Fundado em abril de 1991, o F91 Dudelange obteve o 16.º título em pouco mais de três décadas de existência.
O treinador Carlos Fangueiro conduziu no domingo o Dudelange ao título de campeão luxemburguês de futebol três épocas depois, admitindo ter sido a "cereja no topo do bolo" face à reestruturação processada no clube.
"Tivemos menos problemas esta época. A equipa não foi muito reforçada, mas foi bem reforçada. Os jogadores que chegaram trouxeram qualidade, entraram num grupo que já era muito unido e coeso e tornaram-nos mais fortes. Sinto um orgulho tremendo, pois há dois anos iniciámos uma grande renovação", frisou à agência Lusa o ex-avançado, de 45 anos, que se tornou o primeiro técnico português a sagrar-se campeão no Grão-Ducado.
Fundado em abril de 1991, o F91 Dudelange obteve o 16.º título em pouco mais de três décadas de existência, com 67 pontos, cinco acima do Differdange, segundo, e do Fola Esch, anterior detentor do troféu, que fechou o pódio, consolidando-se como o segundo clube mais laureado em 107 edições da prova, atrás dos 28 cetros do Jeunesse Esch.
"Tínhamos, se calhar, a pessoa mais rica do país [o investidor Flavio Becca], que partiu para o Swift Hesperange [quarto classificado]. Levou todos os titulares e ficámos sem poder financeiro. Houve uma nova organização, restruturámo-nos e tivemos de ir buscar jogadores com contratos muito baratinhos e irrisórios para a nossa realidade", lembrou.
Se o êxito surgiu à segunda época em Dudelange, Carlos Fangueiro até perdeu por dois pontos o campeonato de 2020/21, afetado por "alguns percalços", como um surto de 24 casos de infeção por covid-19, que "fez com que não fosse possível um ou outro triunfo".
"Todos diziam que íamos ser o novo Grevenmacher, que jogava competições europeias, foi várias vezes campeão do Luxemburgo e agora está a disputar a terceira ou quarta divisão. Toda a gente dizia que deveríamos ter esse mesmo destino, mas contrariámo-lo com muito esforço e dedicação. Fomos organizados e exigentes, conseguimos manter o espírito de grupo de um ano para o outro e acho que todos estão valorizados", analisou.
No horizonte do treinador natural de Matosinhos surge a possibilidade de lograr a oitava 'dobradinha' da história do Dudelange, que depende de uma vitória na sexta-feira ante o Racing Union, na final da Taça do Luxemburgo, prova que já venceu por oito ocasiões.
"Esse trajeto também foi difícil, pois tivemos de jogar sempre contra os adversários mais fortes presentes no sorteio. O Racing apostou muito forte este ano para ser campeão [foi sétimo na Liga], mas já eliminámos o Progrès Niederkorn [2-0, nos quartos de final], que também fez essa aposta, e o Fola Esch [5-4, nas 'meias'], com um jogo de malucos. É inteiramente merecida esta qualificação para a final da Taça do Luxemburgo", observou.
Carlos Fangueiro distingue esta época "mega competitiva", com "oito clubes que queriam ser campeões", das 'dobradinhas' do Dudelange (2005/06, 2006/07, 2008/09, 2011/12, 2015/16, 2016/17 e 2018/19), festejadas quando "era o clube mais rico do Luxemburgo".
"Estranhamente, o clube chegava a ter um plantel com 40 jogadores profissionais, o que acaba por ser um exagero. Não faltava nada e havia uma escolha tremenda, mas isso já não existe. Agora, o que quero valorizar é que será histórico se eventualmente fizermos uma 'dobradinha' nesta altura marcada por reestruturação e défice financeiro", exaltou.
Com experiências anteriores ao serviço de Atert Bissen (2012-2016), no qual foi jogador-treinador, e Titus Pétange (2016-2020), que também o promoveu a diretor desportivo, renovou com o Dudelange até 2024 na semana prévia a um título com "sabor especial".
"Sentia que houve sempre uma grande vontade do presidente e de todo o Conselho de Administração de continuar comigo ao leme deste navio grande. Infelizmente, não havia condições financeiras para garantir o pagamento dos salários a jogadores e 'staff' até ao final da época. Só que, a quatro rondas do fim, fizemos provavelmente o melhor jogo da época ante o Hesperange, ganhámos 1-0 e ficámos com vantagem confortável no topo. Os patrocinadores bateram à porta e alguns chegaram a acordo com o clube", partilhou.
Essa margem financeira permitirá manter em 2022/23 a base do Dudelange, dos atletas lusos Jocelino Silva, Jocelino dos Santos, Mohcine Hassan e Francisco Ninte, para além de Carlos Fangueiro, acompanhado no Grão-Ducado pela mulher e pelos quatro filhos.
"Voltar a Portugal? É um desejo muito grande e um sonho enorme. Há não muito tempo, houve uma possibilidade de poder ir já, mas não era o momento. Alguns dos meus filhos vão estudar para Portugal no próximo ano e, se voltar a existir um convite, pensarei de forma diferente. Agora, sei que irei conseguir chegar a Portugal e ter um bom projeto", afiançou o ex-extremo de Vitória de Guimarães, Gil Vicente e União de Leiria na I Liga.
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