A edição de hoje
Depois do algo decepcionante ‘Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal’, Steven Spielberg deixa mais um marco na história do cinema com ‘As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne’, que estreia amanhã em Portugal. O resultado é um festim visual sem paralelo e que, uma vez mais, deverá encantar públicos (pelo menos) dos 7 aos 77 anos, rendidos ao incomparável efeito 3D e à animação em ‘performance capture’ que supera ‘Avatar’.
A convite da distribuidora, o CM embarcou numa viagem até Bruxelas para a antestreia mundial na cidade onde nasceu Tintin, e de lá para a capital francesa. Foi em cidades rendidas ao fenómeno que surgiu a rara oportunidade de acompanhar um dos mais célebres realizadores do Mundo nas duas antestreias e viajar com ele a 300 quilómetros por hora no recém-inaugurado ‘Comboio Tintin'.
Com muito engenho, e alguma liberdade, a equipa de guionistas britânicos tricotou a obra do título com elementos dos livros ‘O Caranguejo das Tenazes de Ouro' - em que Tintin encontra o capitão Haddock - e ‘O Tesouro de Rackham o Terrível'. Caso este filme obtenha o sucesso esperado, Peter Jackson dará seguimento à aventura. O cineasta disse-o e o filme confirma: "Quis manter-me fiel ao ponto de vista de Hergé e interpretá-lo da mesma forma como ele o criou em papel." A diferença é que "agora as ilustrações chegam numa forma tridimensional em que temos de usar óculos." No entanto, o realizador de 64 anos garantiu que "o efeito 3D não seria a vedeta do filme".
Steven Spielberg conheceu Hergé, "ainda que apenas pelo telefone", em 1984, quando críticos franceses compararam Indiana Jones a Tintin. "Se não tivesse feito ‘Salteadores da Arca Perdida', não o iria conhecer", reconhece Spielberg. Mesmo assim, recebeu a autorização de adaptação antes de o autor falecer, "semanas antes do encontro marcado!" "Acho que Hergé iria adorar o filme", garante.
Também aprenderam a apreciar o herói os sete filhos de Steven. "Cresceram também com Tintin, que eu descobri em 1981. Adoram a personagem e são o meu primeiro público."
"HÁ MUITO QUE ESTOU PREPARADO": Jamie Bell, Actor que emprestou o corpo a Tintin
Correio da Manhã - Como reagiu quando se viu no ecrã, pela primeira vez, enquanto Tintin?
Jamie Bell - É estranho pensar que, apesar de reconhecer os meus movimentos, agora sou mesmo o Tintin. Este é um filme para os fãs e para a herança de Hergé.
- Quando conheceu Tintin?
- Tinha oito anos, por isso há muito que estou preparado para o papel (risos).
- Foi difícil entrar dentro desta personagem?
- O mais difícil é a fase da ‘performance capture'. Tudo depois tem a ver com o trabalho com os nossos colegas actores e a comunicação com o realizador.
- Como foi trabalhar com Andy Serkis [Gollum, de ‘O Senhor dos Anéis' e King Kong] como Capitão Haddock?
- Foi um enorme prazer. Ele é extraordinário.
- Vai fazer o próximo filme?
- Se este for aclamado pelos fãs de todo o Mundo, embarcaremos em novas aventuras. Adoraria.
- Qual é o seu livro favorito?
- ‘Tintin no Tibete'.
TÉCNICA REVOLUCIONA ANIMAÇÃO
Começou por ser conhecida como ‘motion capture', em que movimentos do corpo são traduzidos para um modelo digital que posteriormente ganha texturas e cria uma personagem mais realista. Ao adquirir detalhes de expressão, passou a ser designado por ‘performance capture'.
A técnica começou por ser usada nos videojogos mais realistas e foi melhorada pela Weta (empresa de Peter Jackson), que lhe transmitiu o efeito 3D. O resultado assemelha-se ao de um verdadeiro actor. Os exemplos mais impressionantes são ‘King Kong' e ‘Avatar', filmes em que Joe Letteri colaborou antes de se ligar a Spielberg e a ‘Tintin'.
HERGÉ CONTINUA A SER POLÉMICO
Próximo da direita conservadora belga, Hergé lançou Tintin no ‘Le Petit Vingtième', suplemento de um jornal católico.
Ao longo da vida foi acusado de ter preconceitos contra os EUA, a União Soviética e o Terceiro Mundo. Falecido em 1983, ainda hoje é acusado de racismo.
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