Velório do ator decorre esta quarta-feira em Lisboa.
O ator, dramaturgo e argumentista Francisco Nicholson morreu esta terça-feira, aos 77 anos, disse à agência Lusa fonte da família. Estava internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
Nicholson
O velório de Nicholson decorre esta quarta-feira pelas 18h30, na Basílica da Estrela. O funeral irá decorrer na quinta-feira. A saída da Basílica para o cemitério do Alto de S. João está agendado para as 10h30 e a cremação para as 12h00.
Nasceu em Lisboa, a 26 de junho de 1938 e começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões. Toda a sua carreira ficou ligada ao teatro e à televisão, como ator e encenador.
1 / 11
Em 2011, tinha sido submetido a um transplante de fígado. Três anos depois, publicou o romance "Os mortos não dão autógrafos", que dedicou à mulher Magda Cardoso. É pai da também atriz Sofia Nicholson. Mais de meio século de histórias entre o teatro e a televisãoFrancisco Nicholson escreveu "Vila Faia", a primeira telenovela portuguesa, deu forma a "Riso e ritmo", programa pioneiro de comédia, na televisão, apostou na renovação do teatro de revista, com a companhia Adoque, interpretou, dirigiu atores e encenou. Somou mais de 50 anos de carreira, assumindo sempre, em entrevistas e declarações públicas, o seu lado contestatário, mas também, por vezes, a origem nobre, do lado paterno, que o ligava ao conde de Farrobo e barão de Quintela. Gostava de citar o poeta espanhol António Machado - "O caminho faz-se caminhando" -, como atestam diversas entrevistas.
É pai da também atriz Sofia Nicholson.
Mais de meio século de histórias entre o teatro e a televisãoFrancisco Nicholson escreveu "Vila Faia", a primeira telenovela portuguesa, deu forma a "Riso e ritmo", programa pioneiro de comédia, na televisão, apostou na renovação do teatro de revista, com a companhia Adoque, interpretou, dirigiu atores e encenou.
Somou mais de 50 anos de carreira, assumindo sempre, em entrevistas e declarações públicas, o seu lado contestatário, mas também, por vezes, a origem nobre, do lado paterno, que o ligava ao conde de Farrobo e barão de Quintela.
Gostava de citar o poeta espanhol António Machado - "O caminho faz-se caminhando" -, como atestam diversas entrevistas.
Carreira de Francisco Nicholson
Começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões, sob direção do encenador e poeta António Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade Portuguesa. A família contrariaria o percurso, pelo menos até à maioridade, o que o levou à Marinha Mercante - um período de três anos, que recordou publicamente várias vezes - e à formação de ator, no Conservatório Nacional, em Lisboa, por pouco tempo, e em Paris. Na capital francesa, frequentou a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire, privando com grandes nomes, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe. No regresso a Lisboa, seria de novo Couto Viana a marcar a sua estreia profissional, com a Companhia de Teatro Infantil O Gerifalto, da qual fizeram parte, igualmente, jovens atores como Rui Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar, Irene Cruz e Mário Pereira, entre outros. De acordo com a base de dados de teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi também com Couto Viana que Francisco Nicholson passou para a Companhia Nacional de Teatro, na qual fez "O Príncipe de Homburg", de Heinrich von Kleist, seguindo-se o trabalho nas companhias de Vasco Morgado e de Raul Solnado. Trabalhou assim nos teatros ABC, Monumental, Villaret, Variedades, em particular na comédia e na revista, como ator e encenador. Fundou o Adoque - Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, com atores como José Viana, Dora Leal, Henrique Viana, António Montez, o cenógrafo Mário Alberto, companhia "de esquerda", em contraponto com a via "conservadora" do Parque Mayer, que marcou o início de carreira de nomes como Helena Isabel, Virgílio Castelo ou Maria Vieira. "Gente nova em bikini", em 1963, marcou a sua estreia como autor de revista, com César de Oliveira e Rogério Bracinha, seguindo-se espetáculos como "É o fim da macacada", "P'rò menino e p'rà menina" ou "Tudo a nu"/"Tudo a nu com nova parra", que, no Parque Mayer, acompanhou a viragem para a democracia, com o 25 de Abril de 1974. Em 1964, criou o programa "Riso e ritmo", para a televisão, com Armando Cortês, constituindo uma parceria pioneira na comédia televisiva, numa sucessão de 'sketches', intercalados com números musicais. O sucesso levou-os a um programa especial de passagem de ano, que celebrizou a 'deixa': "Já é uma hora? Que grande banquete!". Mais tarde seguir-se-iam, entre outros, "O canto alegre" e "A feira", que protagonizou com a mulher, a atriz, bailarina e coreógrafa Magda Cardoso. Francisco Nicholson somou perto de 50 espetáculos, da sua autoria, quase sempre encenados e dirigidos por si, indo de peças para crianças, como "O cavaleiro sem medo" e "Boingue-boingue", às revistas "Pides na grelha" e "A CIA dos cardeais", que levou á cena no Adóque. Tem origem no teatro de revista, a canção "Oração", que venceu o festival RTP, em 1964. O género ocupá-lo-ia ao longo da carreira, com espetáculos em que participou, como "Piratada à portuguesa!", "Agarra, que é Honesto!" ou "A escuta que os pariu!", levados à cena nos últimos dez anos. Nicholson, no entanto, era também atento às dramaturgias emergentes. No Teatro Estúdio de Lisboa, companhia independente dirigida por Luzia Maria Martins, interpretou Fernando Luso Soares, ou britânicos John Osborne ou Arnold Wesker, dos chamados "young angry men", desafiando a censura. Foi o autor de "Vila Faia", a primavera telenovela portuguesa, a que se seguiram novelas e séries como "Origens", "Cinzas", "Os Lobos", "Ajuste de Contas", "Ganância", "O Olhar da Serpente", entre muitas outras. Em cinema, assinou os guiões dos filmes "Operação Dinamite" e "Bonança & C.ª", de Pedro Martins. Escreveu para o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa, onde se cruzou com Stau-Monteiro, e em A Bola, Diário Popular, A Capital, Jornal de Notícias, Norte Desportivo. É autor do romance "Os mortos não dão autógrafos", que tem um jornalista como personagem principal. Recebeu a "medalha de ouro de mérito cultural" da Câmara Municipal de Lisboa, foi distinguido pela autarquia de Oeiras e recebeu o prémio Beatriz Costa do teatro de Revista. "Deito-me a pensar que vivi mais um dia. Tenho a mulher de quem gosto ao meu lado, uma casa de que gosto, uma família de que gosto, tenho gatos e cães a mais de que não gosto, mas a Magda gosta... Tenho centenas de livros que comprei e nunca vou ler. É assim", disse numa entrevista à revista Tabu, do semanário Sol, em 2010.
A família contrariaria o percurso, pelo menos até à maioridade, o que o levou à Marinha Mercante - um período de três anos, que recordou publicamente várias vezes - e à formação de ator, no Conservatório Nacional, em Lisboa, por pouco tempo, e em Paris.
Na capital francesa, frequentou a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire, privando com grandes nomes, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe.
No regresso a Lisboa, seria de novo Couto Viana a marcar a sua estreia profissional, com a Companhia de Teatro Infantil O Gerifalto, da qual fizeram parte, igualmente, jovens atores como Rui Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar, Irene Cruz e Mário Pereira, entre outros.
De acordo com a base de dados de teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi também com Couto Viana que Francisco Nicholson passou para a Companhia Nacional de Teatro, na qual fez "O Príncipe de Homburg", de Heinrich von Kleist, seguindo-se o trabalho nas companhias de Vasco Morgado e de Raul Solnado.
Trabalhou assim nos teatros ABC, Monumental, Villaret, Variedades, em particular na comédia e na revista, como ator e encenador.
Fundou o Adoque - Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, com atores como José Viana, Dora Leal, Henrique Viana, António Montez, o cenógrafo Mário Alberto, companhia "de esquerda", em contraponto com a via "conservadora" do Parque Mayer, que marcou o início de carreira de nomes como Helena Isabel, Virgílio Castelo ou Maria Vieira.
"Gente nova em bikini", em 1963, marcou a sua estreia como autor de revista, com César de Oliveira e Rogério Bracinha, seguindo-se espetáculos como "É o fim da macacada", "P'rò menino e p'rà menina" ou "Tudo a nu"/"Tudo a nu com nova parra", que, no Parque Mayer, acompanhou a viragem para a democracia, com o 25 de Abril de 1974.
Em 1964, criou o programa "Riso e ritmo", para a televisão, com Armando Cortês, constituindo uma parceria pioneira na comédia televisiva, numa sucessão de 'sketches', intercalados com números musicais. O sucesso levou-os a um programa especial de passagem de ano, que celebrizou a 'deixa': "Já é uma hora? Que grande banquete!".
Mais tarde seguir-se-iam, entre outros, "O canto alegre" e "A feira", que protagonizou com a mulher, a atriz, bailarina e coreógrafa Magda Cardoso.
Francisco Nicholson somou perto de 50 espetáculos, da sua autoria, quase sempre encenados e dirigidos por si, indo de peças para crianças, como "O cavaleiro sem medo" e "Boingue-boingue", às revistas "Pides na grelha" e "A CIA dos cardeais", que levou á cena no Adóque.
Tem origem no teatro de revista, a canção "Oração", que venceu o festival RTP, em 1964. O género ocupá-lo-ia ao longo da carreira, com espetáculos em que participou, como "Piratada à portuguesa!", "Agarra, que é Honesto!" ou "A escuta que os pariu!", levados à cena nos últimos dez anos.
Nicholson, no entanto, era também atento às dramaturgias emergentes. No Teatro Estúdio de Lisboa, companhia independente dirigida por Luzia Maria Martins, interpretou Fernando Luso Soares, ou britânicos John Osborne ou Arnold Wesker, dos chamados "young angry men", desafiando a censura.
Foi o autor de "Vila Faia", a primavera telenovela portuguesa, a que se seguiram novelas e séries como "Origens", "Cinzas", "Os Lobos", "Ajuste de Contas", "Ganância", "O Olhar da Serpente", entre muitas outras.
Em cinema, assinou os guiões dos filmes "Operação Dinamite" e "Bonança & C.ª", de Pedro Martins.
Escreveu para o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa, onde se cruzou com Stau-Monteiro, e em A Bola, Diário Popular, A Capital, Jornal de Notícias, Norte Desportivo.
É autor do romance "Os mortos não dão autógrafos", que tem um jornalista como personagem principal.
Recebeu a "medalha de ouro de mérito cultural" da Câmara Municipal de Lisboa, foi distinguido pela autarquia de Oeiras e recebeu o prémio Beatriz Costa do teatro de Revista.
"Deito-me a pensar que vivi mais um dia. Tenho a mulher de quem gosto ao meu lado, uma casa de que gosto, uma família de que gosto, tenho gatos e cães a mais de que não gosto, mas a Magda gosta... Tenho centenas de livros que comprei e nunca vou ler. É assim", disse numa entrevista à revista Tabu, do semanário Sol, em 2010.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.