O arquitecto Nuno Barros, que matou a mãe com uma pá e enterrou o corpo num local ermo próximo do Alto de Leomil, em Almeida, foi ontem condenado a nove anos e meio de cadeia. O Tribunal de Almeida teve em conta a “colaboração” do arguido e o seu estado emocional na altura do crime.
O colectivo, presidido pelo juiz Jerónimo Gonçalves, não deu como provado o crime de homicídio qualificado pelo qual o arguido estava acusado – e condenou-o pela prática de um crime de homicídio simples, punido com uma pena entre oito e 16 anos de prisão.
A alteração da tipologia do crime ficou assente no facto de não ter sido provado que o arguido planeou matar a mãe nas 24 horas anteriores ao crime, tendo contribuído para tal o não esclarecimento em tribunal de quem é que colocou a arma do crime (uma pá) na mala do carro de Nuno Barros.
Os juízes também não acolheram a tese do Ministério Público que argumentava que o arguido, depois de ter golpeado várias vezes a mãe, lhe meteu um saco de plástico na cabeça para lhe “tirar o último sopro de vida”. Acabou por prevalecer as alegações da defesa, a cargo do advogado João Nabais, segundo as quais o arguido utilizou o “saco depois de ter comprovado o óbito, num acto de esconder o sangue”.
O juiz Jerónimo Gonçalves considerou também o facto de ter sido demonstrado que os laços de sangue, “indício de especial censurabilidade do crime e grande desvio em relação à norma”, nunca existiram entre o arguido e a mãe.
“Havia um relacionamento sem laços afectivos, tendo o arguido manifestado temor em relação à mãe e vergonha relativamente ao comportamento desta”, disse o juiz. Prevaleceu assim o facto de o arguido se ter queixado que viveu 27 anos de “tormento” devido à doença mental da mãe que não considerava como tal mas apenas como “Dalila”. Além disso o Tribunal teve em conta o facto de o arguido “se encontrar, na altura, ligeiramente perturbado por um recente rompimento amoroso”.
ATENUANTES ABRANDAM PENA
Nuno Barros, de 28 anos, beneficiou de atenuantes, nomeadamente a confissão do crime, o arrependimento e o pesar da acção praticada perante o tribunal.
Outro aspecto que o tribunal teve em conta foi o facto de o arguido ter colaborado com a Justiça: disse aos inspectores da Polícia Judiciária da Guarda onde enterrou a mãe e acompanhou-os até Nelas, tendo identificado o caixote do lixo onde se tinha desfeito dos poucos pertences da mãe.
Também indicou aos investigadores da PJ o lugar para onde tinha atirado a arma do crime (pá), prova que nunca teria chegado ao tribunal se o arguido não tivesse ajudado as autoridades. Isto para além do seu “bom comportamento” e da boa inserção social.
CONTORNOS DE UM CRIME MACABRO
VIAGEM
O crime ocorreu no dia 7 de Março do ano passado quando o arguido se deslocava de carro com a mãe, durante a viagem entre as localidades de Maia e Figueira de Castelo Rodrigo.
HOMICÍDIO
O arquitecto Nuno Barros parou o carro num local ermo. Após uma dura e azeda discussão com a mãe, foi buscar uma pá à mala do carro e matou-a com várias pancadas.
CONFISSÃO
Após o crime, enterrou o corpo nas traseiras de uma casa em construção e seguiu para Nelas, onde residia. Onze dias depois é que foi à GNR e contou todas as peripécias do caso.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.