Primeiro frente a frente entre os candidatos presidenciais decorreu na madrugada desta sexta-feira.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, surgiu com problemas de voz, respostas incoerentes e lapsos verbais no primeiro debate com o rival republicano Donald Trump, que, mais enérgico, abusou de afirmações falsas sobre economia, imigração ilegal e outros temas, na madrugada desta sexta-feira.
Joe Biden e Donald Trump abriram o seu primeiro debate presidencial de 2024 sem um aperto de mãos e foram diretos para as perguntas dos moderadores da CNN, com o democrata a revelar uma voz rouca - devido a uma gripe, segundo uma fonte próxima da campanha - o que ajudou a passar desde início uma imagem fragilizada, face a um adversário confiante.
Donald Trump encadeou falsas afirmações com calma e confiança e Joe Biden, apesar de ofensivo na substância das suas respostas, mostrou-se confuso e com dificuldades de dicção em vários momentos do debate, durante o qual os rivais entraram em confronto em temas como inflação, imigração ou Ucrânia.
Biden diz que herdou economia dos EUA "em queda livre" e Trump devolve críticas
Joe Biden disse na madrugada desta sexta-feira que herdou uma economia "em queda livre" quando chegou à Casa Branca e que passou os últimos anos a consertar os problemas deixados pelo antecessor Donald Trump, durante o primeiro frente a frente entre os candidatos presidenciais.
"A economia colapsou, não havia empregos, o desemprego subiu para 15%, foi terrível", afirmou Biden no debate, ao ser questionado sobre a elevada inflação e a pressão dos preços sobre os consumidores.
O debate moderado pela CNN foi o primeiro de sempre entre um ex-presidente e um Presidente em funções, que se enfrentam pelos próximos quatro anos na Casa Branca.
"Estamos a trabalhar arduamente para lidar com estes problemas", disse Biden, caracterizando o que foi deixado pelo antecessor como "caos". Donald Trump refutou de forma incisiva esta caracterização, declarando que no seu mandato os Estados Unidos tiveram "a melhor economia na história do país" e "toda a gente estava maravilhada".
O ex-presidente defendeu os gastos "necessários" durante a pandemia de covid-19 e disse que nunca recebeu o crédito devido por ter tirado o país da crise da pandemia.
"Os únicos empregos que ele criou foram para imigrantes ilegais", argumentou Trump, virando-se para Biden.
O republicano também defendeu os cortes de impostos que beneficiaram mais as grandes empresas e os mais ricos, garantindo que o governo conseguiu mais receitas com taxas mais baixas.
"Os cortes de impostos levaram à melhor economia que alguma vez vimos", disse Trump.
"Estávamos prontos para começar a pagar a dívida", defendeu, quando confrontado com o aumento significativo do défice durante a sua administração. Pelo seu lado, Joe Biden argumentou que herdou 9% de inflação e que a economia durante Trump destruiu mais empregos que os que criou.
"Ele é o único que pensa que esta era a melhor economia do mundo", disse Biden.
"Ele premiou os ricos", continuou, frisando que Trump levou à "maior dívida nacional de qualquer presidente" e que se os milionários pagassem uma taxa de impostos justa seria possível financiar todo o tipo de programas sociais, incluindo subsídios para creches.
Trump disse que, se for eleito em novembro, vai impor tarifas de 10% a todos os bens importados e permitir responder aos países que têm estado a "ludibriar" os EUA, nomeando especificamente a China.
Também contrariou Biden dizendo que ele não herdou nenhuma inflação.
Biden acusa Trump de querer assinar proibição nacional do aborto
O Presidente norte-americano Joe Biden acusou, durante o debate, o seu rival Donald Trump de querer assinar uma proibição nacional do aborto, durante o primeiro debate das presidenciais entre os dois candidatos, em Atlanta, Geórgia.
"O que é que ele vai fazer se a ala MAGA ["Make America Great Again", afecta a Trump] controlar o Congresso e aprovar uma proibição federal?", questionou Joe Biden. "Ele vai assinar essa lei [a proibir o aborto]. Eu vou vetar, ele vai assinar".
O direito federal ao aborto foi revogado em junho de 2022 quando a super maioria conservadora do Supremo Tribunal, com três juízes nomeados por Donald Trump, anulou a decisão de 1973 conhecida como Roe v. Wade.
Trump recusa culpa pelo ataque ao Capitólio e Biden chama-o de "choramingas"
Donald Trump recusou ter culpa pelo ataque ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021 e Joe Biden chamou-o de "choramingas", apontando que o ex-presidente quer perdoar os assaltantes que foram condenados em tribunal.
"A Nancy Pelosi disse à sua filha que ela foi a responsável. Eu ofereci 10 mil elementos da Guarda Nacional e ela rejeitou por escrito", afirmou Donald Trump, referindo-se à então líder democrata da Câmara dos Representantes.
"Eu conseguia ver o que estava a acontecer e disse que era muita gente. E ofereci a Guarda Nacional e ela admite que rejeitou. Ela disse que assumiu responsabilidade total pelo 6 de janeiro", argumentou o ex-presidente.
Biden chama "parvo e perdedor" a Trump em discussão sobre veteranos de guerra
"O meu filho [veterano de guerra Beau Biden] não era um perdedor nem um parvo. Você é o parvo. Você é o perdedor", apontou o candidato democrata à reeleição.
Agitado, Biden abandonou o tom calmo que o caracteriza para recordar que recentemente visitou França para o aniversário do desembarque dos aliados da Normandia na 2ª Guerra Mundial e visitou o cemitério de militares mortos em combate, a que Trump se recusou a ir enquanto presidente.
O primeiro debate presidencial de 2024 teve a duração de 90 minutos, com dois intervalos comerciais, e decorreu num estúdio do canal CNN em Atlanta, estado da Geórgia, com a moderação dos jornalistas Jake Tapper e Dana Bash.
O debate, que colocou frente-a-frente Biden e Trump pela primeira vez em quatro anos, aconteceu num momento em que as sondagens mostram uma disputa acirrada entre os dois candidatos e quando faltam menos de cinco meses para as eleições presidenciais.
Para evitar a repetição das cenas caóticas registadas em debates anteriores, foram ditadas regras incomuns, como um debate sem público, o silenciamento dos microfones quando o candidato rival estiver a falar ou a proibição dos candidatos trocarem ideias com a sua equipa durante os intervalos ou de levarem notas escritas para o palco.
Biden e Trump voltarão a enfrentar-se em 10 de setembro, num segundo debate organizado pela rede ABC News.
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