Ator morreu aos 77 anos de idade.
"Portugal fica mais pobre"
O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, lamentou a morte do ator e encenador Francisco Nicholson, considerando que "Portugal fica mais pobre com o desaparecimento" de um homem "sempre à frente do seu tempo".
Numa nota enviada à Lusa, Ferro Rodrigues afirma que "foi com tristeza" que tomou conhecimento do desaparecimento de Francisco Nicholson, que diz ter sido "um homem sempre à frente do seu tempo".
"Portugal fica mais pobre com o desaparecimento de Francisco Nicholson", defende.
O presidente da Assembleia da República recorda a escrita de "Vila Faia", a criação da companhia Cooperativa de Trabalhadores de Teatro (Adoque), o "humor que empregou em inúmeras personagens" e a "luta pela liberdade, quando ela não existia".
"Quero expressar em meu nome, e, estou certo, em nome da Assembleia da República, os meus sentimentos à família", lamenta na mesma nota.
Era "um grande ser humano e enorme lutador"
A direção da Casa do Artista lamentou a morte do ator Francisco Nicholson, considerando que além de um grande homem do teatro, da televisão e das novelas era "um grande ser humano e um enorme lutador".
Em declarações à agência Lusa, a assessora da direção da Casa do Artista lembrou que Francisco Nicholson, que morreu no hospital Curry Cabral, aos 77 anos, foi um "dos fundadores" da instituição, juntamente com Armando Cortez, Manuela Maria, Raul Solnado.
Consternado pela morte do amigo "de há muitos anos", Conceição Carvalho lembrou que Francisco Nicholson foi "um enorme lutador e um homem de causas".
"O Francisco era um grande homem de teatro, de telenovelas, de televisão. Era um grande homem de cena", frisou.
Francisco Nicholson encontrava-se doente devido a complicações resultantes de um transplante hepático a que fora submetido há uns anos, referiu.
"Falei com ele há duas semanas e ele encontrava-se bastante cansado. Estava a entregar os pontos", disse.
Figura "muito importante na história das telenovelas"
O ator e argumentista Tozé Martinho lamentou a morte de Francisco Nicholson, lembrando que este "foi uma pessoa muito importante na história das telenovelas" em Portugal.
"Foi o autor da primeira novela (portuguesa) de grande impacto", disse à agência Lusa Tozé Martinho, aludindo à telenovela "Vila Faia", em que Francisco Nicholson, além de autor, desempenhou o papel de polícia, ao lado de atores como Nicolau Breyner, recentemente falecido, Margarida Carpinteiro e Manuela Marle, entre outros.
Tozé Martinho disse ser "com desgosto e pena" que vê partir Francisco Nicholson, "um grande amigo" e uma pessoa que "prezava muito".
Tinha uma capacidade insubstituível
O jornalista e escritor Mário Zambujal lamentou a morte de Francisco Nicholson, considerando que se perdeu um homem do teatro que tinha uma capacidade "insubstituível".
"Era uma pessoa rara, de uma grande educação, de um talento enorme, com muito sentido de humor e muita graça", disse à Lusa Mário Zambujal.
Lamentando a morte do ator e argumentista de quem era amigo, Mário Zambujal lembrou que Francisco Nicholson era um homem "cheio de talento", que fez coisas "muito interessantes também no teatro musical" e que era "muito respeitado" por todos com quem trabalhou.
"Entristece-me muito, o Francisco tinha uma alegria muito natural e expansiva. Era um tipo fascinante", concluiu.
"Amigo, companheiro de teatro e homem multifacetado"
O ator e encenador Rui Mendes mostrou-se consternado com a morte de Francisco Nicholson, um homem "multifacetado, com muitos talentos" e seu "grande amigo e companheiro de teatro" desde os bancos do Liceu Camões, em Lisboa.
"Era um homem multifacetado e tinha muitos talentos. Era um grande amigo, foi o meu companheiro de teatro, desde sempre, desde os bancos do liceu. Andamos no Liceu Camões, fomos companheiros de turma e foi aí que começamos a fazer teatro", disse Rui Mendes, à agência Lusa, acrescentando que ambos se estrearam no teatro profissional nos anos 50.
O ator explicou que Francisco Nicholson estava doente há "bastantes anos", mas que o seu estado de saúde se agravou nos últimos tempos.
Rui Mendes destacou o papel de Nicholson na renovação da revista portuguesa e recordou a peça de teatro "Toda Nua", que esteve em palco no teatro ABC, aquando do 25 de abril de 1974.
Após o 25 de Abril de 1974, Francisco Nicholson e Rui Mendes, juntamente com outros grandes nomes do teatro nacional, fundaram o Teatro Adoc, na zona do Martim Moniz, em Lisboa.
Além do teatro de revista, o também encenador releva o papel importante que Nicholson teve na escrita de peças de teatro infantis e de telenovelas.
"Considero que o Francisco Nicholson deve ter sido das pessoas que melhores telenovelas escreveram neste país durante uma certa época, pelo menos, as primeiras novelas", sublinhou Rui Mendes.
"Perdemos um grande homem da comunicação do teatro e da televisão"
O argumentista e escritor Francisco Moita Flores lamentou a morte do amigo Francisco Nicholson, a qual representa a perda de "um grande homem da comunicação do teatro da revista e da televisão" portuguesas.
"É uma grande perda. Foi um homem muito importante na ficção e no teatro. Ficamos a dever-lhe muitos dos grandes trabalhos que foram feitos, quer no teatro, quer na revista. É uma das figuras de referência de um teatro novo, numa prática livre que surgiu no velho [Teatro] Adoque, que entretanto desapareceu", destacou Moita Flores, em declarações à agência Lusa.
Segundo o escritor e argumentista, Francisco Nicholson e Armando Cortez, "marcaram uma época na televisão no domínio da comédia", considerando Nicholson "um grande homem de comunicação do teatro da revista e da televisão" que Portugal perdeu.
"Trata-se de um homem que foi uma referência de trabalho, quer como ator, quer como autor, nas televisões, particularmente na RTP. Deixa uma grande obra, um grande trabalho. Era um amigo", salientou Moita Flores.
PR lamenta a morte de um amigo
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, gravou uma mensagem em vídeo sobre a morte de Francisco Nicholson, na qual declara que o ator deixa muitas saudades, como artista, interventor político e amigo.
"Francisco Nicholson partiu e deixou muitas saudades. As saudades do artista, no teatro, no cinema, na televisão, muito próximo das pessoas com o seu afeto e também com o seu talento", afirma o chefe de Estado nesta mensagem gravada no Palácio de Belém e divulgada na página oficial da Presidência da República na Internet.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescenta que Francisco Nicholson deixa igualmente "a saudade da intervenção política do lutador pela democracia, que ele não separava do seu papel como artista, e depois a saudade do amigo".
"E aqui fica uma palavra por essa tripla saudade, do artista, do interventor político e do amigo", conclui.
"Grande ator e escritor"
O cantor António Calvário lamentou a morte de Francisco Nicholson, considerando-o um "grande ator e escritor" que se completava em tudo o que fazia.
"Por toda a convivência que tivemos, por tudo aquilo que foi como grande ator e escritor, quase que não tenho palavras para descrever uma pessoa tão completa", disse à agência Lusa o cantor, acrescentando que Francisco Nicholson era "um grande amigo" e "um belíssimo companheiro".
António Calvário recordou que a sua ligação a Francisco Nicholson remonta a 1963, quando se estreou na revista "Chapéu Alto", em que foi ator e autor.
O cantor destacou também que Francisco Nicholson foi o autor da canção "Oração" que interpretou no primeiro festival da canção de 1964 e que obteve o primeiro lugar.
"Uma canção que atravessa todos estes tempos como um símbolo da primeira representação de Portugal na Eurovisão", afirmou.
"Ficará na história como um grande autor"
O humorista e ator Herman José manifestou uma "profunda admiração" pelo trabalho realizado pelo seu "grande amigo" Francisco Nicholson, afirmando que ficará na história como "um grande autor".
"Era uma pessoa de quem gostava especialmente, tivemos um encontro mágico em 1978, numa peça dele com a Ivone Silva, e ficámos muito, muito amigos", lembrou à agência Lusa Herman José, contando que eram vizinhos em Azeitão.
Para Herman José, o desaparecimento de Francisco Nicholson é uma "grande perda" para a cultura em Portugal.
"Há uma grande tristeza, mas ao mesmo tempo uma profunda admiração por ter conseguido tanto em quase oito décadas de vida", disse, convicto de que Francisco Nicholson "ficará na história como um grande autor, muito mais do que ator".
"Como autor era um verdadeiro talento, conseguiu fazer novelas de sucesso, escrevendo quase sozinho. Tinha uma capacidade de trabalhar inacreditável", comentou.
O humorista recordou também o "ótimo letrista de cantigas", que escreveu "imensos êxitos musicais ligeiros", que ainda permanecem na memória dos portugueses.
Uma das melhores memórias que guarda do seu amigo é quando fez recentemente o programa "Há tarde".
"Já muito doente e com uma grande dificuldade de locomoção nunca disse que não a um convite. Esteve sempre presente quase como rindo-se das suas próprias incapacidades", lembrou.
Por outro lado, foi "um sobrevivente" na doença: "Como é que um duplo transplantado de fígado consegue viver até aos 77 anos? É uma coisa histórica".
O humorista quis deixar uma palavra de homenagem a Magda Cardoso, mulher de Francisco Nicholson, que foi a sua "heroína".
"A Magda Cardoso teve uma abnegação e uma entrega como só se vê nos romances do século XIX. Ela viveu em função daquele amor, lutou até ao final", comentou.
"Foi um caso de amor profundo e neste momento os meus sentimentos e todo o meu carinho estão com a Magda Cardoso, porque uma parte dela desapareceu", rematou
Era um "criativo de excelência"
O dramaturgo Francisco Nicholson era "um criativo de excelência" e a sua morte representa uma grande perda para o teatro em Portugal, disse Luciano Reis, autor de um livro sobre a história do teatro Ádoque.
Para Luciano Reis, autor da história do teatro Ádoque, a lançar no sábado, na Mouraria, Francisco Nicholson era um "grande homem da escrita para novela" e foi o "grande cérebro" a primeira telenovela portuguesa, "Vila Faia".
"Francisco Nicholson foi dos homens mais completos em escrita para teatro e telenovela no século XX", disse, sublinhando que além de ter sido o "criador da telenovela" era um homem "a quem Portugal muito deve".
"Estamos todos tristes. Embora esperada, é uma grande perda", referiu, referindo-se ao ator e dramaturgo, amigo de longa data sobre quem ia escrever a próxima biografia.
Questionado pela Lusa sobre se se mantém o lançamento, no sábado, da obra com a história do Ádoque, Luciano Reis disse que sim, sublinhando tratar-se de "uma oportunidade para lembrar o papel de Francisco Nicholson", fundador daquela cooperativa teatral "que revolucionou a qualidade da revista em Portugal assim como a relevância da coreografia no teatro".
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