) ou ‘O Turista Acidental’ (1988).
Nascido a 20 de março de 1950 em Washington, estudou Teologia durante três anos até chegar à conclusão que "a religião não representa a Humanidade". Decidiu, então, enveredar pela representação, onde depressa se distinguiu tanto pelo talento como pelo sex appeal. Os colegas achavam-no demasiado "complexo", os jornalistas queixavam-se das suas respostas "abstratas" nas entrevistas. Depois de trabalhar com ele em ‘Os Olhos da Testemunha’ (1981), Sigourney Weaver disse: "O William é um indivíduo que não tem medo de soar idiota". Na vida pessoal era igualmente complicado. Casou duas vezes, teve quatro filhos de três mulheres diferentes. A relação abusiva com a atriz Marlee Matlin, quando tinha 35 anos, deixou marcas.
Hurt morreu no passado domingo, aos 71 anos, após perder a batalha contra um cancro na próstata que lhe tinha sido diagnosticado em 2018. Na altura, o ator revelou que a doença já tinha alastrado aos ossos.
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