Só depois de morrer vieram a público os seus livros cheios de obscenidades
Pierre Félix Louis (1870-1925), conhecido como Pierre Louÿs, foi um poeta e romancista francês, venerado durante toda a vida como um esteta refinado. É dele a frase: "A minha alma tende com liberdade para um objetivo inflexível: o ideal do Belo." Só quando morreu vieram a público os seus livros carregados de obscenidades e descrições gráficas das mais inconfessáveis práticas sexuais.
Nascido em Gante, na Bélgica, era sobrinho-bisneto do general Junot que, em 1807, comandou a primeira invasão napoleónica a Portugal. Em 1891, já com a assinatura de Pierre Louÿs, publicou o seu primeiro livro de poesia, ‘Astarté’, e fundou a revista literária ‘La Conque’. Reconhecido pela sua erudição sobre a civilização grega, fez dela o tema do seu primeiro romance, ‘Aphrodite’ (1896), que foi um êxito junto da crítica e do grande público. Os serviços prestados às Letras francesas foram recompensados pela condecoração com a Legião de Honra.
Mas depois de morrer Louÿs deixou de ser uma referência consensual no mundo da cultura para se tornar um escritor maldito. Logo em 1926 foram publicados o ‘Manual de Civilidade para Meninas’ e ‘Três Filhas de Sua Mãe’ (também traduzido para português como ‘Tal Mãe, Tais Filhas’), que deixara inéditos. O escândalo deixou consternados os vigilantes da cultura oficial, que tiveram de habituar-se a ver o respeitado esteta e erudito transformar-se, ele próprio, num clássico… do erotismo.
Do livro ‘Três Filhas de Sua Mãe’, ed. Guerra e Paz
" (...) Numa reviravolta, voltou-me as costas, deitou-se sobre o lado direito e começou a brincar consigo mesma, sem mais preâmbulos ao sacrifício do seu pudor. Depois, com um gesto que me divertiu, fechou os lábios da sua virgindade; e fez bem, pois eu teria acreditado nela poder entrar apesar dos meus juramentos. (…) Ia perguntar-lhe se não estava a magoá-la, quando, encostando a boca à minha, assegura-me do contrário:
- Tu já enrabaste virgens.
- Porque dizes isso?
- Contar-te-ei se me disseres como soubeste que me masturbava.
- Minha desavergonhada! Tens o botão mais vermelho e mais grosso que alguma vez vi numa virgindade.
- Como ele está entesado! – murmurou ela, com olhar doce. – Não é assim tão grosso… Não lhe toques… Deixa-o para mim… Querias saber como é que percebi… que já tinhas enrabado virgens?
- Não. Mais tarde.
- Pois bem, aí está a prova! Tu sabes que não se deve perguntar nada a uma virgem que se masturba enquanto a enrabam. Ela não está em condições de responder.
O seu riso extinguiu-se. Os olhos distenderam-se. Cerrou os dentes e abriu os lábios.
Depois de um silêncio, disse:
-Morde-me… Quero que me mordas… Aí, no pescoço, debaixo dos cabelos, como os gatos fazem às gatas.
Em seguida:
- Contenho-me… Mal me toco… mas… não posso mais, vou-me vir… Oh!, vou-me vir, meu… como te chamas?... meu querido… Vá, faz como tu gostas! … com toda a força! Como se me fodesses! Gosto assim! Mais… Mais!...
O espasmo retesou-a, fê-la contrair-se em palpitações… Depois a sua cabeça tombou e eu apertei o pequeno corpo desfalecido contra mim.
(…) Meia hora mais tarde, a mãe entrou-me pela casa adentro. (…) Mal coberta por um roupão justo, atado em cima da cintura ágil, recusou a poltrona que lhe oferecia, veio sentar-se na borda da cama e disse-me à queima-roupa:
- O senhor enrabou a minha filha?"
Do livro "Manual de Civilidade", ed. Fenda
"Não digais: "Tenho vontade de foder". Dizei: "Sinto-me nervosa".
Não digais: "Vim-me como uma louca". Dizei: "Sinto-me um pouco cansada".
Não digais: "Vou-me masturbar". Dizei: "Volto já."
(…) Não digais: "Ela vem-se como uma égua a mijar." Dizei: "É uma exaltada".
(…) Não digais: "Vi-a foder pelos dois lados." Dizei: "É uma eclética."
Não digais: "Deixa-se enrabar por todos quantos lhe façam minete." Dizei: "É um pouco namoradeira."
Não digais: "Ele entesoa como um cavalo."
Dizei: "É um jovem perfeito."
(…) Evitai as comparações temerárias. Não digais: "Dura como uma pissa, redondo como um colhão, molhado como a minha racha, salgado como esporra, não maior que o meu grelinho", e outras expressões que não são admitidas pelo Dicionário da Academia."
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