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Operação Marquês: José Sócrates usa advogado para arrastar julgamento

O antigo primeiro-ministro quis prestar declarações em tribunal, mas quando entrou no tema mais delicado – o dinheiro – pediu uma pausa e não voltou.

28 de dezembro de 2025 às 17:00

3 de julho de 2025 fica para a história como o dia em que, pela primeira vez em Portugal, um ex-primeiro-ministro se sentou no banco dos réus, acusado de corrupção no exercício de funções. O julgamento da Operação Marquês chegou a tribunal uma década depois de conhecida a investigação. Depois de confrontado com as suspeitas, o antigo primeiro-ministro lançou mão da sua primeira estratégia: passou anos a tentar empatar o processo e travar a ida a julgamento, com dezenas de recursos, requerimentos, reclamações e pedidos de afastamento de juízes.

Apenas ganhou tempo e adiou o inevitável. Alguns crimes menores também prescreveram.

Postura em tribunal

Sócrates ignora as provas e as escutas, não reconhece legitimidade ao tribunal que o está a julgar e compara-se a Lula da Silva, para dizer que o processo é uma perseguição política contra ele. Decidiu falar em tribunal, mas transformou as sessões de julgamento em monólogos e comícios, com ataques cerrados. Desrespeitou procuradores e juízes, e quando chegou à parte de explicar o dinheiro, disse que estava cansado e pediu uma pausa no interrogatório, para não mais voltar. Fazia tudo parte da nova estratégia.

Uma guerra com a juíza-presidente, para, como acusou a magistrada, “minar a credibilidade do tribunal”. Pedro Delille, o advogado que o acompanhava há mais de 10 anos, renunciou. O julgamento acabou suspenso por 20 dias para o antigo primeiro-ministro nomear novo defensor. A juíza suspeita que este é um episódio que poderá voltar a repetir-se. Nova renúncia, novo advogado, mais prazo e tempo para consultar o processo. Com isto, o julgamento arrasta-se e mais crimes podem cair, como a corrupção de Vale do Lobo, que prescreve em meados do próximo ano.

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