A edição de hoje
Empresário teatral Hélder Freire Costa não aceitou colaboradora “com voz de homem”.
Uma assistente de camarim alega ter sido despedida do Teatro Maria Vitória, em Lisboa, ao fim de três dias de trabalho, por ser transexual. Íris Redol, de 26 anos, tinha sido contratada para trabalhar no espetáculo ‘E Ninguém vai Preso?’ – “em substituição de uma amiga que arranjou outro trabalho e teve de sair” –, mas diz ter sido despedida pelo empresário Hélder Freire Costa, que gere o equipamento camarário, por este não a aceitar.
“Quando cheguei ao teatro, fui apresentada a toda a gente, mas com o senhor Hélder Freire Costa só me cruzei de fugida. E ele a mim nunca disse nada. Não teve a coragem de me dizer nada na cara. Foi o produtor, o André Camilo, que, muito aflito, veio dizer-me: ‘Olha, ele não aceita que és mulher, recusa tratar-te pelo nome e não te quer a trabalhar aqui”, revela Íris Redol ao CM.
Agora, a profissional das artes pondera processar o conhecido empresário e tem uma reunião agendada com a Opus Diversidades para se aconselhar. Ao CM, o jurista Rui Pereira confirma que há matéria para contestação, mesmo sem contrato escrito. “Um despedimento, feito nesses termos, é ilegal”, esclarece. “A denúncia tem de ser feita, porque se trata de um ato discriminatório e inconstitucional, e dá direito a indemnização por prejuízos sofridos por perda de rendimento ou por danos morais”, remata.
O CM contactou o empresário Hélder Freire Costa, que não esteve disponível para prestar esclarecimentos, mas que ao jornal ‘Nascer do Sol’ disse que não entra no teatro “qualquer pessoa” e que não gostou de “ser confrontado com uma pessoa nos camarins com voz de homem”. “As bailarinas podem estar despidas e têm de ter confiança em quem cá está”, afirmou.
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