Novo Banco: Venda feita sem consulta da Banca
Maiores instituições bancárias, que são acionistas do Fundo de Resolução, não foram consultadas sobre o preço na reta final da venda do Novo Banco.
Os maiores bancos nacionais, acionistas do Fundo de Resolução e chamados a injetar capital após a queda do BES, foram afastados da reta final da negociação para a venda do Novo Banco. Ao que o CM apurou, as instituições financeiras não foram consultadas sequer sobre um eventual preço de venda, apesar de o valor final da alienação ser essencial para determinar as perdas que serão acomodadas pelo setor.
Ontem, à hora de fecho desta edição, não havia ainda fumo branco sobre o desenrolar da negociação com os chineses da Anbang, cujas condições da oferta se extinguiam à meia-noite. Vários banqueiros questionados pelo CM reconhecem que o Banco de Portugal tem centralizado a informação na reta final do processo e que não esclareceu sequer de que forma as instituições de crédito podem acomodar eventuais perdas resultantes da venda do Novo Banco. Também a Associação Portuguesa de Bancos confirmou ao CM "não ter participado em qualquer tipo de conversação em relação à venda".
Uma fonte do setor adiantou ao CM que a explicação para o afastamento dos bancos poderá estar relacionada com o facto de dois membros da APB – BPI e Santander Totta – terem eles próprios participado na corrida ao Novo Banco, com acesso ao caderno de encargos e a informação privilegiada sobre a instituição. Um elemento que, adianta a mesma fonte, poderá justificar o facto de nem sequer ter chegado a ser constituído o conselho consultivo que deveria acompanhar a venda.
A confirmar-se a opção do Banco de Portugal pelos chineses da Anbang, o negócio poderá ditar uma perda próxima dos dois mil milhões de euros. Parte dessa verba terá de ser acomodada pelos maiores bancos, o que poderá pôr em causa a rentabilidade do setor durante os próximos anos. Segundo várias fontes contactadas pelo CM, a Associação Portuguesa de Bancos também nunca obteve resposta sobre as dúvidas levantadas em torno da acomodação das perdas pelos bancos. A resposta está, aliás, não só nas mãos do Banco de Portugal, mas também do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt