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Morreu Sebastião Salgado, um dos fotojornalistas mais importantes do mundo

Tinha 81 anos.

Atualizado a 23 de maio de 2025 às 18:11

Sebastião Salgado, um dos fotojornalistas brasileiros mais importantes do mundo, morreu aos 81 anos. A notícia da morte foi avançada pelo Instituto Terra, organização não-governamental fundada pelo fotógrafo, citado pelo Globo.

"Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora", lê-se no comunicado divulgado pela organização.

Segundo a AP, Sebastião Salgado sofria de vários problemas de saúde há muitos anos. Em 1990, o fotojornalista contraiu malária.

Nasceu em 1944 na cidade de Aimorés, Minas Gerais, no Brasil. Sebastião Salgado formou-se em economia, mas em 1973 descobriu a sua paixão pela fotografia. Ao longo do seu percurso profissional, ficou conhecido pelo seu trabalho feito com fotografias a preto e branco.  Viajou por mais de 120 países em trabalho. O seu legado fica marcado na história da fotografia mundial. Em 1992, foi eleito membro honorário da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos e em 2016 da Academia Francesa de Belas Artes.

Em 1981 fotografou o atentado contra o ex-Presidente norte-americano Ronald Reagan, em Washington, ganhando projeção mundial e, com o dinheiro da venda das suas fotografias para jornais, realizou o seu primeiro projeto autoral em África, onde fez as suas primeiras reportagens sobre a seca e a fome no Níger e na Etiópia.

No seu primeiro livro, "Outras Américas", de 1986, documentou a paisagem geográfica e humana de cidades do litoral brasileiro e de países como a Bolívia, o Chile, o Peru, o Equador, a Guatemala e o México.

No mesmo ano, criou uma das fotos mais icónicas da sua carreira, intitulada "Serra Pelada", que o jornal The New York Times incluiu entre as 25 imagens que definem a modernidade desde 1955.

A imagem mostrava a realidade brutal de mineiros que trabalhavam em Serra Pelada, na floresta amazónica, local conhecido à época em que Salgado realizou os seus registos como a região que abrigava a maior extração de ouro a céu aberto do mundo.

Entre os trabalhos mais marcantes de Salgado destaca-se a cobertura do genocídio no Ruanda, em 1994.

Nos anos 2000 lançou "Êxodos", no qual retratou movimentos migratórios do final do século 20 ocorridos devido a guerras, perseguições e desastres ambientais.

O continente africano, onde Salgado dizia sentir-se "em casa", foi também tema de uma grande série de fotografias intitulada "África" (2007).

Salgado foi o personagem principal do documentário "O Sal da Terra" (2014), de Wim Wenders, que retrata as suas viagens à Papua Nova Guiné e ao Círculo Polar Ártico para o seu livro "Génesis". O filme foi nomeado para o Óscar na categoria de melhor documentário.

O fotógrafo brasileiro também foi um ativista ambiental, que, com Lélia Salgado, fundou o Instituto Terra, um projeto de reflorestamento no Brasil que começou na fazenda que herdou do pai, em Minas Gerais, onde já plantou milhões de árvores promovendo a recuperação da Mata Atlântica, um dos mais importantes biomas brasileiros localizado principalmente no litoral, mas que se expande também para outras partes do sudeste do país.

Sebastião Salgado considerava que a "fotografia é o espelho da sociedade".

Publicada originalmente a 23 de maio de 2025 às 16:28

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