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COLDPLAY: O SUBCONSCIENTE LEVOU-NOS A FAZER ESTE TRABALHO

Dois anos após a edição de ‘Parachutes’, Chris Martin e companhia regressam aos discos com ‘A Rush Of Blood to the Head’, um álbum onde os extremos se tocam. O baixista do grupo, Guy Berryman, explica porquê.

25 de agosto de 2002 às 22:27

Correio da Manhã: Pode dizer-se que o novo disco é um prolongamento de "Parachutes"?

Guy Berryman - Penso que é um disco um bocadinho mais enérgico do que "Parachutes". No ano passado, passámos muito tempo em digressão, descobrimos que as músicas que nos davam mais gozo tocar eram precisamente aquelas que exigiam um bocadinho mais de nós, as mais enérgicas. Por isso, acho que o nosso subconsciente acabou por nos levar a fazer um trabalho como este. Saber que depois da edição de um disco se vai voltar à estrada é meio caminho andado para fazer um álbum que dê mais gozo tocar ao vivo.

- Tenicamente, que diferenças existem entre este disco e o anterior?

- Muito pouco mudou nesse aspecto. Este novo disco foi, aliás, gravado com o mesmo equipamento e tecnologia utilizado em “Parachutes”, só que agora sabemos tirar melhor partido dele. Basicamente melhorámos a sistema de gravação a fim de obtermos as melhores performances possíveis de cada um de nós e melhorar o resultado final.

- Este trabalho parece oferecer uma grande diversidade musical. Concorda?

- Sim, há diversidade no sentido em que existem músicas muito calmas e outras muito pesadas, pelo menos para nós. Essa foi, aliás, uma filosofia que esteve presente no álbum anterior e que achámos importante trazer para este novo trabalho que é talvez um bocadinho mais de extremos. Temos, por exemplo, um tema como "The Scientist", todo ele construído com base num piano, mas também temos o oposto, como "A Whisper", em que se podem escutar guitarras bem pesadas. Aquilo que sempre pretendemos desde o princípio foi fazer um disco que se pudesse ouvir do início ao fim e que não se tornasse enfadonho. E acho que conseguimos fazê-lo muito bem.

- Houve alguma faixa mais complicada para gravar?

- Foi engraçado porque nós tentámos trabalhar demasiado alguns temas e acabámos por nos ver obrigados a simplificá-los. O problema foi que queríamos fazer demais e acabámos por não conseguir. Durante as gravações fomos muitas vezes levados a retirar muitos dos arranjos a muitas das canções. Acho que em certos momentos é preciso saber ver que uma coisa não está a funcionar e deixá-la como está. E isso acho que conseguimos de forma quase perfeita.

- O que se pode revelar das digressões que aí vêm?

- Penso que vamos passar os próximos dois anos na estrada. Vamos andar algumas semanas pela América do Sul, em alguns países que sempre desejámos conhecer. Sei que há muitas pessoas que gostam de nós o que há muito não acontecia em relação a uma banda britânica. Por isso queremos aproveitar esta oportunidade e ver até onde é que conseguimos ir. As digressões obrigam a um trabalho muito duro mas proporcionam-nos sempre óptimas experiências.

- Muitas bandas britânicas queixam-se das digressões pelo continente americano. Vocês parecem ter uma visão mais optimista sobre o assunto...

- Na América temos de estar preparados para trabalhar muito. Temos de andar sempre de um lado para o outro em grandes distâncias e tudo isso acaba por ser muito cansativo.

Formados por Chris Martin (voz/piano), Jon Buckland (guitarra), Will Champion (bateria), e Guy Berryman (baixo), os Coldplay não precisaram de muito tempo para chamar as atenções. Com apenas um disco editado, tornaram-se na banda mais desejada do planeta. “Parachutes”, o primeiro registo, provocou uma verdadeira histeria entre os britânicos e com razão. Afinal de contas, temas como “Shiver”, “Sparks”, “Yellow” ou “High Speed” não se ouvem todos os dias. O disco valeu-lhes uma série de prémios, incluindo dois Brits em 2001 e um Grammy para Melhor Álbum Alternativo, em 2002.

APROVEITAR A OPORTUNIDADE

É muito provavelmente uma das mais belas formas de honestidade: a música. E os Coldplay sabem fazê-la, como o sabem fazer os Radiohead, os Blur ou mesmo os U2. Por outras palavras, “A Rush of Blood to the Head” (à venda a partir de hoje) é mais um disco feito por quem acredita que o começar a tocar numa casa de banho não significa que um dia não se consiga chegar ao Royal Albert Hall. Muito mais acelerado do que “Parachutes”, “A Rush Of Blood to the Head” é, segundo Chris Martin, letrista e vocalista, um álbum de evidências, revelações e desabafos. “Fizemos este álbum com a sensação de que cada dia pode ser o último. Por isso, fomos levados a pôr tudo para fora e fazer tudo ao máximo. Aliás, não será por acaso, que no tema “Politik”, faixa que abre o disco, Chris canta amargurado, “give me real, don’t give me fake” que é como quem diz, “dá-me a verdade, não me mintas”. “Mais vale tirar o melhor partido das coisas e viver tudo com o máximo de convicção. Tem tudo a ver com o tentar tirar o melhor desta espantosa oportunidade, porque ainda nos custa a acreditar que ela nos foi dada”, remata.

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