No segundo mês de 2025 chegou a morte de um homem que fintou a justiça, controverso e que deu muita tinta para manchetes: Pinto da Costa, o longuíssimo presidente do FCP, cujo humor fazia rir e irritar.
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Não morreria e viveria tanto como o tempo. Contudo, a morte fintou essa convicção e levou-o a 15 de fevereiro de 2025. Cerca das oito da noite o dia da eternidade chegava para Jorge Nuno Pinto da Costa. Em dezembro, fizera 87 anos, estava debilitado sem que a fraca saúde afetasse o forte sentido de humor. Cancro da próstata colocava na urna o homem que esteve à frente do FC Porto 42 anos. Entre 1982 e 2024, uma longa temporada com direito a episódios coloridos da fruta para dormir, rebuçado e café com leite, que pintaram o processo Apito Dourado. Nenhum apito soube colocá-lo no calabouço. Essa é que é. Jogo de cintura não lhe faltou, nem dedos apontados na sua direção. E Pinto da Costa ralado. Fugiu da tempestade sem necessitar de guarda-chuva, atraiu paixões, levou ao altar duas vezes a mesma mulher, casou no Brasil com a jovem de Toiros, viveu com a dançarina da noite. Quando traíam-no dava-lhes bombons de vinagre. Zangou-se com o filho e as pazes chegaram a ser feitas após uma década de silêncio. A pomba branca voou depressa. Na reta final, tentou reaproximar-se de Alexandre Pinto da Costa. Nada. Foi a votos em abril anterior à sua morte contra André Villas-Boas. Perdeu, já sabia que o trono ia para outro rei, mas mesmo assim, não desistiu. A perda maior foram os amigos, que, afinal, tinham amizade pela vida boa e boa vida que a sua presidência proporcionou-lhes. Desapareceram. Ficaram os verdadeiros, e a filha, netos, Cláudia Campos, a 5.ª esposa. No fim de 2024 lançou ‘Azul até ao Fim’, um livro para defender a honra do avô, expor gente que o traiu e escarrapachar quem entrava e ficava com a porta na cara no velório e funeral.
Processo satírico
Os Anjos enterraram o hino nacional na edição de 2022 do Grande Prémio de Portugal de MotoGP, no Algarve. Desafinados, a cantar, tentar, e inovar, mal, estilo pop lento. Os avós, na letra de Henrique Lopes de Mendonça, são egrégios, mas os manos cantaram igreijos. Tal e qual. Esta interpretação gerou um caso polémico com Joana Marques. A humorista criou um vídeo satírico sobre a atuação, os Anjos não gostaram, sentiram-se lesados, e a brincadeira acabou no tribunal. Processaram Joana Marques e pediram de indemnização um milhão de euros, alegando prejuízos financeiros e outros problemas, como acne desencadeada pelo stress provocado. Não passava de uma sátira e tratava-se de um caso de liberdade de expressão, a defesa de Joana Marques segurou-se nessa linha. E bem. A edição do vídeo havia sido uma manipulação humorística e não uma tentativa de falsificar factos. O julgamento começou em junho e em outubro as acusações afogaram-se na água do pântano. Absolvida, Joana Marques, com a ação a ser julgada improcedente. A decisão da juíza Francisca Preto não agradou. Paciência. A sentença considerou que a edição de vídeo feita por Joana Marques resumia-se a provocar risos e não ódios ou insultos. Estiveram dias a pensar, a pensar, se haveriam de recorrer, ou não, se sim, ou sopas. Sopas. Os Anjos vão ficar quietos.
Processos sem graça
A notícia admite atores que só personificam anjinhos no ecrã. Na vida real, caiu-lhes em cima a montanha de incriminações. Violência doméstica e assédio sexual tingem as suas reputações. O Ministério Público (MP) deu um inverno rigoroso a Nuno Homem de Sá. Acusou-o de três crimes: violência doméstica, violação de domicílio e perturbação da vida privada contra a sua ex-namorada, Frederica Lima. O tribunal determinou que Nuno Homem de Sá, de 63 anos, ficasse proibido de contactar Frederica Lima. Mais: impôs Termo de Identidade e Residência e proibiu-o de aproximar-se a menos de 500 metros da sua casa/trabalho. Passados dois meses, nova imputação veio de uma outra ex-namorada, Nádia Lopes, e a jovem descreveu uma situação de maus-tratos parecida à de Frederica: selvajaria e física, e filmagens sem consentimento.
Em fevereiro, noticiou-se que nove crimes poderiam destronar a honra de Carloto Cotta. Importunação sexual, coação sexual, violação, sequestro na forma agravada, dois crimes de ameaça agravada, coação agravada, ofensa à integridade física simples e injúria. A queixa remonta a 2023 e refere que uma mulher com cerca de 40 anos, em sequência de um encontro numa livraria, alegou ter sido mantida à força na casa do ator, impedida de sair, e coagida a atos sexuais. O tribunal de Sintra considerou que os testemunhos apresentavam incongruências e absolveu Carloto Cotta.
Há denúncias públicas de assédio moral e sexual dirigidas a António Capelo, fundador e antigo diretor artístico da ACE - Academia Contemporânea do Espectáculo. Ex-alunos acusam-no de comportamentos de assédio sexual e moral desde 2017. O ‘Público’ recolheu o primeiro testemunho não anónimo, seguindo-se o ‘Observador’, que, aliás, antes da bomba explodir já havia falado com discípulos do ator, que nega as acusações. Diz-se vítima de uma cabala e apresentou queixa-crime por difamação contra páginas anónimas que divulgaram depoimentos acusatórios.
Também António Pedro Cerdeira refuta as imputações de violência doméstica feita contra Susana Silva, ex-companheira, aponta-lhe desequilíbrios, dependência de álcool e drogas e afirmou: “quero ir a julgamento”. E vai. Será em abril de 2026. As agressões, que se entenda, não eram empurrões ou chapadas, que isso parece ser pouco para a Susana, em comparação com o que garante ter sofrido: murros na cabeça, pontapés, trela de cão a fazer de chicote e bancos que lhe abriram a cabeça. O MP pede uma mão-cheia de anos de prisão. A ser verdade, é curto.
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