Aos 40 anos, Vance afirmou-se facilmente entre a fação mais radical do Partido Republicano.
O candidato republicano à vice-presidência dos EUA, JD Vance, tem-se afirmado como a voz da fação conservadora do partido, mas é desvalorizado pelos adversários democratas, que não lhe reconhecem influência no eleitorado.
Aos 40 anos, Vance afirmou-se facilmente entre a fação mais radical do Partido Republicano, que o definiu como um "jovem Abraham Lincoln", em referência a uma figura histórica deste setor político norte-americano, não apenas pela barba que insiste em manter, mas também pela retórica fácil que aprendeu a desenvolver.
Para muitos apoiantes do ex-Presidente e agora de novo candidato republicano Donald Trump, os dons de oratória de Vance podem ser um trunfo importante no confronto que terá contra a candidata o candidato a vice-Presidente democrata, Tim Walz, marcado para Nova Iorque na terça-feira (madrugada de terça para quarta-feira em Portugal Continental).
Contudo, James David Vance nunca menciona essas suas alegadas qualidades no seu livro de memórias, "Hillbilly Elegy", publicado em 2016, que deu fama nacional ao político nascido e criado em Middletown, Ohio.
No livro, Vance prefere insistir no seu passado nos fuzileiros navais, onde serviu no Iraque, antes de se inscrever na Ohio State University e na Yale School of Law, onde obteve os seus diplomas de jurista, que lhe abriram caminho para a carreira política.
Mais do que isso, esse foi o livro que o deu a conhecer a Donald Trump, que disse publicamente ter gostado muito da obra literária e quis conhecer o autor, de quem ficou rapidamente amigo, ajudando-o a obter o seu primeiro cargo público, em 2022.
Antes dessa carreira, Vance ainda trabalhou no setor de investimento de capitais, enquanto criava a sua família ao lado da mulher Usha, com quem tem três filhos.
Quando Trump chegou à Casa Branca, Vance regressou ao seu estado natal, criou uma instituição de caridade e tornou-se uma das figuras mais influentes do setor conservador do Partido Republicano.
Mas a sua notoriedade e o seu percurso a dar palestras sobre política nos anos seguintes fizeram de Vance um "Never-Trumper", um dos adversários internos do Presidente republicano, a quem chegou a chamar de "perigoso", considerando-o "inadequado para o cargo".
Contudo, em 2021, quando se reencontrou com o então já ex-Presidente, Vance tinha mudado de novo de opinião, tornando-se uma das figuras do partido que mais elogiava os feitos de Trump na Casa Branca.
Enquanto senador republicano pelo Ohio, a partir de 2023, Vance foi um dos aliados mais empenhados de Trump no Capitólio, defendendo todas as suas iniciativas, mesmo aquelas que não eram de todo consensuais dentro da bancada republicana na Câmara de Representantes.
Kevin Roberts, presidente do ‘think-tank’ ultraconservador Heritage Foundation, classificou Vance como a voz mais influente do partido, em final de 2023, e apostou nele como uma das figuras que poderia "mudar a cultura e a política dos Estados Unidos".
Para os democratas, o senador Vance não passava de um "cão de fila" de Trump, sem voz própria, que dificilmente sobreviveria politicamente no dia em que o ex-Presidente caísse em desgraça dentro do seu próprio partido.
Ainda hoje, os democratas desvalorizam a influência de Vance e contam que o debate contra Tim Walz mostre que a experiência política deste seja suficiente para desmontar a falta de consistência das ideias do candidato a vice republicano.
Ao mesmo tempo, os democratas esperam que Vance tenha preservado algum do espírito crítico que no Senado dos EUA o levaram a, em algumas ocasiões, ser capaz de trabalhar com espírito bipartidário, como aconteceu com o senador democrata do Ohio Sherrod Brown, quando ambos conseguiram fazer aprovar um projeto de lei de segurança ferroviária.
Mas, no campo ideológico, os democratas estão apostados em, no debate com Walz, procurar explorar as posições extremistas de Vance em várias matérias sensíveis para a campanha presidencial.
Vance é contra o aborto, tendo já defendido uma proibição nacional de até 15 semanas, embora recentemente tenha passado a defender que cada estado deve tomar em mãos a decisão; é contra a Lei de Defesa do Matrimónio, considerando que apenas pode haver casamentos entre homens e mulheres; e defende uma política muito restritiva de imigração.
Na política externa, Tim Walz poderá usar contra Vance algumas propostas deste candidato republicano que as sondagens dizem ser pouco populares, como a intensificação das tarifas na importação de produtos chineses e o fim da ajuda financeira e militar à Ucrânia na resistência à invasão russa.
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