Carlos Avilez, fundador do Teatro Experimental de Cascais e um dos pioneiros do chamado teatro de ensaio, independente, em Portugal, morreu esta quarta-feira, aos 88 anos.
Os diretores artísticos dos teatros nacionais D. Maria II, em Lisboa, e S. João, no Porto, veem na morte de Carlos Avilez a perda de "um dos pilares" do teatro em Portugal, deixando o palco um pouco "mais escuro".
O diretor artístico do Teatro Nacional S. João, Nuno Cardoso, recordou à agência Lusa o "pedagogo, o criador, gestor" Carlos Avilez, que "trouxe inúmeras exceções e mudanças ao nosso panorama", antes e após o 25 de Abril, afirmando que a sua equipa "está triste, profundamente triste", porque "quando uma coisa destas acontece, é um bocadinho do palco que fica mais escuro".
O diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Pedro Penim, por seu lado, disse à Lusa que a morte de Carlos Avilez representa a "perda de um dos pilares importantes do teatro português", enquanto o diretor artístico.
Carlos Avilez, fundador do Teatro Experimental de Cascais e um dos pioneiros do chamado teatro de ensaio, independente, em Portugal, morreu esta quarta-feira, em Cascais, aos 88 anos.
Para Pedro Penim, Carlos Avilez "teve um papel importantíssimo na renovação do repertório, de uma modernidade incrível muito à frente do seu tempo", tanto antes como no pós-25 de Abril, frisou.
Pedro Penim lembrou ainda que Carlos Avilez foi "o grande responsável" por trazer um "encenador tão importante" como o argentino Victor Garcia a Portugal "para fazer uma montagem histórica, em 1972, ainda antes da democracia", com Eunice Muñoz, Glicina Quartin e Lourdes Norberto, de "As criadas" de Jean Genet.
Realçou também a importância do tempo em que Carlos Avilez foi diretor artístico do D. Maria II, entre 1993 e 2000, em que, apesar de sempre ter estado ligado a um "repertório clássico", também pôs em cena "um repertório contemporâneo", sempre muito "apoiado e empenhado na divulgação da dramaturgia portuguesa".
Destes espetáculos recordou peças como "O crime da aldeia velha", de Bernardo Santareno, "A maçon", de Lídia Jorge, "O leque de Lady Windermere", de Oscar Wilde, considerando-as "montagens históricas também para a história do próprio Teatro Nacional D. Maria II".
Outros dos exemplos citados por Penim é a montagem de "Ricardo II", de Shakespeare, "com uma cenografia incrível que neste momento está em exposição na mostra 'Quem és tu', em digressão na Odisseia Nacional, com telões de Graça Morais feitos de propósito para este espetáculo do Carlos [Avliez]".
O lado de formador que Carlos Avilez assumiu sobretudo depois de 1992, com a fundação da Escola Profissional de Teatro de Cascais, foi outra característica mencionada por Pedro Penim.
"Esse legado vai continuar", frisou, alegando que há "gerações de novíssimos atores que têm no Carlos quase um ídolo, e que certamente ajudarão a carregar esta marca que nos deixou".
A propósito citou um "jovem ator" com quem tem colaborado recentemente e que saiu da Escola de Cascais considerando que tem "uma preparação técnica e artística de muito relevo", e onde "é notório o dedo do rigor e da inventividade do Carlos Avilez".
"Obviamente que é muito triste para D. Maria II, pois é um antigo diretor que foi muito importante para aquela casa e será relembrado por nós com muito carinho", disse, lembrando que "é da maior importância" que o público acorra "em massa" ao espectáculo estreado no sábado em Cascais, "Electra", "que é a última encenação de Carlos Avilez".
Por seu lado, Nuno Cardoso disse que no Teatro Nacional S. João foram "surpreendidos" pela notícia da morte de Avilez, acrescentando que estão "um bocadinho em choque e tristes".
"Carlos Avilez, de todas as formas, teve um papel muito importante no teatro português", sublinhou, acrescentando que são muitas as pessoas que passaram pela sua escola, que trabalharam com ele.
Nuno Cardoso recorda-se de ter visto "quando ainda era um miúdo" a encenação de Carlos Avilez de "Ricardo II", acrescentando nunca ter privado com o encenador.
Do que pontualmente conheceu de Carlos Avilez, guardou a memória de se tratar de alguém com "um profundo amor ao teatro" e de alguém de "grande entrega" ao "nosso 'mester'", ao ofício do teatro, à sua arte.
Acrescentou que a última vez que estiveram juntos "foi numa pequena conversa entre ambos e Eunice Muñoz", que tal como Jorge Silva Melo "já nos deixaram", considerando-os pessoas que "transportam consigo uma grande responsabilidade na criação daquilo que conhecemos hoje como o panorama do teatro".
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