A presença de Carolina Salgado, companheira de Pinto da Costa, nas bancadas do Estádio da Luz durante o Benfica-FC Porto, acabou por estar no epicentro de uma polémica que teve prolongamento verbal no final do jogo, com troca azeda de palavras entre dirigentes dos dois clubes.
Mas teve outro efeito, devido à exposição mediática que provocou: permitiu ‘redescobrir’ a figura do guarda Abel, célebre personagem que ganhou fama há cerca de 13/14 anos, quando alegadamente chefiava um corpo de segurança do FC Porto, que acompanhava a equipa de futebol por todo o País. E que ganhou fama devido a episódios de intimidações e agressões relatados, e denunciados, nos jornais de então.
De cabelo rapado e com um visual diferente daquele com que ficou célebre à época, o guarda Abel posicionou-se, durante o jogo, ao lado de Carolina Salgado, como comprovam as muitas fotografias tiradas à companheira de Pinto da Costa, e que ontem abundantemente ilustravam as páginas da generalidade dos jornais. Na viagem até Lisboa e na deslocação, a pé, desde Alvalade – local de concentração da claque portista – até à Luz, ambos estiveram sempre muito próximos. Após alguns anos de apagamento, pelo menos mediático, o guarda Abel parece estar de volta.
Segundo informação prestada ao CM pela Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública, Abel Gomes já não pertence ao quadro activo da Polícia. Entrou há 26 anos para aquela força de ordem pública e desde sempre se evidenciou pela forma fervorosa como apoiava o FC Porto.
Certo dia, numa deslocação ao Restelo, um grupo de elementos fez-se notar, por gestos e atitudes pouco comuns a acompanhantes de uma equipa de futebol. Possuíam cartões de livre trânsito emitidos pela FPF, que lhes franqueavam o acesso a zonas restritas dos estádios. Há quem garanta ter visto armas. Há até quem jure que eles próprios faziam questão de as exibir.
O guarda Abel era uma desses elementos, o que obrigou a PSP agir disciplinarmente. Abel Gomes acabaria por ser mais tarde colocado na Divisão de Trânsito, em funções de secretaria. Até entrar de baixa prolongada manteve essas funções. Há cerca de um mês passou à situação de pré-aposentação, ainda de acordo com informação prestada por fonte da Direcção Nacional da PSP.
AMEAÇAS DE MORTE
O mais célebre episódio com o guarda Abel por protagonista aconteceu em vésperas de uma célebre deslocação do Benfica às Antas, num jogo que decidia o campeonato. João Santos era presidente das ‘águias’ e recebeu publicamente ameaças de morte, quando se encontrava na sede do Salgueiros, no Porto, na cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais.
O Benfica ganhou o jogo (e o campeonato) com dois golos de César Brito, e no final do encontro os dirigentes encarnados denunciaram o clima de terror imposto, culminado com insultos e agressões. João Santos não esteve presente e o então ‘vice’ Jorge de Brito abandou as Antas escondido numa carrinha Ford Transit. Foi o auge da ‘intervenção pública’ do guarda Abel. Aos poucos as sua presença foi sendo cada vez mais discreta. Actualmente, segundo o CM apurou, Abel Gomes é treinador e dirigente dos ‘Passarinhos da Ribeira’, popular clube da cidade do Porto.
JOÃO SANTOS: MOSTRAVAM METRALHADORAS...
João Santos, antigo presidente do Benfica, relembra o episódio das ameaças de morte perpetradas pelo guarda Abel. “Estava em representação do clube na cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais do Salgueiros. Logo no início do acto, entra na sala um indivídio, o guarda Abel, que começa a injuriar-me. ameaçando-me de morte.
Acho que o fez porque nós denunciávamos frequentemente algumas práticas menos claras que ele e o seu grupo cometiam. Ele estava nitidamente embriagado, ou pelo menos actuava como tal. Lá o convenceram a sair da sala, mas fê-lo a custo e sempre a ameaçar-me de morte”.
João Santos garante ainda que nas deslocações a Lisboa, o grupo do guarda Abel “mostrava as metralhadoras que escondia debaixo das gabardinas, para intimidar. Segundo sei, eram armas da polícia, requisitadas à sexta-feira, antes dos jogos, e devolvidas na segunda-feira. Infelizmente, o processo sobre este caso não teve seguimento, pois o ministro da tutela de então parece que o guardou na gaveta. Razões políticas...”
GASPAR RAMOS: FOTÓGRAFO SEM MÁQUINA
O antigo chefe do futebol evoca o célebre FC Porto--Benfica de 91. “Houve um repórter fotográfico que fotografou a nossa equipa a vestir-se num corredor, porque puseram um produto tóxico no balneário. Quando de lá saiu, foi agredido e roubaram-lhe a máquina. Mas nós tinhamos-lhe pedido o rolo e por isso houve fotos do sucedido no dia seguinte”.
HERNÂNI GONÇALVES: O BALNEÁRIO É UM SANTUÁRIO
“O guarda Abel é um polícia muito competente e um portista ferrenho, do qual tenho o prazer de ser amigo. Há uns anos, em Alvalade, houve um diferendo entre o Branco e um jogador do Sporting. A polícia quis entrar no balneário e ele disse-lhes: “Alto que aqui ninguém entra. Isto é um santuário fora da autoridade policial”. E eles não entraram”.
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