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Os bruxos magníficos

Regresso em boa forma dos the Warlocks. Depois de um demasiado longo período de torpor e quase secretismo ditado pelos excessos psicadélicos.

23 de outubro de 2016 às 11:47

Os The Warlocks foram criados em 1998, em Los Angeles, por Bobby Hecksher (guitarra e voz), adoptando o nome antes usado tanto pelos The Grateful Dead como pelos The Velvet Underground. Seriam estas duas bandas, aliás, as referências para o som perseguido pelos The Warlocks, um misto de psicadelismo e de ritmos repetitivos numa nuvem narcótica alucinatória. Em 2000 assinam com a Bomp!, que logo lhes edita um mini-álbum, homónimo, e em 2001 o primeiro longa-duração, ‘Rise and Fall’. Mas seria em 2002, com a edição de ‘Phoenix’ pela Birdman, rompido o contrato com a Bomp!, que os The Warlocks saltam para a boca do mundo, recebendo críticas elogiosas e realizando uma grande digressão pelos Estados Unidos e Europa com os Black Rebel Motorcycle Club, The Raveonettes e Interpol, integrados na onda de renascimento do rock. Esta visibilidade despertou o interesse da Mute, que em 2005 lhes edita ‘Surgery’, o terceiro álbum. Mas a recepção mitigada que o disco teve e as queixas da banda do som final ter sido limpo contra a sua vontade, para tornar a música mais acessível, põem fim à relação com a Mute. Começa o calvário dos The Warlocks que, sem contrato discográfico, com constantes mudanças na formação – a ponto de Bobby Hecksher ser o único membro original – e uma abordagem desleixada das prestações ao vivo, rapidamente ganha fama de banda de drogados. Gravam ainda assim dois discos quase clandestinos para a Tee Pee, ‘Heavy Deavy Skull Lover’ (2007) e ‘The Mirror Explodes’ (2009), onde exploram caminhos mais experimentais do que nos trabalhos anteriores.

O disco

Só em 2013, depois de dois trabalhos digitais, os The Warlocks voltam aos álbuns, com ‘Skull Worship’, editado pela Zap Banana, que é também o regresso às boas críticas e ao psicadelismo negro que os tornou especiais. A sua boa forma pôde ser atestada no concerto na segunda edição do Festival Reverence, em 2015, única aparição em Portugal até à data. O novo álbum, o nono, destes exploradores de psych-drone, ‘Songs from the Pale Eclipse’, foi montado a partir do arquivo de gravações de Hecksher, que, trabalhando por inspiração, grava de imediato qualquer ideia que tenha para uma nova música, num método que, ao longo do tempo, o deixou com uma colecção de esboços e maquetes, alguns com mais de dez anos. E se estas dez canções são sobras, elas terão sido deixadas de lado mais por razões temáticas do que por questões de qualidade. ‘Songs from the Pale Eclipse’ soa como um álbum típico dos The Warlocks e com uma qualidade ao nível da dos seus melhores momentos; Bobby Hecksher e seus acompanhantes – John Christian Rees (guitarra), Earl Miller (guitarra), Christopher DiPino (baixo) e Jason Anchondo (bateria) – continuam os mesmos cartógrafos sónicos, a mapear o submundo psicadélico com rios de guitarras crepitantes e lentos ritmos repetitivos sobre escolhos de feedback. É um maravilhoso álbum de psicadelismo negro, onde os momentos de felicidade são interrompidos por psicóticas descargas de terror noturno. lD

‘Songs from the pale eclipse’

Editora

Cleopatra

Livro

‘Homens imprudentemente poéticos’

Tendo por cenário um Japão antigo e ficcional e por personagens dois vizinhos unidos pela inimizade e pela pobreza, Valter Hugo Mãe volta a surpreender- -nos com a sua escrita encantatória, que nos transporta para os segredos de uma cultura mitológica que nos permite percepcionar os mistérios obscuros da alma humana.

Editora

Porto editora

Disco

‘Rock Extravaganza’

Quarto álbum de Victor Afonso, que assina como Kubik, a prosseguir os caminhos de engenharia sonora, de hibridismo de géneros e fragmentação estética de trabalhos anteriores, agora transpondo para o campo musical a premissa do dramaturgo James Planché sobre a "extravaganza" como sendo "o tratamento lunático de um assunto poético".

Editora

edição de autor

Filme

‘Loucamente’

Duas mulheres diametralmente opostas que, internadas num hospital psiquiátrico, se tornam amigas inseparáveis. A fuga da instituição, para uma viagem ao passado, é o mote para ‘road movie psicanalítico’, onde a tragédia e a comédia bipolarizam numa magistral sequência de emoções extremas.

Realizador Paolo Virzi

Interpretação Valeria Bruni Tedeschi E Micaela Ramazzotti

Exibição cinemas

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