Distritos de Beja, Bragança e Portalegre não têm exibição comercial de cinema, regular, diversificada e diária.
O encerramento de cinemas e a ausência de exibição comercial regular em várias capitais de distrito são uma questão de rentabilidade, porque "isto é um negócio", lembrou à Lusa o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC).
"É uma atividade comercial. Obviamente, os exibidores fazem análises de rentabilidade e é natural que abram alguns [cinemas] e fechem outros", explicou Fernando Ventura, que dirige a associação que representa as maiores exibidoras de cinema do país, como a NOS Lusomundo Cinemas, a UCI Cinemas e a Cineplace.
A agência Lusa noticiou esta semana que os distritos de Beja, Bragança e Portalegre não têm exibição comercial de cinema, regular, diversificada e diária, e que há complexos de cinema no país, dentro de centros comerciais, que poderão fechar algumas salas, nomeadamente nos distritos de Braga e Porto.
De acordo com a Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), o Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia, foi autorizado a desafetar a atividade cinematográfica em nove das 20 salas do centro comercial, por questões de "viabilidade económica".
No Arrábida Shopping funciona o maior complexo de salas de cinema do país, com 20 ecrãs, gerido pela UCI Cinemas, mas os proprietários do centro comercial pediram este ano a desafetação de nove salas, ficando a funcionar as restantes 11.
De acordo com a IGAC, este ano também foram feitos pedidos de desafetação de outras salas de cinema em centros comerciais em Viana do Castelo e em Braga, que pertencem à Sonae Sierra.
Em Viana do Castelo, o Ministério da Cultura autorizou a desafetação de quatro salas no Estação Viana Shopping, que são exploradas pela exibidora Cineplace.
Sobre estes cinemas, em agosto, fonte oficial da Sonae Sierra disse à Lusa que "de momento" manteria a atividade habitual, mas admitiu que "está em constante análise de diferentes oportunidades dentro da gestão do seu ativo".
Em Braga, no centro comercial Nova Arcada, foi feito um pedido "para afetação a atividade de natureza diferente de seis das 12 salas", que também são geridas pela Cineplace, mas o processo ainda se encontra em instrução, disse fonte da IGAC.
Estas decisões "têm a ver, sobretudo, com questões de rentabilidade muitas vezes associadas à população da zona, aos custos envolvidos com os locais, com os arrendamentos, com alguma quebra na vinda dos espectadores", enumerou o diretor-geral da APEC.
De acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em 2024 existiam 563 salas de cinema, das quais 172 estavam concentradas na região de Lisboa, 166 na região norte e 122 na região centro. As restantes 38 estavam na região do Alentejo, 36 na do Algarve, 15 nos Açores e 14 na Madeira.
Em 2024, 11,8 milhões de espectadores viram cinema numa sala, totalizando 73,3 milhões de euros de receita, mas são valores que ainda estão abaixo dos obtidos em 2019, antes da pandemia da covid-19. Nesse ano, o ICA contabilizou 15,5 milhões de entradas e 83,1 milhões de euros de receita de bilheteira.
A NOS Lusomundo Cinemas é a líder de mercado, com 218 salas de cinema, seguindo-se a Cineplace (67 salas), e a UCI Cinemas (42 salas), predominantemente situadas em contexto de centro comercial.
"Há salas que estão abertas e quase que não dá para pagar a eletricidade e isto é um problema. [...] De vez em quando, o público não vem tanto, não há assim tantos espectadores, e muitas vezes os complexos, as salas não são rentáveis e leva alguns fechos", disse Fernando Ventura.
Quando questionado porque é que as maiores exibidoras não abrem mais salas de cinema fora dos centros comerciais, o responsável da APEC respondeu: "É tudo uma questão de economia. Há cálculo, há razões económicas que levam a que seja melhor ter salas em complexos do que estar a fazer isoladamente, mas há exibidores que têm".
A APEC reconhece que "é um jogo muito complexo" conseguir captar espectadores, escolher semanalmente os filmes para os cinemas e fazer com que as exibidoras tenham lucro.
"Há muitos filmes a sair para o mercado semanalmente e não há quantidade salas, e mesmo se houvesse, depois não há público. É algo complexo. Os filmes não podem ficar muito tempo, se ficarem muito tempo não têm espectadores", explicou.
Quanto à ausência de oferta comercial em todas as capitais de distrito, até por questões de serviço público de oferta cultural, a associação diz que faltam "condições económicas e gente suficiente que permita manter um espaço permanente e que seja rentável para o exibidor".
"A rentabilidade dos cinemas não se faz por casos pontuais, faz-se por se manter regularidade", reforçou.
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