Com uma economia perto do pleno emprego, há negócios que não sobrevivem sem os imigrantes.
O indicador de confiança dos consumidores divulgado em novembro pelo INE revelou sinais contraditórios. Por um lado, diminuiu no penúltimo mês por causa das perspetivas sobre a evolução futura da situação económica do País, da situação financeira do agregado familiar e da realização de compras importantes por parte das famílias. Mas as opiniões sobre a evolução passada da situação financeira do agregado familiar registaram um contributo positivo. O ano 2025 foi razoável, a maior parte das famílias teve mais dinheiro, a baixa de juros aliviou a pressão financeira, as pessoas gastaram mais e o turismo continuou a ser o motor mais dinâmico da economia.
No fim do ano o PIB deve registar um crescimento de quase 2%, o mais provável é mesmo 1,9%. Não é um grande salto, mas podia ser bem pior num ano em que na frente externa, as tarifas de Trump sobre os produtos europeus criaram uma grande ameaça à atividade económica. Alguns setores e muitas empresas sentiram na pele o efeito das medidas de Trump, mas a economia aguentou relativamente bem.
Na indústria uma das preocupações são os componentes automóveis, que nos últimos anos foram campeões da exportação. A crise automóvel europeia para a qual contribuíram as tarifas americanas e a inépcia da indústria de concorrer com os chineses nos carros elétricos está a levar a uma quebra das encomendas o que já se nota nas contas das exportações do setor.
IRS e extra nas pensões
Foi realmente a procura interna, alimentada pelo consumo das famílias e pelo turismo, que deu gás à economia este ano.
Subiu o salário mínimo e o salário médio, o IRS teve um alívio ligeiro que pôs mais dinheiro nas mãos dos consumidores e os reformados também beneficiaram, como no ano anterior, de um extra que teve motivos políticos e eleitorais, mas que também favoreceu o consumo. Por outro lado, a invasão turística que tornou as cidades de Lisboa e Porto muito procuradas por estrangeiros, praticamente sem sazonal idade, e o Algarve a manter um grande mercado estival, além da subida de outras regiões, devem levar este ano a voltar bater recordes, provavelmente, sendo o melhor ano turístico de sempre em receitas.
Baixo desemprego
O sucesso do turismo também criou outras dificuldades como o acesso à habitação, uma vez que os alojamentos disponíveis nas zonas mais pressionadas pela procura turística tiram casas disponíveis para as famílias morarem, encarecendo ainda mais o preço da habitação.
No entanto, com uma economia perto do pleno emprego em muitos setores, há negócios que não sobrevivem sem os imigrantes — o turismo é um deles. Da restauração à hotelaria e muitos outros serviços relacionados com a atividade, seriam impossíveis de manter sem o afluxo de estrangeiros.
Não é só o turismo a depender da mão de obra importada, também a agricultura e a construção necessitam destes trabalhadores.
Cofres cheios
Graças às contribuições de centenas de milhares de imigrantes e, também, por causa do aumento geral dos salários, as contribuições para a segurança social bateram novo recorde, aumentando a folga da ‘almofada’ que se destina ao pagamento das pensões no futuro.
A imigração, que é uma questão social delicada e que politicamente incendeia extremismos, deu um impulso demográfico importante a uma economia que tinha e tem uma população residente muito envelhecida.
Os recordes de emprego registados e a melhoria salarial também significaram mais receitas para o Estado. É certo que houve um ligeiro alívio nas taxas, mas as receitas do imposto subiram, assim como o acréscimo do consumo também permitiu engordar as receitas do IVA e de outros impostos indiretos. Por isso, o ano 2025 deverá terminar com um excedente, que se tornou norma nos últimos anos, uma herança que vem de Medina, depois de Centeno ter sido o primeiro ministro das Finanças a alcançar essa marca, antes da pandemia.
Corremos o risco de 2025 ser mesmo o último ano do ciclo com excedente nas contas públicas. O governo ainda insiste em ligeiro excedente no próximo ano, mas a via é muito curta e já é muito provável que este superávite não continue.
Milhões da banca
Para centenas de milhares de famílias o alívio dos juros que a política monetária do BCE permitiu foi a grande notícia económica do ano. Até ao verão, oito descidas consecutivas permitiram baixar os juros de 4% para 2%, o que significou uma poupança importante nas prestações mensais do crédito, mas os bancos continuam a viver em tempos de vacas gordas. Nos primeiros nove meses do ano, a média de lucros dos cinco maiores bancos do mercado atingiu valores próximos dos 14 milhões de euros por dia. Os juros dos depósitos bancários é que são extremamente baixos, levando a uma corrida aos certificados de aforro, que apesar de não baterem a inflação permitem um rendimento muito superior.
O tempo de vacas gordas da banca também permitiu o grande negócio do ano: a fabulosa venda do Novo Banco . O banco que resultou do descalabro do BES foi vendido ao grupo francês BPCE por €6,4 mil milhões. O Estado recuperou 2 mil milhões de euros através do Fundo de Resolução, mas o saldo da operação para os contribuintes foi negativo. Contudo, o fundo norte-americano Lone Star, que adquiriu a maioria do banco junto do Estado português em condições vantajosas, é que fez um encaixe fabuloso com a operação. Os despojos do BES engordaram muitas fortunas.
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