Ritmo de retoma da economia portuguesa abranda em setembro e outubro
Análise confirma os receios sobre a evolução no quarto trimestre, com mais portugueses em casa face ao escalar da pandemia.
A recuperação da economia voltou a abrandar em setembro e outubro, contrariando a tendência de subida registada desde maio. O cenário foi traçado esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). “A informação disponível revela um ritmo de recuperação da atividade económica mais lento em setembro e outubro”, descreve o gabinete de estatística.
A análise confirma assim os receios sobre a evolução da economia no quarto trimestre, com mais portugueses em casa face ao escalar da pandemia. O INE dá exemplos concretos do abrandamento: há menos compras nos terminais multibanco e menos vendas de automóveis.
Um dos setores onde se nota mais o impacto continua a ser o do turismo, “verificando-se decréscimos superiores a 50% no número de hóspedes e dormidas” em setembro, que ainda é considerado um mês de procura mais acentuada.
Já “em relação ao comércio externo de bens, a informação disponível para setembro de 2020 mostra que as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de -0,4% e -9,9%”, adiantou o INE.
Os dados disponíveis mostram ainda que a confiança dos consumidores aumentou em outubro. Já do lado das empresas, o indicador “prolongou o perfil de recuperação observado desde maio, mas situando-se ainda abaixo dos níveis pré-pandemia”.
Défice já soma 709 milhões de euros
O défice das balanças corrente e de capital foi de 709 milhões de euros até setembro. Há um ano, registava-se um excedente de 1289 milhões de euros, mostrou esta quarta-feira o Banco de Portugal.
Turismo pesa em força na balança
Segundo os dados do regulador bancário, o défice das contas externas é explicado sobretudo pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica viagens e turismo, de 6523 milhões de euros.
Primeiro ‘buraco’ externo desde 2011
Com o desempenho traçado esta qurta-feira pelo Banco de Portugal, justificado à boleia da pandemia, a economia portuguesa está mais próxima de registar um défice externo pela primeira vez desde 2011.
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