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ÁFRICA NOSSA

Nem tudo o que luz é ouro. Mas a vitória de Naide Gomes em Budapeste faz sonhar com um grande salto em Atenas. Este Verão será mais quente se também Nuno Delgado, Francis Obikwelu, Nelson Évora ou Mário Aníbal trouxerem para Portugal uma medalha. A selecção tem mais encanto com a magia africana.

21 de março de 2004 às 00:00

É uma manhã solarenga de terça-feira. As bancadas do Estádio 1.º de Maio estão despidas de gente. O silêncio é cortado pela respiração ofegante e pelos risos dos quatro atletas que correm na pista de tartan. Entre eles, encontra-se Naide Gomes, que faz exercícios de aquecimento, sob o olhar atento do treinador Abreu Matos.

A calma no recinto do INATEL contrasta com o ambiente apoteótico do aeroporto de Lisboa há uma semana atrás. O manto de flores e abraços na Portela, os beijos calorosos da mãe Ermesinda e da irmã Ludmila, a maratona de entrevistas com a comunicação social parece pretérito perfeito. Naide não esquecerá tão facilmente os dias mais agitados da sua carreira: “Nas noites seguintes à vitória no Mundial de Budapeste não conseguia dormir”, confessa. “Curiosamente, o maior apoio veio de São Tomé. Tive vários telefonemas de pessoas da minha terra-natal. Por cá as pessoas dão mais atenção ao futebol.”

Ezenaide Rosário da Vera Cruz Gomes é a mais jovem estrela do atletismo português. Aos 24 anos encabeça o lote de luxo de atletas nascidos no continente africano que venceram com as cores da bandeira portuguesa. A dividir o pódio com a extrovertida são-tomense, encontram-se o ‘sprinter’ Francis Obikwelu ou o judoca Nuno Delgado. Mas também o homem do decatlo, Mário Aníbal, e o especialista do triplo salto, Nelson Évora. Embora nem todos já estejam qualificados para os Jogos Olímpicos, de todos se aguarda boas prestações, e há mesmo quem ouse sonhar com medalhas, em Atenas ou noutra prova importante – embora esta seja ainda palavra tabu entre dirigentes, atletas e treinadores portugueses.

Nuno Delgado foi até agora o único atleta naturalizado a conseguir uma medalha para Portugal. Aconteceu em Sidney, em 2000, quando judoca arrebatou o bronze na categoria de -81 quilos. Este ano, na Grécia, o feito pode ser ainda maior, com Naide Gomes em boa posição para subir ao pódio. “Só espero dar tudo o que tenho para conseguir um bom resultado nos próximos Jogos Olímpicos”, frisa a desportista que sonhava ser futebolista quando era menina.

ORGULHO OU PRECONCEITO?

Ainda Naide Gomes não tinha arrumado a medalha de campeã mundial no 'hall' de entrada da sua casa e já havia quem lhe apontasse o dedo por ela apenas se ter naturalizado portuguesa em 2001.“Dizer que Naide não é verdadeiramente portuguesa é uma ofensa à atleta e ao Estado português”, dispara Fernando Mota, presidente da Federação de Atletismo. “Se ela é filha de mãe portuguesa e se tornou atleta em Portugal, qual o problema? Se a naturalização demorou demasiado tempo isso apenas se deve à burocracia.”

A questão cheira a mofo. Aquele dirigente recorda--se de uma polémica semelhante em torno de Francis Obikwelu, que também caiu em saco roto. O começo da novela aconteceu em 1994, quando o nigeriano chegou a Lisboa para o Campeonato do Mundo de juniores e recusou-se a regressar ao seu país de origem. Nos anos seguintes, revelou vontade de se tornar cidadão português. “Só se naturalizou em Junho de 2002”, lembra Fernando Mota.

Entretanto, Obikwelu bateu os recordes nacionais dos 100 e 200 metros e é considerado o melhor 'sprinter' de Portugal. Hoje encontra-se perfeitamente integrado na nossa sociedade. Fernando Mota lembra que a decisão de se naturalizarem só cabe aos atletas. “A Federação nunca pressionou ninguém. Mas recebe de braços abertos os novos valores.” Abreu Matos, treinador de Naide Gomes, acha estranho que se as pessoas apenas se recordem das origens dos atletas quando algum deles tem sucesso. “Isso revela uma dimensão mesquinha e invejosa da parte do nosso povo.”

O treinador dá como exemplo oposto o de países como a França, Bélgica ou Rússia, em que os processos de naturalização são menos burocráticos e até duvidosos. “Questiono-me quantos meses tiveram de viver em França alguns dos magrebinos que pertencem à selecção. Terão eles laços sólidos com a nação gaulesa?” Este aparente oportunismo desportivo não tira o sono ao povo francês, que rejubila com as medalhas sem olhar a raças. Isso tem sido evidente durante a marcha vitoriosa da selecção de futebol, onde as principais estrelas têm origem argelina e marroquina.

“Tudo isto é estranho, porque nunca oiço falar dos brasileiros no voleibol e futebol, nos ucranianos no andebol ou nos americanos no basquetebol”, remata o dirigente português.

SEGREDOS DE ÁFRICA

Que magia têm, afinal, os atletas africanos para serem tão pretendidos pelas principais potências ocidentais? Moniz Pereira, ex-treinador e dirigente do Sporting é peremptório: “Eles são imbatíveis na velocidade.” Não será necessário recorrer a estatísticas para verificar que nos últimos anos são os quenianos, nigerianos ou etíopes quem dominam as provas de atletismo a nível mundial. “Esta aparente superioridade pode ter razões sociológicas, geográficas e até fisiológicas”, explica Abreu Matos.

As fibras musculares adequadas a esforços de curta duração e alta intensidade, o maior espírito de sacrifício e o treino em grandes altitudes fazem deles verdadeiras máquinas em cima do tartan. Além disso, como o atletismo é o desporto-rei nessas nações, os mais novos tendem a imitar os seus ídolos. “As corridas de grande distância são a única forma de terem prestígio e saírem da pobreza.”

Henrique Jones tem uma opinião idêntica. Para o médico da Federação Portuguesa de Futebol, existe em África um potencial enorme, explorado nos últimos anos pelos treinadores europeus e norte-americanos, que se aperceberam das características fisiológicas dos velocistas e fundistas negros. “Cada atleta tem a sua própria genética, mas de um ponto de vista geral existe nos negros uma quantidade de fibras musculares rápidas superior ao normal, daí a sua utilização em provas de velocidade.”

Se nas distâncias curtas essas fibras são fundamentais, nas longas, como a maratona ou os 10 mil metros o segredo do sucesso está noutros factores: “A alimentação simples, mas rica em hidratos de carbono é uma mais-valia, a que se junta o facto de as condições de treino não requererem técnicas muito elaboradas ou recurso a material de treino avançado. Basta correr”, acrescenta o médico, para quem a miscelânea cultural existente hoje pode ajudar qualquer raça. O Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Fernando Mota, manda às urtigas a teoria do ‘Bom Selvagem’: “Dizia-se que os negros não tinham apetência para jogar ténis, serem bailarinos ou nadadores. Isso veio a revelar-se falso.” Para o dirigente, desde que bem treinado, qualquer jovem de raça diferente pode ser excepcional. Talvez seja por isso que prefira não individualizar nenhum dos seus ‘meninos’ com bilhete de ida-e-volta para Atenas. “O Nuno Delgado, a Naide ou o Obikwelu são mais-valias em Portugal como seriam noutra selecção. Mas também o Rui Silva ou a Teresa Machado o são. Todos eles são, afinal, portugueses de primeira.”

NELSON ÉVORA - O GRANDE SALTO

Nelson Évora é especialista no triplo salto. O atleta nascido na Costa do Marfim espera dar o seu primeiro grande salto em Atenas.

Sempre que ‘A Portuguesa’ vibra nos altifalantes dos estádios olímpicos em capitais europeias, Nelson Évora tem um arrepio na espinha. O atleta do Benfica, nascido há 19 anos na Costa do Marfim, sabe de cor a letra do hino de Alfredo Keil. E trauteia a marcha antes de receber mais uma medalha. O bicampeão europeu de juniores de triplo salto sente-se tão lusitano como Carlos Lopes ou Rosa Mota. Também ele aprendeu tudo sobre a língua de Camões, os reis ou rios de Portugal na escola primária. “Apesar de me só ter naturalizado em 2002, sinto-me muito mais como cidadão português do que da Costa do Marfim. Afinal, vivo cá desde que comecei a formar a minha personalidade.”

Aos seis anos, a sua família trocou a tropical Abidjan pela cinzenta Odivelas, onde ainda mora com os pais, naturais da Ilha de São Vicente, Cabo Verde. “Tive uma infância feliz na Costa do Marfim. Recordo-me do calor. De ir para a escola e para a piscina com os amigos.” Os progenitores ficam pasmos com a sua memória de elefante. Nos últimos tempos o filho mais novo tem sido uma constante fonte de surpresas. O último feito de Nelson foi o de se qualificar para os Jogos Olímpicos de Atenas, num ‘meeting’ em Moscovo, no mês de Fevereiro. “Precisamente no último ensaio, consegui fazer a marca de 16,85m. E estava à espera de atingir este recorde só no Verão.”

O primeiro lugar na Rússia confirma-o como sucessor de Carlos Calado, que até há pouco tempo era rei absoluto nesta modalidade de poucas tradições em Portugal. Mas o desportista que já vestiu a camisola do FC Porto tem os pés assentes no chão: “Não vale a pena embandeirar em arco. Estou a fazer um trabalho de longo prazo. Devo atingir o pico de forma aos 26 anos.” Por isso, medalhas na Grécia nem nos sonhos mais remotos. “Estou a lutar para ficar entre os oito melhores.”

É com este objectivo em mente que treina todos os dias no Estádio Universitário. No tempo que lhe resta, ouve música ‘ragga’ com amigos como Francis Obikwelu e estuda para a cadeira de Matemática do 12.º ano. “A vida de atleta é curta e pode ser ensombrada por uma lesão. Por isso, quero prevenir e fazer o curso de Economia”, declara o único desportista de alta competição que veio da Costa do Marfim para Portugal: “Se houvesse mais dinheiro na minha terra-natal, mais atletas se fixariam lá. Como é que podemos treinar quando não temos nada para comer?” Sobre a hegemonia dos desportistas negros no atletismo, acredita que talvez se deva ao facto das fibras serem diferentes. “Mas isso não deve passar de mais um mito.”

MÁRIO ANÍBAL- O SUPER ATLETA

Os seus maiores adversários estiveram fora das pistas de tartan - as guerras, o racismo e um tumor que fintou com a mestria dos grandes campeões.

Tinha apenas oito anos quando fez a primeira corrida da sua vida. Mário Aníbal recorda-se como se fosse hoje da sua mãe a agarrar-lhe com força nas mãos e a arrumar as malas de viagem à pressa. Num dia, ele e os seus dois irmãos estavam a despedir-se de Benguela, terra onde crescera. No outro, aterravam em Lisboa, uma cidade fria da qual ouviram falar remotamente. “Só mais tarde descobri porque fugíramos repentinamente de Angola.” A explicação era simples: as suas boas notas na escola e a queda para o desporto haviam despertado a atenção das autoridades que escolhiam os alunos para fazer treino militar em Cuba. “Ela ficou em pânico. Não me queria perder.”

Em Portugal, os seus dias não foram menos acelerados. Aos 12 anos fazia de “olhos fechados” o salto em altura. Dois anos depois, batia recordes nacionais com a camisola da União Desportiva da Chamusca. Aos 18 ingressava no Benfica, clube onde se especializou nas provas combinadas. As suas fotografias apareciam nos jornais desportivos: “Toda essa aura fez de mim um puto vaidoso.”

Foi então que sentiu o reverso da medalha. Na rua e nos campeonatos de juvenis reparava nos olhares de desdém. “Com as primeiras vitórias apareceram os comentários racistas”, revela o atleta. Ultrapassada a xenofobia, iniciou-se um outro calvário: as lesões. “Fiz muita asneira. Sofri na pele os excessos físicos.”

Depois dos Jogos Olímpicos de Sydney, de 2000 e dos Mundiais de Edmonton, de 2001 foi operado a duas hérnias inguinais e a um tumor no fémur. “Pensei que a minha carreira estava terminada. Por sorte, o tumor era benigno.” O corredor do Benfica ultrapassou os obstáculos e já sonha em pisar o Olimpo de Atenas onde espera ver a bandeira de Portugal coberta de glória. Só tem de fazer os mínimos em Maio, em Itália.

“Nenhum atleta naturalizado se sente menos português por isso”, conta Mário Aníbal que mudou a nacionalidade ainda na infância. “Além disso, as mais-valias de Francis Obikwelu ou Naide Gomes na selecção são indiscutíveis.” O ex-angolano só crítica as naturalizações feitas por intuitos interesseiros.

NAIDE GOMES - CORAÇÃO DIVIDIDO

Nasceu em São Tomé e veio para Portugal aos 11 anos. Campeã Mundial de pentatlo, a atleta quer fazer a sua vida no nosso país: “Pretendo ter filhos aqui”.

Naide Gomes sonha constantemente com a medalha de ouro. Nos 10o Campeonatos Mundiais de Atletismo em pista coberta alcançou o primeiro lugar do pódio, na exigente disciplina do pentatlo. Quando o hino português começou a ecoar pelo pavilhão, a atleta do Sporting sentiu-se dividida. “Se dissesse que não, estava a mentir. Nasci em São Tomé, onde vivi até aos 11 anos. Isso marcou-me de alguma forma, não consigo passar ao lado de tal facto.” De África, guarda algumas imagens da meninice, quando jogava futebol com bolas de trapos. “Era uma maria-rapaz, não gostava de brincar com bonecas.”

Naturalizada portuguesa em 2001, depois de um processo complicado que se arrastou por quatro anos de burocracias, Naide sente as duas pátrias como suas, não faz distinções e afiança ser tão bem tratada num lado como noutro. Para a rainha do pentatlo, ser portuguesa não representa uma mais-valia desportiva. A naturalização tem outras razões. “É em Portugal que quero fazer a minha vida, tanto a nível profissional como desportivo. Pretendo ter os meus filhos aqui.”

E adianta que todos os outros atletas deviam fazer o mesmo, até porque só guarda boas memórias da sua experiência e nunca foi alvo de críticas. “Temos valor, estamos integrados na sociedade portuguesa e podemos levar o nome do País lá fora. Porque não?”

Ter duas nações a torcer por ela é um estímulo suplementar. “É curioso que o apoio costuma ser maior por parte de São Tomé. Em Portugal o povo sente mais o futebol, enquanto as outras modalidades ficam à margem. Nas competições de atletismo, por exemplo, só estão os familiares e alguns amigos, mais ninguém.”

Naide nunca pensou em ir viver num país com melhores condições. Mas gostaria que as medalhas a ajudassem a apoiar o atletismo em São Tomé. “Se um dia ganhar os Jogos Olímpicos essa ideia poderá vingar. Vou para Atenas com a esperança de vencer, mas sou realista, vai ser difícil.”

NUNO DELGADO - O DEFENSOR DA PÁTRIA

Nuno Delgado nasceu em Portugal por acidente, viveu dois anos em Cabo Verde mas acabou por voltar. Hoje defende as naturalizações. Mas com regras.

Medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, Nuno Delgado é um dos maiores trunfos lusos para Atenas. O judoca, há quatro anos a lutar como profissional na liga alemã, nasceu em Portugal “por acidente de percurso”. A mãe estudava cá e na altura em que queria viajar para Cabo Verde foi aconselhada pelo médico a ficar.

Nuno teve, por isso, identificação portuguesa desde o berço, embora após o nascimento viajasse para a terra dos pais. Quando o casamento dos progenitores terminou, tinha dois anos, regressou a Portugal com a mãe. De África ficou a dupla nacionalidade e o respeito por aquela ex-colónia, um facto que não o impede de se sentir mais português do que cabo-verdiano. “As duas nações têm um lugar especial no meu coração, mas a verdade é que vivi quase sempre em Portugal e quando oiço o hino e vejo a bandeira a subir emociono-me como qualquer outro português.”

Sobre a questão da naturalização, o jovem de 27 anos aprova, desde que os atletas cumpram a lei ou tenham uma ligação a Portugal. “Cerca de 80 por cento dos atletas da selecção francesa, do futebol ao judo, têm origem nos países do Norte de África. E nós não fugimos à regra, porque temos muitos emigrantes africanos. Se têm talento, há que saber aproveitá-los.” O judoca defende que os portugueses vêem com bons olhos essa situação e até tem assistido a casos de naturalizações na sua modalidade, nomeadamente por parte de cidadãos dos países de Leste. “São nações que estão muito desenvolvidas no judo, pelo que a vinda de indivíduos da Ucrânia, da Moldávia, tem ajudado o desporto. Isso só nos pode beneficiar, porque torna os campeonatos mais fortes.”

Mas nem sempre o judo foi liberal. Quando Nuno começou a entrar em competições internacionais era pouco habitual ver um atleta negro nas provas. Ele recorda-se de ir ao Japão e ser olhado com desconfiança. Contudo, a situação é hoje diferente. “Já não existe a questão dos desportos para brancos ou para negros. Aconteceu durante anos devido ao elitismo de determinadas modalidades, mas com a globalização deixou de ser real e dá-se oportunidade a todos, contando apenas o valor individual.”

FRANCIS OBIKWELU - O EX-NIGERIANO VOADOR

Francis Obikwelu é um ás do tartan e nos 200 metros, poucos o conseguem parar. A sua naturalização ajudou-o a ter melhores condições e catapultou a bandeira lusitana para o pódio.

Há dez anos Francis Obikwelu veio a Portugal participar no Mundial de Juniores de Lisboa em atletismo e nunca mais abandonou o país. A Nigéria onde nascera a 22 de Novembro de 1978 estava a cortar os patrocínios no desporto e a comprometer as aspirações do velocista, que desde jovem acreditava poder chegar ao pódio nas grandes competições internacionais, quase sempre disputadas na Europa.

Portugal aparecia-lhe então como a oportunidade dourada de ficar perto dos ‘meetings’ mais importantes. Mas o sonho tornou-se num pesadelo e o jovem chegou a ter que trabalhar na construção civil no Algarve, para garantir o sustento.

Nessa altura, a carreira desportiva esteve por um fio, valendo-lhe a ajuda de Fausto Ribeiro, treinador do Belenenses que conseguiu tirá-lo das obras. Depois veio um novo salto. A passagem do Restelo para Alvalade, em 1997, com Moniz Pereira.

O estatuto de dupla nacionalidade só lhe foi dado em 2001, após sete anos de cultura lusitana, à qual demorou a adaptar-se. Obikwelu explica ter passado dificuldades por causa da língua e por estar sozinho. “Mas hoje identifico-me com Portugal e não vejo diferenças entre mim e outro cidadão. Já estou integrado.”

Ao serviço do verde de Alvalade e da Nigéria, o especialista nos 200 metros (com boas prestações nos 100 metros) começou a ganhar notoriedade. O terceiro lugar nos Mundiais de Sevilha serviram para colocá-lo na alta roda do desporto. A partir de então tornou-se visível que Portugal só teria a ganhar com a atribuição de um bilhete de identidade a Obikwelu. “Não tenho problema em afirmar que a naturalização aconteceu por saber que a minha situação desportiva iria melhorar. Isso acabou por ser bom para mim e para o País. Estou a fazer o que gosto e o que sempre quis num local com o qual me identifico e posso elevar a bandeira portuguesa mais alto, em especial numa disciplina onde ela não costumava brilhar.”

Para Obikwelu, o facto de estar acima da concorrência nacional também é benéfico para os atletas portugueses -porque estimula o espírito competitivo. Do alto dos seus 1,95 metros, explica: “Aquela ideia de que só os negros são bons na velocidade já não é bem verdade. Continuam a dominar, mas os gregos, por exemplo, têm bons velocistas brancos. É uma questão de treino e aos portugueses falta apenas não baixarem o rendimento e a concentração nas grandes provas.” Pena é que neste momento treine em Espanha.

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