Paulo Azevedo nasceu no último dia do ano de 1965 e a partir de Maio vai ser o grande patrão do maior grupo económico português, sucedendo ao pai, Belmiro, como foi anunciado esta semana. A sua característica principal – e que mais o diferencia do pai – é que ninguém consegue dizer mal dele, é quase tudo elogios como profissional, como pai, como colega ou patrão.
Paulo Teixeira de Azevedo nasceu no Porto mas a sua vida vida foi marcada pela internacionalização – viveu fora do País entre os 13 e os 21 anos, o tempo da sua formação escolar. Estudou num colégio em Inglaterra, formou-se em Laussanne, na Suíça, onde conheceu a mulher, Nicole, de quem hoje tem três filhos e com quem vive na zona mais exclusiva da Foz do Douro.
A educação no estrangeiro fez com que tenha algumas dificuldades com a língua portuguesa. Em casa fala-se português, alemão e inglês e o filho mais velho já é fluente na língua de Goethe, por força das grandes temporadas que passa na Alemanha com a família materna.
Engenheiro químico como o pai diz que não nasceu gestor – essa foi uma opção de vida que tomou já aos 28 ou 29 anos e já fez o MBA em Portugal. A carreira profissional fê-la toda na Sonae, começando pela Sonae Indústria, seguindo-se a distribuição e depois as tecnologias, a Optimus e a Sonaecom.
Diz que não sabe bem o que é o homem Sonae, cujo traço principal será, talvez, que tudo na vida se consegue com 90 por cento de transpiração e 10 de inspiração. Não é de comer muito – as fotografias provam-no – e normalmente é a secretária que lhe leva bananas e iogurtes ao escritório onde vai diariamente no edifício da Optimus, junto ao Norteshopping, em Matosinhos.
Dorme muito, raramente se deita depois das 11 da noite e acorda, à semana, às 07h15 da manhã. Ao fim-de-semana, se pode, dorme quanto consegue. Não é difícil encontrá-lo a andar de bicicleta com os filhos pela Foz e joga muito futebol com os amigos. Gosta muito de música, sobretudo brasileira – é visto com frequência em concertos de músicos do género. Há uns meses até defrontou, em futebol, Chico Buarque e músicos brasileiros, num jogo em que alinhou pela equipa dos empresários.
Ganha bem, claro – segundo o relatório da Sonae, 839 mil euros em 2005 – mas tem pudor em gastar dinheiro. A frugalidade é um valor em casa, reconhece, e vem em linha recta do pai, que nasceu pobre e se fez rico com o trabalho e o talento. De resto, Paulo é reservado – nisso é bem diferente do pai – e muito diplomata.
Há um ano, numa entrevista à ‘Visão’, dizia: “Não sei se estou preparado” [para ser o sucessor do pai na Sonae]. Seguramente não sei se sou a pessoa que está mais bem preparada, que é o fundamental”. O pai passou anos a perorar contra as dinastias familiares e recusa que Paulo tenha sido escolhido por ser filho. “Foi um processo longo e não teve nada a ver com isso.
Havia quatro candidatos, todos me disseram que queriam ser e isso era fundamental. Depois de falar com todos entendi que era ele o homem certo”, disse esta semana ao CM. De qualquer forma, a família Azevedo controla mais de 56 por cento do capital da Sonae SGPS e outro tanto na Sonae Indústria. Agora, Belmiro quer individualizar a Sonae Capital, que tem nomeadamente o negócio do turismo. Ficarão assim três áreas fundamentais, tantas como os filhos que teve de Margarida.
Os irmãos dão-se bem. Nuno, o mais velho, é hoje presidente da Casa da Música e fez uma opção de vida em nada ligada à Sonae. Cláudia, a mais nova, passa por ser uma das grandes admiradoras de Paulo, com quem aliás tem trabalhado nos últimos anos na Sonaecom.
Ninguém consegue dizer mal de Paulo. Mesmo Henrique Granadeiro, presidente da PT, preservou essa amizade que tem um link forte por José Marquitos, grande amigo dos dois e que também esteve, há anos, na administração do grupo PT.
O ponto fraco de Paulo é que na sua vida profissional não teve ainda um grande êxito. A Optimus tem 20 por cento do mercado, o que, em face das dificuldades do ambiente concorrencial, é um êxito, mas ainda não atingiu grandes números que a tornem um êxito indiscutível.
E teve vários fracassos, como todos os empreendedores: quis fazer uma televisão há 20 anos e só agora está em testes o projecto do grupo; lançou-se nos portais turísticos na internet com o filho de Pinto Balsemão e a coisa também não correu bem. “Fiz quatro ou cinco projectos que custaram bastante dinheiro e que tiveram de fechar”, reconhece. Mas se passa duas semanas sem ter ideias novas começa a ficar preocupado. A dinâmica do grupo começa nos líderes.
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