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"Benfica pratica um futebol eficaz e muito bonito”

Stefan Schwarz, antigo lateral esquerdo do Benfica, na década de 90, continua a viver em Portugal, na zona de Lisboa. O ex-internacional sueco vai a quase todos os jogos no Estádio da Luz e na actual equipa das águias destaca Maxi Pereira. De Fábio Coentrão diz ser um jogador de “topo mundial”.

14 de janeiro de 2012 às 00:00

Correio Sport – Continua a acompanhar o Benfica?

Schwarz – Claro que sim. Sempre. Vou assistir a quase todos os jogos no Estádio da Luz. O Benfica é o meu clube do coração, a minha equipa. E temos de apoiar a nossa equipa.

– O que pensa da equipa que Jorge Jesus formou para esta temporada?

– Está a jogar bem e tem bons jogadores. Prova disso é que o Benfica marca golos, ganha os jogos e está à frente do campeonato. E, mais importante, divertem o público.

– Que características destaca na forma de jogar da equipa?

– Pratica um futebol que é eficaz, mas que também é bonito e isso é essencial. É importante que os adeptos fiquem satisfeitos com o futebol da equipa quando vão ao estádio para continuarem a ir e a apoiar os jogadores. E este Benfica faz isso. Os jogos são muito agradáveis de ver.

– Jogava a médio, mas, principalmente, a lateral esquerdo. O Emerson é o titular da posição. Faz bem o lugar?

– Chegou há pouco tempo ao Benfica, está a adaptar-se ao clube, ao futebol da equipa e aos colegas e isso demora sempre algum tempo. Tem cumprido na posição, até agora. Não o podemos estar a comparar com o Fábio Coentrão, que é um jogador de topo mundial na posição. O Emerson vai adaptar-se com o tempo. Mas, no plantel actual do Benfica, o lateral de que eu gosto mesmo é o Maxi Pereira.

– Porquê?

– É um jogador daqueles que sabemos que podemos contar sempre com ele. Muito profissional. Faz os 90 minutos do jogo, sempre ao mesmo nível. Está constantemente a subir e a descer o corredor. Faz tudo bem, a defender e a atacar. Tem sempre o objectivo de vencer. É um grande jogador, um grande lateral.

– A equipa em que jogou, nos anos 90, também deixou boas recordações aos benfiquistas?

– Sim, tivemos grandes momentos. Grandes jogos. O 6-3 com o Sporting, em Alvalade.A vitória sobre o Arsenal, em Londres, por 3-1, no prolongamento. O empate 4-4 com o Bayer Leverkusen, na Alemanha… Grandes recordações desses tempos.

– Isaías, Iuran, Kulkov, Rui Costa, João Pinto, Mozer e outros jogadores destacavam--se nessa formação. Comparando essa equipa do Benfica com a actual, qual a melhor?

– Essas coisas não se podem comparar. Na altura, o Benfica era uma das equipas de topo da Europa. Jogávamos com o Milan, com o Barcelona, com o Arsenal, enfrentávamos os grandes clubes europeus. Acho que estávamos no top seis das equipas europeias dessa altura. O que temos sempre de fazer é de apoiar a nossa equipa. Agora temos esta formação, com grandes jogadores. Que está a ganhar os jogos. A jogar bem. Temos de apoiar esta equipa. Encher o estádio todos os encontros e dar--lhes força para vencerem todas as partidas.

– Na sua altura como jogador, o Benfica tinha mais atletas do norte da Europa e mesmo da Suécia, caso de Jonas Thern. E já tinha tido outros. Hoje em dia, o Benfica não aposta nesse mercado. Devia apostar?

– Não sei… Não sei se há muitos jogadores na Suécia que pudessem interessar ao Benfica. Não há muitos jogadores de topo suecos actualmente… E também depende do estilo de futebol que se quer praticar.

– Podiam não se adaptar ao futebol actual do Benfica, mais sul-americano?

– Se calhar até se adaptariam... Mas, hoje em dia, há muita atenção sobre os jogadores jovens de todo o Mundo e também na Suécia. Os melhores jovens suecos saem muito cedo, para outros campeonatos, de nível médio, antes de evoluírem totalmente como jogadores. E não sei se isso é positivo para as carreiras deles a longo prazo. Muitas vezes, esses jovens acabam por se perder no meio desses campeonatos de nível médio, não ganham visibilidade e não evoluem.

– A nível de selecções, também apoia a portuguesa ou aí a Suécia está primeiro?

– Apoio a selecção portuguesa, excepto quando joga contra a Suécia [risos]. A Suécia é o país onde nasci, vou apoiar sempre a selecção. Mas logo a seguir está Portugal.

– A selecção portuguesa tem hipóteses de conquistar o Campeonato da Europa, que vai decorrer entre 8 de Junho e 1 de Julho, na Polónia e na Ucrânia?

– É difícil. Portugal tem muito bons jogadores, com muita técnica, que podem fazer a diferença, podem decidir um jogo numa jogada. Cristiano Ronaldo, claro, ou o Nani e outros. Tem jogadores para ganhar o Campeonato Europeu. Mas na prova há muito boas equipas candidatas à vitória. Alemanha, Espanha, Itália e outras. Não é fácil ganhar uma competição dessas. Uma coisa é certa, essas grandes equipas, se puderem escolher, não querem jogar contra Portugal.

– Porque escolheu viver em Portugal depois de deixar o futebol?

– Além do clima, que é fantástico, os portugueses tratam muito bem as pessoas. São muito simpáticos e acolhedores. Portugal é, de facto, um país muito agradável para se viver.

– É também por isso que decidiu apadrinhar um torneio de futebol que vai decorrer no Algarve, entre 28 de Janeiro e 1 de Fevereiro?

– Sim. É por isso mesmo. O clima é fantástico para as equipas de outros países que têm os campeonatos parados, nesta altura. Nesses países, está a chover ou mesmo a nevar. Aqui estão 12 ou 14 graus de temperatura e, normalmente, está um sol maravilhoso. O Estádio do Algarve é muito bom e tem excelentes condições. Há hotéis excelentes e locais para se realizarem estágios de qualidade. Por isso, faz todo o sentido aproveitar as condições para se fazer um torneio de futebol, com as boas equipas europeias que vêm estagiar ao Algarve nesta altura.

– É o segundo ano que dá a cara pela Atlantic Cup...

– Depois do sucesso desportivo do ano passado, achámos que fazia sentido continuar com esta aposta. Como disse, aproveitando as boas equipas internacionais que estão a estagiar no Algarve, conseguimos fazer um torneio de qualidade. Dois clubes participantes venceram os respectivos campeonatos, um ainda está a participar na Liga Europa e são todas equipas de topo nos campeonatos dos seus países. Este ano, para conseguir atrair os mais jovens, as entradas são gratuitas até aos 16 anos.

– Vive no Algarve?

– Não, vivo n a zona de Lisboa, mas gosto muito do Algarve. O clima aqui ainda é melhor do que no resto do País.

PERFIL

Hans-Jürgen Stefan SCHWARZ, filho de pai alemão e mãe sueca, nasceu a 18 de Abril de 1969 (42 anos), em Malmö, Suécia. Lateral esquerdo (também jogava a médio) com raça, começou a carreira no Malmö, em 1987, mudou-se depois para o Bayer Leverkusen, da Liga alemã, onde o Benfica o foi buscar em 1991. Esteve na Luz até 1994, onde ganhou três campeonatos. Alinhou ainda no Arsenal, Fiorentina e Valência, antes de terminar a carreira no Sunderland. Actualmente é empresário de jogadores.

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