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Nove anos por matar mãe

O arquitecto Nuno Barros, que matou a mãe com uma pá e enterrou o corpo num local ermo próximo do Alto de Leomil, em Almeida, foi ontem condenado a nove anos e meio de cadeia. O Tribunal de Almeida teve em conta a “colaboração” do arguido e o seu estado emocional na altura do crime.

12 de abril de 2005 às 13:00

O colectivo, presidido pelo juiz Jerónimo Gonçalves, não deu como provado o crime de homicídio qualificado pelo qual o arguido estava acusado – e condenou-o pela prática de um crime de homicídio simples, punido com uma pena entre oito e 16 anos de prisão.

A alteração da tipologia do crime ficou assente no facto de não ter sido provado que o arguido planeou matar a mãe nas 24 horas anteriores ao crime, tendo contribuído para tal o não esclarecimento em tribunal de quem é que colocou a arma do crime (uma pá) na mala do carro de Nuno Barros.

Os juízes também não acolheram a tese do Ministério Público que argumentava que o arguido, depois de ter golpeado várias vezes a mãe, lhe meteu um saco de plástico na cabeça para lhe “tirar o último sopro de vida”. Acabou por prevalecer as alegações da defesa, a cargo do advogado João Nabais, segundo as quais o arguido utilizou o “saco depois de ter comprovado o óbito, num acto de esconder o sangue”.

O juiz Jerónimo Gonçalves considerou também o facto de ter sido demonstrado que os laços de sangue, “indício de especial censurabilidade do crime e grande desvio em relação à norma”, nunca existiram entre o arguido e a mãe.

“Havia um relacionamento sem laços afectivos, tendo o arguido manifestado temor em relação à mãe e vergonha relativamente ao comportamento desta”, disse o juiz. Prevaleceu assim o facto de o arguido se ter queixado que viveu 27 anos de “tormento” devido à doença mental da mãe que não considerava como tal mas apenas como “Dalila”. Além disso o Tribunal teve em conta o facto de o arguido “se encontrar, na altura, ligeiramente perturbado por um recente rompimento amoroso”.

ATENUANTES ABRANDAM PENA

Nuno Barros, de 28 anos, beneficiou de atenuantes, nomeadamente a confissão do crime, o arrependimento e o pesar da acção praticada perante o tribunal.

Outro aspecto que o tribunal teve em conta foi o facto de o arguido ter colaborado com a Justiça: disse aos inspectores da Polícia Judiciária da Guarda onde enterrou a mãe e acompanhou-os até Nelas, tendo identificado o caixote do lixo onde se tinha desfeito dos poucos pertences da mãe.

Também indicou aos investigadores da PJ o lugar para onde tinha atirado a arma do crime (pá), prova que nunca teria chegado ao tribunal se o arguido não tivesse ajudado as autoridades. Isto para além do seu “bom comportamento” e da boa inserção social.

CONTORNOS DE UM CRIME MACABRO

VIAGEM

O crime ocorreu no dia 7 de Março do ano passado quando o arguido se deslocava de carro com a mãe, durante a viagem entre as localidades de Maia e Figueira de Castelo Rodrigo.

HOMICÍDIO

O arquitecto Nuno Barros parou o carro num local ermo. Após uma dura e azeda discussão com a mãe, foi buscar uma pá à mala do carro e matou-a com várias pancadas.

CONFISSÃO

Após o crime, enterrou o corpo nas traseiras de uma casa em construção e seguiu para Nelas, onde residia. Onze dias depois é que foi à GNR e contou todas as peripécias do caso.

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