Belmiro de Azevedo escreveu 10 mandamentos para os seus quadros. Obrigou deputados a madrugar.
Belmiro de Azevedo era um líder habituado a dar o exemplo. Acordava cedo, fazia desporto antes de entrar no escritório, delegava funções mas cabia-lhe sempre a palavra final. Quem com ele trabalhou lembra a sua exigência permanente com todos. Nos anos 80, Belmiro elaborou o que ficou conhecido como a ‘Cartilha Sonae’, dirigida aos quadros da empresa. São 10 mandamentos que ninguém na empresa esquece:
1. O Homem Sonae ou é líder ou candidato a líder;
2. O Homem Sonae é culto, evoluindo do estágio de competência técnica para o estágio de Homem culto em geral;
3. O Homem Sonae deve ter disponibilidade temporal e resistência física para vencer períodos mais intensos de carga de responsabilidades;
4. O Homem Sonae deve ter responsabilidade mental para aceitar críticas vindas de superiores ou subordinados, deve reagir ou replicar, mas deve evitar a retaliação sistemática;
5. O Homem Sonae deve ter apreço pelo trabalho dos seus subordinados, cuidando permanentemente para que as condições de trabalho e o grau de conhecimento de todos os trabalhadores sejam continuamente melhorados;
6. O Homem Sonae deve ser reconhecido interna e externamente pela verticalidade do seu carácter;
7. O Homem Sonae deve ter elevados critérios de exigência pessoal, com forte devoção às suas tarefas, embora procurando sempre um justo equilíbrio com outras atividades;
8. O Homem Sonae deve ter um código ético e deontológico rigoroso em termos de valores;
9. O Homem Sonae tem de aceitar o desafio da concorrência interna e externa;
10. O Homem Sonae procura a excelência e fá-lo pelo somatório das boas decisões que vai tomando e excluindo liminarmente os erros parciais.
Em 1997, era Marcelo Rebelo de Sousa presidente do PSD e Guterres primeiro-ministro, o líder social democrata pediu um inquérito parlamentar sobres as relações entre os grandes grupos económicos e o governo. Belmiro foi convocado para comparecer em Lisboa, mas avisou desde logo que tinha de lá estar cedo porque tinha muito que fazer. E foi assim que, num raro momento da vida parlamentar, os deputados arrancaram com a audição pelas 8 da manhã. Perante o visível ar de sono dos parlamentares, Belmiro despachou rapidamente o assunto e nesse mesmo dia já estava na Maia a dirigir a SONAE.
Belmiro de Azevedo financiou o aparecimento do jornal Público porque acreditava na importância do jornalismo de qualidade. Vicente Jorge Silva, primeiro diretor do jornal, garantiu sempre que Belmiro nunca interferiu na linha editorial, Mas irritava-se muito com os erros dos jornalistas, sobretudo em assuntos económicos. O empresário nunca disfarçou, no entanto, o desagrado pelo rombo financeiro permanente que o jornal representava. Numa entrevista concedida ao próprio Público em 2013, confessava o incómodo:
"Não há muita gente a aguentar um ‘perdócio’ de 25 anos."
Num momento em que se discute a compra da Media Capital pela Altice, a morte de Belmiro de Azevedo traz à memória um dos poucos negócios em que falhou. Em março de 2007, os acionistas da PT – empresa que está hoje nas mãos da Altice – chumbaram a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Sonae à maior empresa de telecomunicações e Media do País. Belmiro de Azevedo nunca se conformou e acusou o Governo de Sócrates de ter minado o processo. Se o Estado, que detinha uma Golden Share, se manteve oficialmente neutra, a Caixa Geral de Depósitos, um dos principais acionistas votou contra. E Belmiro acusou sempre Sócrates de ter obrigado o banco público a essa decisão.
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