No Roteiro da Juventude, o Presidente visitou e recebeu prendas de empresas nacionais que vendem luxo até para Hollywood.
O que têm em comum Cavaco Silva e Johnny Depp? Chapéus de feltro: o de Cavaco, castanho, estilo clássico, com a inscrição do seu nome numa fita que fecha com um laço e um pino da República Portuguesa; o do actor, no filme ‘Public Enemies’, preto, com uma fita castanha e um laço – de gangster. Ambos são de feltros produzidos pela FEPSA, de S. João da Madeira, uma das empresas do Norte do País que o Presidente da República visitou na VI jornada para o Roteiro da Juventude, terminada a 25 de Fevereiro.
Numa loja custaria entre 400 e 500 euros. Mas foi oferecido. O chapéu de Cavaco foi moldado em Chicago, EUA, pela empresa Optimo Hat, que recebeu da FEPSA o feltro – feito com pêlo de castor importado do Canadá –, explicou Margarida Figueiredo, administradora da empresa portuguesa.
As cabeças de Harrison Ford, no filme ‘Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal’, George W. Bush ou Vladimir Putin foram enfeitadas à medida pelos chapéus com feltro português.
A FEPSA aumentou a facturação de sete milhões de euros, em 2010, para 9,5 milhões, no ano passado – 96% da produção vai para mercados como o norte-americano, mas também para a Bolívia, Espanha, Itália, França, Alemanha, Áustria, Japão – e por isso chega a marcas como Chanel, Yves Saint Laurent ou Giorgio Armani.
MARIA E MICHELLE
No citado roteiro, Maria Cavaco Silva recebeu algo que Michelle Obama guarda. Luís Onofre ofereceu-lhe uns sapatos exclusivos (cerca de 260 euros), em pele envernizada bege, de altura média. Estilo clássico. A carteira (de 280 euros), também oferecida, condiz.
Exposta na fábrica de Luís Onofre, em Oliveira de Azeméis, está uma carta de agradecimento assinada por Michelle Obama com carimbo da Casa Branca. A primeira-dama americana agradeceu as botas em pele de crocodilo número 41 levadas na bagagem por Barack Obama, numa visita a Portugal. Michelle ficou tão agradada que confessou ao estilista ter adorado uns mocassins, assinados por ele, que viu no site de vendas on-line.
No ano passado, a marca Luís Onofre – nos gostos de Paris Hilton ou de Naomi Watts – facturou quatro milhões de euros. "E há perspectivas de aumentar a facturação. Há uma procura cada vez maior por sapatos fabricados como antigamente", explica o estilista de calçado. São os mercados como o chinês, africano, brasileiro e do Norte da Europa que mais procuram a marca.
O criador Miguel Vieira queixa-se da China – país para onde não pode exportar. Alguém registou ali a sua assinatura e agora cobra-lhe dois milhões de euros para ter acesso àquele mercado gigantesco. Foi esta queixa que o estilista deixou a Cavaco Silva. O empresário de S. João da Madeira – que exporta 80% da sua produção – ofereceu dois pares de sapatos ao casal presidencial. Aníbal recebeu um modelo "conservador", número 41,5, de atacadores, preto, conjugando uma pele polida e outra de vitela, e com a particularidade de ter o nome do Chefe de Estado gravado na sola. É habitual tal acontecer nos modelos para noivos.
A Maria Cavaco Silva calhou umas sabrinas, número 38, em pele camurça "cor de toupeira", com uma aplicação na frente.
Os dois pares de sapatos – vendidos entre 200 e 300 euros cada – foram oferecidos pelas empresas que os produzem. O estilista Miguel Vieira empresta o seu nome à marca.
OS LÁPIS DA CENSURA
Em Vila Nova de Gaia, Katty Xiomara presenteou Maria Cavaco Silva com uma capa debruada a renda, azul-violeta, retirada da nova colecção. "É uma peça num estilo clássico renovado. Atrás relembra uma gabardina e à frente o drapeado dá-lhe movimento. A primeira-dama disse, inclusive, que gostava imenso de capas", conta a estilista luso-venezuelana.
"Recentemente, a Alexis Jones, em dueto com Sean Paul, utilizou uma peça da última colecção de Inverno na sua actuação em directo no programa ‘Wendy Williams Show’, nos EUA", diz. Com 12 anos de existência, a sua marca exporta 70 a 80% para os Estados Unidos, Japão, Kuwait e Espanha.
Na Opo’Lab, um laboratório de arquitectura e design do Porto, com um volume de negócios de 200 mil euros, o casal de Belém assistiu ao processo de fabrico de um presépio, depois oferecido à primeira-dama. Luís Sousa, o autor da peça em acrílico preto, fabricado com tecnologias digitais (modelado em ambiente tridimensional), conta que a ideia foi oferecer um presépio para integrar a colecção de Maria Cavaco Silva. Só modelar este presépio pode custar entre 300 e 400 euros.
O roteiro levou ainda o Presidente à única fábrica de lápis do País, a Viarco, fundada em 1936. Daqui saíram os lápis que ajudaram a censura do Estado Novo a riscar a azul. Estes lápis (metade vermelho e metade azul) ainda hoje se vendem, por 2,50 euros, mas são usados por profissionais para riscar madeira e pedra.
José Vieira, administrador da Viarco e bisneto do fundador, ofereceu a Aníbal e a Maria Cavaco Silva um conjunto (dez a 12 euros cada), com o nome gravado, numa embalagem dos anos 50. O Presidente confessou que "usa lápis todos os dias para escrever". A Viarco facturou no ano passado 400 mil euros – 20% das exportações são para os EUA, Itália, França e Alemanha.
UM ROTEIRO EMBRULHADO EM PRENDAS DE EMPRESAS PORTUGUESAS
OS ÚNICOS LÁPIS PORTUGUESES
Casal presidencial recebeu da Viarco conjuntos de lápis.
UM PRESÉPIO DIFERENTE
Do Opo’Lab para a colecção de Maria Cavaco Silva.
CAPA DEBRUADA A RENDA
Oferta de Katty Xiomara à primeira-dama.
SABRINAS NÚMERO 38
Uma criação de Miguel Vieira para a primeira-dama.
NOTAS
FILME
Em ‘Public Enemies’, Johnny Depp e os restantes actores usam chapéus feitos com o feltro da FEPSA. Filme estreou em 2009.
CENSURA
A Viarco forneceu os lápis da PIDE, um modelo que ainda se pode encontrar à venda por 2,50 euros.
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