Dragão perde e bate no fundo
Distância para o Benfica já vai em doze pontos.
O FC Porto bateu no fundo." A declaração é de Pinto da Costa. Mas ontem ganhou novo significado com outra derrota dos dragões, desta feita com o P. Ferreira (1-0), a segunda consecutiva após o desaire com o Tondela na jornada anterior.
O líder portista pretendia enviar uma mensagem ao plantel no início da semana, o que não esperava certamente é que o fundo a que se referia é bem mais fundo do que pensava.
E foi com um conjunto de jogadores, longe de ser uma equipa, que o FC Porto entrou em campo. Muita vontade e pouco caráter. Um conjunto órfão de criatividade.
Peseiro tentou um golpe de asa. Encostou definitivamente Aboubakar e pôs Brahimi no banco, dando o seu lugar a Varela. Suk é esforçado, mas não é um finalizador. E Varela nem se compara com o argelino.
Com um futebol desgarrado, os dragões jogaram sobre brasas. Grandes dificuldades em ultrapassar a defesa pacense, em que Defendi chegou para os gastos, com um punhado de boas defesas. Perante as dificuldades, o FC Porto exagerou nos remates de longa distância, quase sempre fora do alvo.
O P. Ferreira acreditava e foi para o intervalo motivado. Peseiro emendou a mão e colocou Brahimi (saiu o mexicano Corona, que estava com febre) e o conjunto de Peseiro ganhou velocidade. Aumentaram os desequilíbrios e os cruzamentos para Suk, com o sul-coreano a obrigar Defendi a aplicar-se a fundo. Os dragões queixam-se com razão de uma falta para penálti de Fábio Cardoso sobre Suk, mas isso não justifica a derrota.
Desorientados, os dragões acabaram por sofrer o golo, num remate de Diogo Jota (80’), após mau alívio de Layún aproveitado por Edson Farias e Bruno Santos. Uma derrota que faz adivinhar uma verdadeira revolução no plantel – e treinador – no próximo ano.
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Análise dos jogadores: capitão Herrera mostrou caráter
Herrera - O capitão é o único a revelar caráter. É aguerrido, lutador e tenta liderar o grupo pelo exemplo, mas não tem seguidores. Defende, ataca e cruza para os companheiros.
Casillas – Intranquilo e desesperado com a defesa no lance do golo.
Maxi – Muito esforçado a defender e a atacar. Cruza para Suk desperdiçar o golo do empate nos descontos.
Chidozie – Irregular. Um atraso complicado para Casillas. Devia ter visto o cartão vermelho por duplo amarelo.
Martins Indi – Forte no jogo aéreo. No golo, a bola bate nele antes de entrar na baliza.
Layún – O rei das assistências desaprendeu. Mau alívio no lance que dá origem ao golo pacense.
Danilo Pereira – Esforçado, mas longe da forma que já evidenciou.
Sérgio Oliveira – Abusou nos remates de longa distância. Sem êxito.
Corona – Peseiro disse que estava com febre, mas não se notou no campo. Bem melhor do que Varela.
Varela – Foi a novidade na equipa, mas não justificou ter deixado Brahimi no banco.
Suk – O sul-coreano desperdiçou muito. Teve três oportunidades e permitiu sempre a defesa de Defendi.
Brahimi – Trouxe dinâmica, velocidade e perigo. Mostrou a Peseiro que errou ao deixá-lo no banco de início.
André Silva – Agitou. Cabeceamento que acaba na trave após defesa de Defendi.
José Ángel – Substituiu Layún e cruzou para Suk desperdiçar nova oportunidade.
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Análise do jogo
Positivo - Defendi e Diogo Jota
O guardião Defendi esteve intransponível, dando a confiança à equipa. Já o jovem Diogo Jota, de 19 anos, mostrou talento e eficácia: uma oportunidade, um golo.
Negativo - José Peseiro
Não conseguiu motivar os jogadores após a derrota com o Tondela. Este dragão limita-se a ser um conjunto de jogadores, longe, muito longe, de ser considerado uma equipa.
Arbitragem - Penálti e cartão vermelho
Um minuto negro para o árbitro Fábio Veríssimo. Primeiro não assinalou uma grande penalidade de Fábio Cardoso sobre Suk e, segundos depois, perdoou a expulsão de Chidozie por acumulação de amarelos.
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