page view

China: de onde vêm os milhões?

Dinheiro vem dos negócios da segunda maior economia do mundo. Todos os clubes estão bem amparados

12 de março de 2017 às 09:29

A China despertou para o desporto do pontapé na bola. E o mundo estremeceu. Com a liga do gigante asiático em marcha desde o anterior fim de semana, vai começar agora a falar-se finalmente de futebol. Porque, até aqui, apenas se falou de milhões. Milhões, milhões e mais milhões.

No anterior defeso, as equipas que formam a Super League bateram o recorde de verbas gastas na contratação de jogadores e técnicos. Quase 400 milhões de euros. Para sermos exatos, foram 388 milhões. Não se gastou mais porque os responsáveis locais decidiram fazer restrições à contratação e utilização de jogadores estrangeiros. Se tal não tivesse acontecido, seria difícil prever até onde poderia chegar a febre.

Mas de onde vêm tantos milhões? Como ficaram ricos os clubes chineses, de repente? Não foi com receitas de vendas de craques. Tão pouco com receitas vertiginosas de assistências ou de vendas de direitos de TV. Muito menos com ganhos de merchandising por esse mundo fora.

A galinha dos ovos de ouro do futebol chinês é a economia emergente do país. Que já é a segunda maior economia do mundo. Muitas das grandes empresas locais olham para o futebol como um veículo de promoção das suas marcas e dos seus nomes no exterior e adotaram clube de futebol.

Compraram-nos e deram-lhes os próprios nomes. Por detrás dos milhões do futebol chinês estão empresas de imobiliário (o verdadeiro negócio da China dos tempos modernos). Construção civil. Comércio eletrónico. Tecnologia. Petróleos e outros combustíveis. O futebol, na folha de custos desses gigantes, é uma alínea menor. Uma pequena distração.

Os grandes investidores do futebol na china, clube a clube:

Guangzhou Evergrande

Treinador: Luiz Felipe Scolari

Donos: Cerca de 60 por cento do clube pertenceu ao Evergrande Estate Group, gigante imobiliário da China. Os restantes 40% pertencem ao Alibaba Group, uma das maiores empresas mundiais de comércio eletrónico.

Melhor classificação: 1º (2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016)

Jiangsu Suning

Treinador: Yong-soo Choi

Dono: Clube é detido na totalidade pelo Suning Holdings Group, a segunda maior sociedade gestora de participações sociais da China na área dos produtos eletrónicos. Esta sociedade ganhou fama no ocidente quando comprou, em junho de 2016, o Inter de Milão, de Itália.

Melhor classificação: 2º (2012 e 2016)

Shanghai SIPG

Treinador: André Villas-Boas

Dono: O clube da equipa treinada pelo português André Vilas-Boas é propriedade do Shanghai International Port Group, ou apenas SIPG. Trata-se do maior operador de todos os terminais portuários de Xangai, local por onde passa boa parte das exportações do país.

Melhor classificação: 2º (2015)

Shanghai Greenland

Treinador: Gus Poyet

Dono: Com capital disperso por várias entidades, o Shanghai Greenland (ou Shanghai Shenhua) tem como acionista principal (28,5%) o Greenland Group, uma das maiores empresas mundiais nas áreas do imobiliário e contrução.

Melhor classificação: 2º (2005, 2006 e 2008)

Beijing Guoan

Treinador: alberto Zaccheroni

Dono: Antes conhecido por China International Trust Investment Corporation, o CITIC Group é uma companhia de investimentos com áreas de interesse em vários pontos do globo. Negócios principais têm a ver com as áreas financeira, tecnológica e científica.

Melhor classificação: 1º (2009)

Guangzhou R&F

Treinador: Dragan Stojkovic

Dono: Clube é propriedade do da R&F Properties, empresa fundada em 1994 com área de intervenção no mercado imobiliário. Neste setor integra domínios como a arquitetura, desenvolvimento, engenharia, vendas e gestão. Faz ainda intermediação imobiliária.

Melhor classificação: 3º (2014)

Hebei China Fortune

Treinador: Manuel pellegrini

Dono: A empresa China Fortune Land Development move-se no ramo da construção civil. Empresa é controlada pelo magnata Wang Wenxue (fortuna estimada em 3,9 mil milhões de euros) e tem como foco de atuação a construção de parques empresariais.

Melhor classificação: 7º (2016)

Yanbian fc

Treinador: Tae-HA park

Dono: Clube pertence à empresa de capitais públicos indónesia Pertamina. Trata-se de uma companhia que opera no mercado dos petróleos, gás natural e petroquímica. Em 2013, a Pertamina figurava no 122º lugar das empresas mundiais com maiores receitas.

Melhor classificação: 9º (2016)

Chongqing Lifan

Treinador: Woe-ryong chang

Dono: Clube pertente à Lifan Industry, um dos mais poderosos construtores de veículos automóveis da Ásia. Empresa foi fundada em 1992, com um staff de nove pessoas, e reparava motores de motociclos. Em 2014 faturou 1,2 mil milhões de euros.

Melhor classificação: 12º (2004)

Liaoning Hongyun

Treinador: Ma Lin

Donos: Tem dois acionistas. Um é a Universidade de Tecnologia de Desporto de Liaoning, que tem um famoso instituto de pesquisa. O outro é um braço do Hongyun Group, empresa de equipamentos de extração de minerais e petróleo.

Melhor classificação: 3º (2011)

Tianjin Teda

Treinador: Jaime Pacheco

Dono: A equipa treinada pelo técnico Jaime Pacheco, que levou o Boavista ao título português em 2001, é propriedade da Teda Holding, um conglomerado com interesses nas áreas do imobiliário, construção pesada e obras públicas. Empresa tem capitais públicos.

Melhor classificação: 2º (2010)

Changchun Yatai

Treinador: Jang-soo-lee

Dono: Mais uma equipa detida por uma sociedade gestora de participações sociais. O Yatai Group opera em diversos ramos de atividade, sendo os principais a indústria cimenteira, imobiliário e seguros. Tem ainda interesses em minas de carvão e indústria farmacêutica.

Melhor classificação: 1º (2007)

Henan Jianye

Treinador: Xiuquan Jia

Dono: Clube é detido integralmente pelo Jianye Residential Group Luoyang Real Estate Company, companhia que opera no ramo imobiliário e de construção. Empresa de média dimensão no mercado chinês, mas com ligações a grandes grupos.

Melhor classificação: 3º (2009)

Shandong Luneng

Treinador: Mano menezes

Dono: A empresa que dá nome ao clube, Shandong Luneng Group, opera em diversos setores. O principal é a produção de energia elétrica. Mas os interesses alargam-se a outras áreas, como o imobiliário e a construção civil.

Melhor classificação: 1º (2006, 2008, e 2010)

Tianjin Quanjian

Treinador: Fabio Cannavaro

Dono: O campeão da II Liga chinesa na época passada é propriedade da empresa Quanjian Natural Medicine desde 2015. O negócio são as ervas medicinais, mercado gigantesco na China. Esta companhia detém ainda 80 por cento da equipa de futebol feminino Dalian Quanjian.

Melhor classificação: Estreante

Guizhou Zhicheng

Treinador: LI BING

Donos: Tem vários investidores. Os dois maiores são as empresas Guizhou Hengfeng Albert Real Estate Development (imobiliária) e a Guizhou Zhicheng Enterprise Group Investments, holding com interesses em áreas de negócio muito diversificadas.

Melhor classificação: Estreante

Saiba mais...

2004

Ano da criação da Super Liga chinesa. Tinha então 12 equipas. Agora são 16.

Cristiano Ronaldo

Jorge Mendes, agente de CR7, revelou em dezembro uma oferta de 300 milhões de um clube chinês pelo passe do jogador. E salário de 100 milhões/ano.

Hebei Fortune

No último defeso, o Hebei Fortune foi o clube mais gastador: 77 milhões em contratações.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8