Avó de uma jovem de 18 anos, foi a única brasileira cuja saída de Gaza não foi autorizada.
Depois de uma angustiante espera de um mês cercados de bombardeios, sem água nem energia, entre outras necessidades básicas, quase todos os cidadãos brasileiros que esperavam repatriação ao Brasil foram autorizados a deixar esta sexta-feira a Faixa de Gaza. Dos 34 brasileiros e familiares que constavam na lista entregue pelos diplomatas brasileiros, 33 foram autorizados a deixar a área da guerra entre Israel e o Hamas, mas o Brasil ainda tenta esta sexta-feira incluir a única pessoa que ficou fora da autorização, a avó de uma jovem de 18 anos cuja saída de Gaza não foi autorizada.
De acordo com representantes diplomáticos brasileiros, a exclusão da senhora pode ter sido um mero erro não propositado das autoridades que elaboram as listas de estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza. Por isso, diplomatas do Brasil em Brasília, no Egipto, na Palestina e em Israel concentravam esta sexta-feira todos os seus esforços na tentativa de incluir na autorização a única pessoa não autorizada a sair, avó da jovem Shahed Al-Banna, de 18 anos, que durante o período em que esteve encurralada em Gaza enviou para emissoras de televisão brasileiras relatos dramáticos e emocionantes da sua odisseia.
A autorização da saída dos brasileiros aconteceu após intensas negociações do governo brasileiro com autoridades de todas as partes envolvidas, e que nos últimos dias azedaram, e muito, as relações entre o Brasil e Israel. O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, garantiu por várias vezes ao seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira, que os brasileiros constariam na lista de autorizados a deixar Gaza várias vezes, mas depois essa autorização era negada dia após dia, num jogo de gato e rato que diplomatas do Brasil avançaram sob anonimato ser uma represália pelas críticas de Brasília à matança de civis que as forças militares de Israel realizaram em Gaza após os brutais ataques levados a cabo em cidades israelitas por extremistas do Hamas em 7 de outubro.
Em Brasília, um evento paralelo aumentou ainda mais a degradação das relações com Israel, quando, na passada quarta-feira, o embaixador israelita em Brasília, Daniel Zonshine, promoveu um encontro com deputados e senadores brasileiros de oposição ao presidente Lula da Silva para exibir imagens chocantes dos ataques iniciais do Hamas, levados a cabo esmagadoramente também contra civis. O diplomata tinha a seu lado, como convidado especial, o ex-presidente Jair Bolsonaro, não obstante, ele não ocupar atualmente qualquer cargo e liderar uma oposição hostil ao atual governo, no que foi avaliado como um ato igualmente hostil ao Brasil que poderia acarretar até a expulsão de Zonshine, mas o governo de Brasília optou por não tomar qualquer atitude para não prejudicar ainda mais os brasileiros retidos em Gaza.
Os brasileiros encurralados em Gaza desde o início da guerra, no início de outubro, estavam concentrados em duas cidades no sul do enclave, Khan Younes e Rafah, e vão cruzar a fronteira para o Egipto em autocarros alugados pelo governo do Brasil e que serão identificados com grandes bandeiras brasileiras para evitar serem bombardeados. Já no lado egípcio da fronteira, eles serão avaliados por equipas médicas egípcias e por médicos enviados pelo Brasil, e depois embarcarão num avião da Força Aérea Brasileira, FAB, que aguarda no aeroporto da capital, Cairo, há três semanas.
Além destes brasileiros e famílias, o Brasil resgatou da região de conflito, numa ponte aérea com diversos outros aviões da FAB, mais de 1500 brasileiros que pediram para serem repatriados. Desses, 1416, entre turistas e residentes, estavam em Israel, e os outros na Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel onde não há uma guerra formal, mas onde protestos contra as forças de ocupação israelitas têm sido violentamente reprimidos e já deixaram 165 pessoas mortas.
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