OLÉ TAPAS!

“Era muito novo, mas tinha uma grande vontade de fazer coisas importantes.” É assim que Pedro Vasconcelos descreve o seu mergulho de cabeça para o mundo dos negócios. Os primeiros passos começaram há quase nove anos, com a abertura do restaurante churrasqueira, O Tio Cock, nas Mercês (Sintra). Então com 24 anos, partiu do zero, sem qualquer tipo de formação em hotelaria ou apoios, e conseguiu a sua independência financeira. Uma experiência fantástica que fez com que continuasse no mundo da hotelaria. E que, há cerca de quatro anos, o levou a acreditar num outro negócio de sucesso: o restaurante-bar Lizarran.

Hoje com 33 anos, Pedro Vasconcelos é gerente, relações públicas e também trabalha atrás da ‘barra’ (nome que os espanhóis dão ao balcão) no espaço mais animado da Latino Coelho, em Lisboa. Um restaurante típico espanhol, onde se comem tapas – pequenas doses de pão cobertas com os mais diversos tipos de ingredientes – e se bebem 'cañas', que é o mesmo que dizer em português, imperiais. Aberto entre as 12h00 e a 01h00, o restaurante é também bar, com muita música latina a animar a casa.

O SEGREDO DO SUCESSO

“O sucesso do Lizarran foi quase instantâneo, foi quase como um amor à primeira vista”, refere Pedro, quando recorda os primeiros tempos do restaurante-bar. A loja, que mantém em sociedade com os seus irmãos Jorge e Alexandra, e o amigo Armando Apetato, surgiu por obra do acaso. Através de um irmão, Pedro Vasconcelos conheceu o dono da cadeia Lizarran Espanha. Convictos de que o negócio, que já dava cartas no país vizinho, podia vingar em Portugal, os sócios avançaram com a proposta de trazer não só uma loja.

Para avançarem com o Lizarran em Portugal, os irmãos Vasconcelos tiveram de negociar com a condição de que todas as despesas da loja e do master ficariam a seu cargo. Depois de três meses de contactos, conseguiram captar o interesse da empresa espanhola e garantir o impulso estratégico do negócio, um investimento que rondou os 500 mil euros. Experiência, vitalidade e ambição foram, segundo Pedro, os argumentos chave para convencer a Lizarran Espanha a acreditar nos irmãos Vasconcelos.

Em Maio de 2000 abria o primeiro Lizarran em Lisboa, que funcionava como loja mãe e como loja de formação. Depois de criado o ‘backoffice’ da empresa, foi só fazer a aplicação para a realidade portuguesa daquilo que são os conceitos da cadeia.

Mas gerir um masterfranchising dá muitas dores de cabeça. Já depois de ter aberto o primeiro restaurante, a empresa italiana Pan European Fast Food Investements transformou a sociedade por quotas da Lizarran Espanha numa SA, comprando 51 por cento da casa espanhola. O facto levou a que os irmãos Vasconcelos vendessem as suas quotas do masterfranchising e se mantivessem apenas como mais um franchisado.

“É PRECISO TER VOCAÇÃO”

Ter uma loja Lizarran é um negócio aliciante, mas não é qualquer pessoa que pode estar à frente de um projecto como este. Para Pedro é necessário ter vocação, porque se trata de um investimento que obriga a quem se envolve a abdicar de tudo e de todos. “Um negócio de hotelaria é como um filho que é preciso acompanhar. Nos momentos difíceis chorar com ele, nos momentos bons compartilhar e abrir uma garrafa de champanhe, dar-lhe valor”, diz. Segundo o empresário as pessoas iludem-se muito e acabam por perder poupanças de uma vida, porque apostam num franchising e esperam, ao final de apenas três anos, ter o retorno de cem por cento do investimento.

O sucesso do conceito Lizarran parece residir no facto de se tratar de um espaço personalizado, quase familiar. A loja da Latino Coelho faz um brilharete, nas palavras de Pedro, e é badalada em Espanha porque é o Lizarran onde “todos se divertem, onde se dança em cima das mesas, o ambiente é fantástico, as miúdas são giras e não há incompatibilidades. E há uma energia própria.”

EQUIPA DETERMINANTE

Pedro empresta muita energia ao negócio em que aposta. O empresário veste a farda da casa todas as noites – uma camisa azul escura e um lenço vermelho ao pescoço – e vai para trás da barra, onde trabalha de igual para igual com os outros colaboradores. Para ele, os empregados são determinantes no negócio, mas difíceis de escolher. Neste momento o Lizarran emprega 20 pessoas, das quais 12 brasileiros. Pedro sente-se grato a todos os seus colaboradores, mas envia um especial obrigado a estes imigrantes por virem trabalhar para Portugal.

Entre reticências e sorrisos, afirma que o Lizarran da Latino Coelho é uma casa saudável em termos financeiros e de clientes. Por esta razão, as perspectivas para o futuro são as mesmas que teve no passado: “Se tiver para o futuro aquilo que tive para trás, estou muito contente. E vou ter com certeza.”

Pedro Vasconcelos

Idade: 33 anos

Formação: Ensino Secundário

Actividade profissional: É proprietário de uma loja franchisada Lizarran, sócio das empresas Ibertrónic e Bronceário, que trabalham na área da representação de marcas ligadas a desporto, beleza e cosmética. Ocasionalmente participa em colóquios no âmbito de cursos de vocação profissional para jovens empresários ou potenciais empresários, onde fala sobre a sua experiência.

MASTERFRANCHISE: O QUE É?

O masterfranchise é a entidade responsável pela introdução e desenvolvimento de um qualquer tipo de negócio em determinado país ou região.Trata-se de uma empresa que, para além de investir numa cópia de um projecto/marca já existente, através do franchising, é também responsável pela expansão do negócio, como a selecção e abertura de novas lojas franchisadas. Ao masterfranchise cabe dar a formação aos franchisados que, posteriormente, gerem os seus negócios independentemente da casa-mãe.

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