Flotilha com cerca de cinco mil pessoas foi encabeçada por várias lideranças indígenas como Raoni Metuktire, símbolo da defesa da Amazónia e dos direitos das comunidades locais.
Cerca de 5.000 pessoas navegaram esta quarta-feira em mais de 150 embarcações pelos rios da cidade brasileira de Belém, onde decorre a COP30, para "denunciar falsas soluções climáticas" e mostrar que "os povos são a resposta".
A flotilha foi encabeçada por várias lideranças indígenas como Raoni Metuktire, símbolo da defesa da Amazónia e dos direitos das comunidades locais, e representantes dos povos Kayapó, Panará, Borari, Tupinambá, Xipaya, Arapiun, Huni Kuin e Kayabi, entre outros.
A diretora executiva da Greenpeace Espanha e Portugal, Eva Saldaña, que participa da flotilha, disse à Lusa que este é "um movimento indígena sem precedentes", no qual percorreram 7 milhas com mais de 200 embarcações, juntando-se ao "Rainbow Warrior", um dos navios icónicos da organização Greenpeace.
"As respostas aos desafios que enfrentamos estão claramente nas comunidades indígenas, nas comunidades locais, nos povos das florestas, da terra, da água. Eles sabem quais são as soluções para a crise ecológica que enfrentamos", sublinhou.
A ativista espanhola recordou ainda que a sociedade civil reivindica neste protesto a "paragem das grandes empresas fósseis e do grande agronegócio" e ainda a demarcação dos territórios dos povos indígenas.
"Vamos continuar lutando juntos, vamos continuar lutando pela defesa da Amazónia, pela defesa de todas as florestas do planeta, mas acima de tudo pela justiça climática", garantiu.
O desfile fluvial, com embarcações de vários tamanhos, deu início à chamada Cimeira dos Povos, uma espécie de contraponto à COP, durante a qual se realizam debates sob o lema: "O clima está esquentando! A crise já chegou. Não vamos esperar por soluções de cima!"
Os barcos seguiram pelos rios Guamá e Guajará até à Vila da Barca, um bairro social onde parte dos moradores "vive sem nenhum saneamento", denunciou a organização da flotilha.
À imprensa, Raoni Metuktire voltou a criticar prospeção de petróleo perto da foz do rio Amazonas.
"Eu já conversei com o Presidente Lula para ele não perfurar poço de petróleo" disse.
No dia anterior, nonagenário acompanhou um grupo de líderes indígenas num ato de denúncia sobre a exploração que a petrolífera estatal Petrobras realiza em áreas oceânicas, a cerca de 500 quilómetros da foz do rio Amazonas, uma zona considerada "altamente vulnerável" pelos ambientalistas.
A região abriga reservas ambientais, territórios indígenas, mangais e recifes de coral, bem como uma grande diversidade marinha com espécies em perigo de extinção.
A breve, mas contundente, mensagem de Raoni juntou-se à de um grupo de líderes indígenas que denunciaram os impactos da atividade exploratória nos seus povos, afirmando que esta ameaça os seus territórios, a sua espiritualidade e o seu modo de vida.
"Se destruírem os nossos rios, matam-nos", alertou uma líder da etnia Karikuna.
A denúncia dos povos indígenas e das comunidades tradicionais contra a exploração petrolífera ganhou força depois de a Petrobras ter iniciado, no final de outubro, a fase exploratória de um poço situado a cerca de 175 quilómetros da costa amazónica, após ter obtido autorização da autoridade ambiental brasileira.
A petrolífera estatal espera confirmar o potencial petrolífero da chamada Margem Equatorial, uma região em águas profundas ao largo dos estados brasileiros do Amapá, Pará e Maranhão, que a empresa considera poder vir a tornar-se no seu maior ativo em termos de reservas.
A Petrobras tinha planos para explorar a região desde 2022, mas só este ano conseguiu a licença ambiental depois de comprovar que pode realizar a exploração "com responsabilidade" e sem afetar o meio ambiente.
O tema tem sido fortemente questionado por ter ocorrido vésperas do início da COP30, apesar dos compromissos climáticos assumidos pelo Governo brasileiro.
O Governo brasileiro pretende apresentar-se em Belém como um líder da agenda climática, graças ao combate à desflorestação na Amazónia, mas várias organizações não-governamentais têm criticado a aposta contínua na extração de petróleo numa zona tão sensível como a costa amazónica e apresentaram uma ação na Justiça brasileira para anular a licença de pesquisa de petróleo à Petrobras numa área próxima da foz do rio Amazonas.
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