Portuense era um craque no violino (arrancou um 20 no Conservatório Nacional) e sonhou tornar-se ator.
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Nicha Cabral, primeiro piloto português de Fórmula 1, morreu na madrugada de ontem, no Hospital de São José, em Lisboa, vítima de cancro. Mário de Araújo Cabral, assim se chamava o filho de uma família abastada e ligada ao setor têxtil, nascera há 86 anos (15 de janeiro de 1934) em Cedofeita, freguesia do Porto.
O homem que no final da década de 50 agarrou num volante de um Cooper-Maserati, em Monsanto, para disputar pela primeira vez uma corrida de Fórmula 1, teve uma passagem pela disciplina tão rápida como o bólide que conduzia – alinhou em quatro provas, a partir de 1959. A carreira, com passagem por outras variantes, não era carreira se, em 1965, em Rouen, França, não tivesse visto a morte à frente num GP de Fórmula 2. Passou meio ano numa cama do hospital, com quase duas dezenas de fraturas.
O amigo de Paul Newman, que esteve na grelha de partida para se tornar ginasta de elite (uma lesão no pé afastou-o dos Jogos Olímpicos de Helsínquia, em 1952), era um predestinado para o violino – arrancou um 20 no velho Conservatório Nacional –, tinha outras paixões, nomeadamente a arte, chegando a ser coproprietário de uma galeria e de um antiquário de primeira linha. Colaborou na dinamização da Escola de Fórmula Ford, no Estoril, por onde passaram Manuel Gião, Pedro Matos Chaves ou Pedro Lamy. Os dois últimos e, mais tarde, Tiago Monteiro acabaram por formar, com Nicha Cabral, o quarteto de pilotos portugueses que inscreveram os seus nomes na Fórmula 1.
Com uma vida intensa, o portuense, que ainda sonhou ser ator, aos 75 anos, com a frontalidade própria da gente desassombrada, assumiu que era, então, "muito mais homossexual do que quando tinha 20 anos". Onze anos depois, Nicha já não poderá falar das escolhas que foi fazendo, não contará histórias e, por causa da maldita pandemia de Covid-19, que tantas restrições coloca, não terá tantos amigos, como, se calhar, imaginaria, na sua última corrida. O automobilismo vê o seu ícone partir, mas, contidamente, não deixará de recordar o piloto, o ‘bon-vivant’ e o homem a quem chegaram a pedir autógrafos, em Paris, por o confundirem com Marlon Brando.
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