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Nove mil cheques-livro desperdiçados por jovens

APEL diz que o valor do voucher e a "falta de comunicação contínua" é uma das lacunas do programa.

15 de julho de 2025 às 01:30

Dos 47 mil vouchers emitidos no âmbito da primeira edição do programa ‘Programa Cheque-livro’, ainda há nove mil por rebater. O Governo já anunciou que vai avançar com uma segunda edição do programa mas Miguel Pauseiro, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) considera que o número de livros que ficou por resgatar merece “reflexão”, por demonstrar lacunas a nível de comunicação e evidenciar o baixo valor da oferta.

O período para trocar os cheques terminava inicialmente a 23 de abril, mas o prazo foi prolongado para 15 de julho, precisamente por haver ainda milhares de cheques sem uso.

Estamos a falar de cheques que foram emitidos pelos jovens mas que ainda não foram trocados por livros”, lamenta Miguel Pauseiro, que aponta o dedo a lacunas de comunicação e apela a uma melhor “operacionalização nas livrarias”.

Houve um pico quando o programa foi divulgado e outro em abril, quando estava prestes a terminar. Mas a comunicação tem de ser contínua. E é preciso tornar o valor atrativo para que os jovens tenham vontade de vencer a distância que os separa das livrarias. Não podemos pensar apenas do ponto de vista de quem vive em Lisboa, Porto, Coimbra ou Évora. Os jovens podem ter de pagar mais pela deslocação até à livraria do que o valor do cheque e isso pode ser dissuasor”, conclui. Os vouchers, no valor de 20 mil euros, ficou “muito longe” dos 100 euros propostos pela APEL. “Não se criam leitores com a compra de um livro, mas com a regularidade do hábito da leitura”, frisou.

O 'Programa Cheque-Livro', recorde-se, é uma iniciativa do Ministério da Cultura criada em 2024 que, pela primeira vez, ofereceu um voucher de 20 euros a jovens nascidos em 2005 e 2006, para compra de livros em livrarias aderentes. Aos jovens com mais de 18 anos e menos de 20, bastava registarem-se na plataforma souleitor.gov.pt para a obtenção do talão de desconto. Inicialmente o período para trocar os cheques emitidos por obras à escolha terminava a 23 de abril, data em que já tinham sido utilizados perto de 38 mil vouchers. Todavia, apesar da prorrogação do prazo para 15 de julho, desde então o número praticamente não sofreu alterações. 

Numa altura em que o giverno já anunciou a segunda edição, prometendo um reforço, Miguel Pauseiro confessa que há "grandes expetativas" para o futuro deste projeto, mas espera que os devidos ajustamentos possam efetivamente "criar novos leitores e fidelizá-los". 

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