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Atiram e vão para discoteca

Rivais alvejaram Juvenal Mendes, 15 anos, na cabeça, peito e membros. Depois foram dançar.

15 de março de 2010 às 00:30

Três tiros de caçadeira, com o rapaz de quinze anos a ficar com chumbos cravados na cabeça, peito, pernas e num dos braços, selaram na madrugada de ontem mais um episódio violento na guerra entre gangs de bairros problemáticos do concelho de Cascais. Juvenal Mendes, a viver na urbanização do Miradouro, Tires, foi atingido no bairro onde já morou, o Fim do Mundo, Cascais, num ajuste de contas. E os três suspeitos seguiram para a discoteca Bauhaus, no Estoril, onde a PSP os foi buscar. Já estão entregues à PJ.

Depois de discussão por causa de uma rapariga, apurou o CM, o crime ocorreu pelas 05h30, na praceta Zeferino Gimenez. Há testemunhas, que socorreram a vítima e identificaram os agressores, mas, enquanto a primeira se esvaia em sangue, tendo sido transportada ao Hospital de S. Francisco Xavier, Lisboa, onde continuava ontem à noite em estado grave; os segundos foram terminar a noite para a discoteca no Monte Estoril.

A polícia entrou na discoteca, já passava das 07h00, e deteve os suspeitos – que conduziram os agentes até ao carro, nas imediações, onde tinham armas de fogo escondidas, inclusive a caçadeira utilizada no crime.

PERÍCIAS PARA ENCONTRAR AUTOR DOS DISPAROS

Vários agentes à civil e da Equipa de Intervenção Rápida da PSP de Cascais chegaram à discoteca no Monte Estoril já depois das 07h00, onde foram apanhar os três suspeitos de homicídio tentado a dançar descontraídos entre dezenas de pessoas – menos de duas horas depois de terem deixado Juvenal Mendes, 15 anos, estendido numa praceta com três tiros de caçadeira. Foram detidos, tendo levado os polícias até ao carro estacionado nas imediações – com a arma do crime lá dentro –, e entregues à secção de homicídios da Judiciária de Lisboa, responsável pela investigação. Os três suspeitos foram levados para a PJ ao final da manhã, apurou o CM junto de fontes da PSP, e terão sido submetidos a interrogatório e perícias para apurar qual dos três foi o autor dos disparos. Hoje deverão ser presentes ao juiz, em Cascais.

'QUE EU CONHEÇA, O MEU FILHO NUNCA TEVE INIMIGOS'

Juvenal Mendes é um dos dois filhos de Jacinta, uma guineense que chegou a Portugal, vinda de Bissau, há apenas três anos. A família foi fixar-se no bairro do Fim do Mundo, em São João do Estoril, Cascais. E 'só de lá saíram há um ano, quando a câmara os realojou na urbanização do Miradouro, em Tires', disse ao CM Fernando, um vizinho de Jacinta, que ainda se expressa num português muito rudimentar.

O jovem que ontem foi baleado estuda no 6º ano em Manique, e tem amigos no Fim do Mundo. 'Ele vai lá muito aos fins-de-semana', disse Jacinta, que assegurou desconhecer as razões que levaram aos três disparos contra o filho'. 'Que eu conheça, o meu filho nunca teve inimigos', concluiu Jacinta, tentando conter a tristeza.

PORMENORES

Vítima estável

Juvenal Mendes mantinha-se ontem à noite internado no serviço de trauma do Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, em situação estável.

Testemunhas ajudaram

Alguns moradores do bairro Fim do Mundo testemunharam o ataque de caçadeira e deram à PSP dados sobre os agressores.

Sangue na calçada

Ontem, ainda eram visíveis as marcas de sangue na calçada da praceta Zeferino Gimenez, onde Juvenal foi atingido.

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