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“Somos os novos ídolos dos miúdos"

Boa parte dos adolescentes conhecem o nome Sea 3P0, ainda que para os pais destes não diga grande coisa.

04 de fevereiro de 2018 às 12:20

Sea 3PO é o alter-ego de Catarina Lowndes, a maior youtuber feminina em Portugal. O nome vem da cor do seu cabelo, azul, e de C3PO, o famoso robô da saga ‘Guerra das Estrelas’. Em pouco mais de um ano, conquistou 600 mil subscritores no YouTube, 267 mil seguidores no Instagram, 18 mil no Facebook e 69 mil no Twitter. No final de 2017, lançou uma revista com o seu nome. Um dos fenómenos portugueses da geração YouTube lança-se agora na escrita com ‘Como ser um Unicórnio’ (ed. Manuscrito).

Como nasceu a Sea3PO?

Sea [mar] já era o meu nome artístico quando tinha a minha banda (Lionskin, um projeto de pop eletrónica), pois já tinha o cabelo azul. Quando comecei o canal do YouTube, adicionei o 3PO como trocadilho ao C3P0 do ‘Star Wars’ porque sou inspirada pelo universo fantástico.

O que fazia antes de ser youtuber?

Fiz muitas coisas. Na música, além da banda, fui ‘ghost-writer’ de cantores portugueses. Escrevi uma canção para a Aurea, por exemplo. E também trabalhei na L’Oréal, como digital marketing diretor manager. Curiosamente, cheguei à L’Oréal por causa do YouTube: a minha mãe enviou à Inês Caldeira, CEO da L’Oréal Portugal, um vídeo meu que era um tutorial de maquilhagem.

Também estudou cinema…

Sim, tirei Realização na Universidade de Tampa, nos EUA. A vida dá muitas voltas. Se calhar um dia faço algo completamente diferente.

Deixou o cargo na L’Oréal para ser youtuber. Porquê?

Quando estive num evento de ‘gamming’ há uns anos em Lisboa, entrevistei youtubers e pensei que gostava de experimentar. O trabalho na L’Oréal, embora fosse aliciante, absorvia o meu tempo. Só que fazer vídeos, ter a minha comunidade fazia-me falta, é isso que eu sou.

Como é o seu dia a dia?

Muito ocupado. No entanto, atualmente já não tem tanto a ver com o de um youtuber tradicional, porque já tenho uma equipa. Tenho um editor de vídeos, tenho às vezes ajuda para filmar e nem sequer faço todos os vídeos em casa. O processo demora entre oito a doze horas, entre filmar e editar. Há youtubers que ficam a trabalhar até às cinco da manhã para terem o seu vídeo pronto.

Como escolhe os conteúdos?

Há ideias que sempre quis pôr em prática e a minha querida #seafam ajuda-me com ideias nos comentários que deixa no canal.

Tem a noção de que há imensos miúdos a quererem ser youtubers…

Da mesma forma que antes queriam ser cantores ou atores… Somos os novos ídolos, sim.

Isso acarreta responsabilidade?

Sempre. Certifico-me que o conteúdo que faço é apropriado para todos os que me seguem. Quero fazê--los rir, quero que passem bons momentos na minha companhia.

Muitos dos seus seguidores falam de bullying. Foi por isso que incluiu o tema no seu livro?

Exatamente! Quero que eles saibam que são lindos, independentemente do que outros possam dizer. A questão é sensível para mim, porque fui vítima no secundário. Eu andei primeiro num colégio internacional e falava em inglês em casa, porque tenho dupla nacionalidade. Depois fui para outra escola, em Cascais, e começaram a gozar comigo porque não falava bem português. Havia uma rapariga que embirrava comigo. Cortou-me o cabelo pelas costas, quis bater-me, telefonava para casa dos meus pais a altas horas. Estas coisas do bullying não têm muitas vezes a ver com as vítimas, mas sim com as fraquezas dos agressores.

Dá para viver só do YouTube?

Sim, mas como tudo na vida, há que ser inteligente. Esta plataforma é incerta, tem meses melhor que outros, por isso é importante ter um plano B.

Quando vai a uma repartição de finanças, qual a reação quando diz que a sua profissão é youtuber?

Ficam sempre curiosos, fazem perguntas e eu acho isso fantástico.

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