Filmes pornográficos em que crianças são assassinadas – eis a tara “extrema” de um pedófilo extremo. Um dos indivíduos procurados por abuso de menores na Madeira é acusado de os comercializar pela Europa.
Warwick Spinks, um cidadão britânico acusado em 1997 de pertencer à rede pedófila responsável pelo caso de abuso de menores na Madeira, pode estar envolvido na comercialização de “snuff movies” envolvendo crianças. Este tipo de filme “extremo” de cariz pornográfico, para o qual ainda não há designação em português, inclui cenas de violência filmadas ao vivo e resulta muitas vezes na violação – ou mesmo no assassinato – de um determinado protagonista. Das películas em que Spinks é acusado de estar envolvido terá resultado a morte de vários menores.
A utilização de crianças madeirenses por uma rede pedófila – com ligações à Bélgica, Holanda e outros países europeus – teve lugar entre 1982 e 1997 e envolveu o aliciamento de jovens desfavorecidos, através de contrapartidas em dinheiro, bebidas e alimentos. As crianças foram depois utilizadas para a realização de filmes pornográficos exibidos e comercializados em centros ligados à homosexualidade em várias cidades europeias, como Tense, Utrecht e Hults (Holanda). Nos filmes foram identificadas dez crianças madeirenses.
Algumas das 300 cassestes apreeendidas na Bélgica, na sequência das operações policiais para desmantelamento da rede, exibiam ainda cenas rodadas no Porto, com crianças do Norte do País. O processo judicial contou com seis arguidos, cinco estrangeiros e o madeirense Agostinho Marquês, condenado a 30 meses de prisão em 1999 na Madeira. Dos restantes, Richard Harder foi absolvido pelo Tribunal de Vara Mista do Funchal em 2001, Albert Cristian Mullanders foi condenado a quatro anos de prisão pelo Tribunal do Funchal em 2002, Norbert de Ryck a oito anos de prisão na Bélgica, Van Der Naaten a dois anos na Holanda. Quanto a Warwick Spinks, procurado na Madeira e no Reino Unido, não existe notícia da sua detenção ou julgamento – nem num sítio nem no outro.
Warwick Spinks, sabe-se agora, não se terá dedicado apenas à comercialização de material pornográfico infantil. A rede, cujo centro mais visível seria a zona de prostituição homossexual de Amesterdão, na Holanda, ter-se-á ainda envolvido no tráfico de menores de vários países europeus, colocados em bordéis holandeses sob coação física, e ainda à venda dos referidos “snuff movies” envolvendo crianças. Num artigo publicado em Novembro de 2000, o jornal britânico “The Guardian” refere o testemunho dado por um informador à polícia inglesa na sequência de uma investigação sobre uma rede pedofilia ligada ao círculo de Amesterdão.
O homem, sob o cognome fictício de “Terry”, declarou que, durante a sua permanência naquela cidade holandesa, assistiu a um vídeo de pornografia infantil no qual um rapaz era torturado e morto. Segundo o mesmo artigo, este testemunho foi reforçado pelas declarações prestadas na Scotland Yard, em 1993, por um homossexual identificado apenas como “Frank”, que descreveu um outro vídeo com um rapaz que aparentava cerca de doze anos. A película ter-lhe-ia sido entregue por Spinks, para posterior comercialização, durante uma viagem às ilhas Canárias. Segundo a testemunha, o rapaz era espancado, torturado com agulhas, castrado e finalmente assassinado.Outro homossexual, “Edward”, declarou em 1997 ter visto cinco destes filmes, que terminavam sempre com a morte dos menores neles envolvidos.
Muitos dos filmes “snuff”, dizem os especialistas, são feitos com actores, não havendo portanto morte mas apenas a sua simulação. O filme norte-americano “8 Milímetros”, com Nicholas Cage no papel de um investigador, trata exactamente essa dúvida. Mas as suspeitas sobre Warwick Spinks já levaram as autoridades britânicas à utilização de um agente infiltrado, que terá interrogado o arguido sobre a possibilidade de comprar material sadomasoquista com crianças.
Spinks terá respondido que conhecia na Holanda pessoas que faziam “snuff movies” com menores, vendendo cada exemplar a cerca de cinco mil dólares cada. Apesar de tudo isto, a falta de provas apenas permitiu a detenção de Spinks por rapto de menores, acusação que lhe valeu uma sentença de cinco anos de prisão em 1995, dos quais apenas dois e meio foram cumpridos.
Estes não foram, contudo, os únicos testemunhos da existência deste tipo de filmes. O ‘site’ francês “Julie et Mélissa, N’ Oubliez Pas!”, dedicado ao combate à pedofilia, denunciou, em Abril de 2001, que Jan W. Robert, acusado de cumplicidade na morte de três crianças em “snuff movies”, terá, em Fevereiro do mesmo ano, entregue à Polícia holandesa nomes e moradas de várias pessoas envolvidas na produção e visualização destes filmes. O ‘site’ cita ainda Marcel Vervloesem, da “Werkgroep Morkhoven”, organização não governamental belga que colaborou com as autoridades portuguesas para o desmantelamento da rede de pedofilia que operou na Madeira, através do fornecimento de provas.
Marcel implica Jan W. Robert directamente na produção de “snuff movies”, acusação que este terá vindo a admitir ser verdadeira nos três casos que lhe haviam sido imputados. Os casos de pedofilia mencionados pelo ‘site’ francês são mais uma vez relacionados com as casas de prostituição e venda de pornografia infantil da Holanda, círculo no qual foi implicado Warwick Spinks e, indirectamente, um dos outros arguidos no caso das crianças madeirenses, Norbert de Ryck. Norbert terá sido identificado em 1992 pela Polícia, durante uma operação na qual foram surpreendidos alguns adultos a visionar filmes pornográficos na companhia de crianças.
Entre estes, para além de Norbert de Ryck, estariam igualmente presentes Robbie Van Der Plancken e Lothar Glandorf, dois pedófilos acusados de pertencerem ao circuito de prostituição infantil na Holanda, no qual Spinks estaria envolvido. Apesar de os clubes de prostituição infantil na Holanda já não estarem em funcionamento, nunca terão sido reunidas provas suficientes sobre a existência destes “snuff movies” que permitissem formular qualquer acusação judicial em qualquer dos países nos quais a rede terá operado.
O termo “Snuff Movies”, provavelmente derivado da expressão idiomática inglesa “to snuff out” — com o significado de “apagar”, “extinguir”, “sufocar” ou “abafar” —, refere-se a filmes ilegais que mostram actos de violência reais, praticados ao vivo durante as filmagens. Extremamente polémicos, estes filmes, da existência dos quais há poucas provas judiciais, têm vindo a ser alvo da atenção mediática, tendo sido mesmo o tema base do filme “8 Milímetros”, com Nicholas Cage (realizado por Joel Schumacher em 1999), que discorre sobre a veracidade ou não das mortes ocorridas nessas películas. Existe inclusivamente um ‘site’ na Internet supostamente dedicado à exibição destes filmes, o “Snuff.com”.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.