Democratas encurralados entre Donald Trump e Joe Biden

Prestação do Presidente dos EUA num debate decisivo faz soar alarmes no partido do poder.

29 de junho de 2024 às 09:21
Donald Trump considerado vencedor do debate na CNN em Atlanta Foto: Brian Snyder/reuters
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No rescaldo do debate televisivo entre Joe Biden e Donald Trump a questão que se coloca já não é sobre quem ganhou o decisivo frente a frente na corrida à Casa Branca. A dúvida é saber se o atual Presidente e candidato do partido democrata tem condições para assumir essa disputa após um embate claramente ganho por Trump, no qual o republicano voltou a hipotecar a verdade, transformando o debate num festival de populismo observado passivamente por um Biden frágil. Thomas Friedman, um dos mais respeitados comentadores dos EUA, acha que Biden deve desistir. E não está sozinho. O cronista do ‘New York Times’, viu o debate num quarto de hotel em Lisboa (era madrugada, ontem, na capital) e confessa que chorou por não ter memória de um “momento mais desolador” numa campanha. Outros observadores consideraram “um desastre” a prestação de Biden, que não foi capaz de aparecer no debate da CNN, a partir de Atlanta, com o vigor necessário para contrariar rumores de fadiga e apatia, talvez decorrentes dos seus 81 anos.

O frente a frente, carregado de regras apertadas para evitar atropelos, teve pouco de confronto de ideias e muito de embate de aptidões, com Biden rouco e a trocar nomes e um Trump agressivo e insultuoso, que vai a votos com uma condenação judicial que tentou mitigar. Sem pudor, Trump adotou conceitos vagos para temas complexos, como o aumento da imigração e a relação não provada com a subida da criminalidade, temática que Biden defende com uma abordagem mais humanitária. O Presidente defendeu, de forma intransigente, as políticas de apoio à Ucrânia e a Israel, que Trump considerou “fracas”. Quanto ao aborto, Trump reiterou uma posição ambígua, atirando para os estados a decisão, enquanto Biden pretende uma solução de âmbito federal. A economia ocupou parte relevante do debate, com Biden a destacar a recuperação pós-pandemia que Trump negou, atacando com o aumento da inflação e dos combustíveis.

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Uma sondagem após o debate revela que 8 em 10 eleitores que assistiram ao debate dizem que o confronto não teve qualquer efeito na escolha para presidente, mas é sabido que, agora, tudo pode mudar quando o conteúdo do frente a frente for retalhado e partilhado nas redes sociais. Só mais tarde saberemos se Biden aguenta até ao fim ou se os democratas serão obrigados a um plano B com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, à cabeça.

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