Conferências contaram com a presença de D. Américo Aguiar e o Diretor Nacional da Polícia Judiciária.
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O Correio da Manhã celebra esta terça-feira 45 anos com o evento 'Redação Aberta' a decorrer ao longo do dia no Porto e em Lisboa.
A segunda parte do evento desta terça-feira iniciou com uma apresentação por parte de Octávio Ribeiro, administrador da Medialivre, daquilo se ia passar durante a tarde.
O diretor-adjunto do Correio da Manhã Eduardo Dâmaso esteve numa conversa com o Almirante Silva Ribeiro, com o tema "Portugal 2045", sobre as estratégias de desenvolvimento para o País.
Eduardo Dâmaso começou por questionar o Almirante Silva Ribeiro sobre como é possível fazer o ressurgimento de Portugal através da economia do mar.
O Almirante abordou a conquista portuguesa e afirmou que "o mar na nossa vida, no passado, foi essencialmente um elemento de coesão e utilizado para ir buscar recursos necessários".
Relembrou que o mar é importante e um elemento chave para o desenvolvimento de Portugal.
"O nosso espaço marítimo é gigantesco. Aquilo que hoje o mar nos oferece em termos de recurso. É onde estão os minerais estratégicos para o desenvolvimento dos países. Por exemplo, o cobre, que é essencial, é no mar que está", disse.
Silva Ribeiro notou que existe o desafio da tecnologia. Lembrando que é necessário "termos a tecnologia para acedermos aos recurso que estão no fundo do mar". Para isso é necessário fazer "parcerias estratégicas com países que não tenham interesse nas mesmas áreas que nós".
"É preciso que os decisores políticos percebam que o futuro de Portugal passa por ter recursos no seu território que são seus e que deve explorar", acrescentou.
Eduardo Dâmaso questionou o Almirante Silva Ribeiro sobre se o poder político tem noção que isto implica uma alteração da forma como olhamos para o País.
O Almirante afirmou que quando entrámos para a União Europeia (UE) "ficámos cegos com os fundos da União Europeia", acrescentando que "fomos sempre uma potência de captar recursos no exterior" e que quando entrámos para a UE começamos a receber os recursos e deixámos de os procurar.
No entanto, "temos de ter consciência de que estas situações não são eternas e se temos recursos no nosso território temos de os saber explorar", alertou.
Para Silva Ribeiro "o mar vai permitir seguirmos um caminho autónomo".
O Almirante Silva Ribeiro afirmou que o projeto de expansão da zona económica exclusiva, que está para aprovação desde 2009, poderá ser "analisado para o ano".
"Portugal tem olhado para as dúvidas que as propostas dos outros países têm trazido e alterou a sua para que o processo de aprovação possa ser mais rápido", acrescentou.
Jornalismo e Investigação
Sérgio Azenha começou por dizer que "o jornalismo de investigação vai ser o futuro do jornalismo".
"O jornalismo de investigação serve para garantir que o interesse publico é defendido de forma objetiva e muitas vezes revelando informações que muita gente quer manter escondida", afirmou.
O jornalista abordou o caso em que a ex-administradora da TAP, Alexandra Reis recebeu um prémio de 500 mil euros, afirmando que este foi um caso de "exceção" porque a investigação durou "apenas três dias".
"Quanto mais informação o jornalista tiver, quanto mais áreas dominar, mais competências tem para ir mais longe na investigação. Neste caso isso foi essencial", salientou.
A jornalista Débora Carvalho falou também do tema e disse que "é um trabalho complicado, é preciso ter coragem".
"Enfrentamos muitas tentativas de pressão", frisou.
Mas acredita que "a vontade de revelar aquilo que está escondido" tem de ser maior, até porque o "o jornalismo tem de ser incómodo e livre".
A jornalista abordou o caso de João Rendeiro, que acompanhou de perto. Lembrou o momento em que teve de ir à cadeia onde estava o banqueiro.
"Só o filme que foi para entrar lá foi inacreditável. Foi muito desafiante, nesse meio, fora da minha realidade, conseguir mover-me", disse.
O jornalista Nuno Tiago Pinto falou das necessidades do jornalista de investigação.
"Fazermos a pergunta certa pode fazer com que uma situação corriqueira se possa tornar numa grande história. É preciso desconfiar", salientou.
Nuno Tiago Pinto lembrou que é muito importante os jornalistas terem conhecimento dos procedimentos e ter a capacidade trabalhar e estudar os acontecimentos.
Durante a sessão de perguntas, Sérgio Azenha esclareceu que para se saber se uma notícia tem interesse público, deve-se assegurar que "ao ser pública vai valorizar o conhecimento de uma comunidade".
Para responder à pergunta se há meios para fazer jornalismo de investigação em Portugal, Nuno Tiago Pinto afirmou que "nunca como hoje houve capacidade para fazer tão bom jornalismo como há", salientando que existem várias ferramentas à disposição do jornalismo, graças à tecnologia.
Ainda durante a sessão de perguntas, João Malheiro fez uma intervenção sobre o jornalismo de investigação no Correio da Manhã.
"Nunca encontrei um espaço de liberdade como o Correio da Manhã, eu acho que este é o sinal distintivo mais importante que esta casa apresenta", frisou.
Jornalismo de Proximidade
Num painel dedicado ao jornalismo de proximidade os jornalistas Paulo João Santos e Francisco Penim conversaram com José Luís Oliveira.
O jornalista Francisco Penim começou por explicar que o Correio da Manhã tem correspondentes espalhados por todo o país, incluindo os arquipélagos.
José Luís Oliveira, editor da região centro do Correio da Manhã, abordou o porquê do CM ser o primeiro a saber das notícias.
"Chegamos à conclusão que somos a única casa que temos espaço físico espalhado pelo País", explicou.
Paulo João Santos explica que "a arquitetura de todos estes correpondentes" foi desenhada para o Correio da Manhã "ser sempre o primeiro".
Francisco Penim abordou o facto da CMTV ter começado em Viseu, frisando que isto se trata de jornalismo de proximidade.
José Luís Oliveira acrescentou que o início da CMTV em Viseu foi muito importante para contrariar a desertificação do interior.
O jornalista frisou que atualmente é mais fácil fazer jornalismo como correspondente, do que era há uns anos, quando passou do jornal para a televisão. "Mas era ali que estava o nosso futuro", acrescentou.
José Luís Oliveira disse que para ele, ser jornalista correspondente "é um prazer".
Francisco Penim falou das dificuldades que é manter o jornal em papel, e Paulo João Santos lembrou que o jornal tem de estar fechado às 23h para se poder fazer a distribuição, o que por vezes é difícil.
Gravação do podcast "Crime e Castigo"
A bastonária começou por dizer que "não há como contornar que a justiça tem um problema de morosidade, que decorre da falta de meios".
"Faltam cerca de mil oficias de justiça em todo o País, e isto é essencial para que a justiça possa andar. E o Governo anterior contratou cerca de 200", acrescentou.
Fernanda de Almeida Pinheiro frisou que os ordenados são muito baixos, o que traz a existência de várias greves e consequentemente o atraso dos processos judiciais.
Paulo João Santos afirmou que existem recursos a mais, o que pode fazer com que os processos demorem vários anos a ser resolvidos.
"Não há garantias a mais, o nosso sistema está bem montado", alertou a bastonária.
Sérgio Vitorino questionou Fernanda de Almeida Pinheiro se existe um problema de comunicação na justiça, a bastonária afirmou que sim.
O jornalista e a bastonária concordaram em considerar que os "honorários" são "miseráveis". "A justiça tem que ser eminentemente gratuita, como é o Serviço Nacional de Saúde", declarou Fernanda de Almeida Pinheiro.
A bastonária defendeu ainda que é dever dos advogados alertar para o preço que os clientes vão pagar para usufruírem dos serviços de defesa.
Jornalismo e Democracia
Pedro Mourinho conduziu a última conversa da 'Redação Aberta', com a participação do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, o Diretor Nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, o Bispo de Setúbal, D. Américo Aguiar, e o diretor-geral editorial do CM, Carlos Rodrigues.
"As autarquias têm de investir mais no jornalismo", disse o autarca da capital, que voltou a recordar a medida que anunciou esta manhã, na redação do Correio da Manhã, no Porto.
Carlos Moedas esclareceu que é preciso ter "autoconfiança" para os políticos assumirem o que fizeram mal. "Todos os dias fazemos coisas bem e erros, mas se assumirmos os erros somos respeitados. O pior é a mentira", detalhou
O Diretor Nacional da Polícia Judiciária admitiu que se vivem momentos difíceis no jornalismo. Luís Neves apontou as "fake news" e a "desinformação" como ameaças.
"Tem que ser feito um esforço para garantir a manutenção dos órgãos de comunicação sociais credíveis", disse.
Já D. Américo Aguiar explicou que as pessoas são cada vez mais enganadas por informação veiculada nas redes sociais. "Espero que a Inteligência Artificial nos ajude a fazer triagem. Há cada vez mais iliteracia no consumo dos media", desabafou.
Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial do CM, explicou que o Correio da Manhã é um exemplo de jornalismo livre e independente. "Fazemos o possível para que a verdade seja validade todos os dias", justificou.
"Democracia e jornalismo são duas formas de dizer o mesmo. A barreira que temos para defender a democracia é o jornalismo de qualidade", esclareceu.
O bispo de Setúbal admitiu que se vive um "problema nos media", para o qual é preciso encontrar uma solução. O sacerdote, depois de concordar com Carlos Rodrigues, aditou que "há pessoas a beneficiar com a desinformação".
O autarca de Lisboa defendeu que, atualmente, com o aumento do consumo de informação, nas redes sociais, as pessoas duvidam mais dos jornalistas. Ainda assim, assumiu: "O verdadeiro jornalismo é credível, não serve um lado. O verdadeiro jornalista faz o que o meu pai fazia nos anos 70".
Luís Neves retomou a palavra para justificar que o jornalismo não se pode desviar dos seus objetivos, nunca esquecendo o segredo de justiça.
"Em todos os concursos que temos para novos polícias, digo-lhes sempre que 'os suspeitos e os arguidos são para ser respeitados'", disse o Diretor Nacional da PJ.
Pedro Mourinho questionou Luís Neves sobre a dualidade de esclarecimentos da PJ, que partilha mais vezes a informação em casos de "crime menor", em comparação com "casos de corrupção".
"Em todo o momento em que é possível dizer mais informação, nós partilhamos, em defesa da transparência", respondeu, admitindo que há casos em que tal não é possível. "Os nossos silêncios também têm um significado", acrescentou.
D. Américo Aguiar pediu aos jornalistas para não confundirem os termos: "acusado, arguido, condenado e suspeito não são a mesma coisa". Luís Neves concordou com o Bispo e acrescentou que a "honra da pessoa visada jamais é recuperada".
Questionado pelo público, Carlos Moedas esclareceu que "só os grandes jornais internacionais conseguem subreviver com subscrições" e defende uma reinvenção do modelo de negócio.
Entre os modelos sugeridos para o sucesso do jornalismo, o presidente da Câmara de Lisboa, salienta o modelo do Correio da Manhã, com resultados de sucesso.
"Da mesma forma como o Correio da Manhã escrutinou o alegado negócio da Lusa, o Correio da Manhã também escrutinará se houver alguma tentação de resolver as dívidas e o passivo da Global Media, artificalmente", esclareceu Carlos Rodrigues.
D. Américo Aguiar, questionado por uma jovem, defeniu que o "principal pecado" do jornalismo é colocar em causa "o primado da verdade".
"É preciso curar da qualidade de cada um de nós. Os estudantes têm de ler, ter curiosidade, temos de nos formar a nós próprios. É preciso que procurem a melhor formação possível. É preciso não ter ilusões: há excedentários no mercado. Aprendam o mais possível", aconselhou o diretor-geral editorial do Correio da Manhã
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