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"Trata-se de um gota no oceano”: ONU sobre ajuda a Gaza permitida por Israel

Responsável da ONU descreveu o que se está a passar como a “atrocidade do século XXI”.

29 de julho de 2025 às 01:30

A ONU saudou Israel por ter permitido a entrada de ajuda humanitária em Gaza mas também deixou um alerta: “Trata-se de um gota no oceano”.

Os 120 camiões com comida e bens que entraram no domingo em Gaza e os lançamentos aéreos de alimentos são insuficientes perante a crise que se vive, avisa o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários.

“Os próximos dias são realmente decisivos. Precisamos que chegue ajuda numa escala muito maior. Precisamos de maiores quantidades de ajuda e mais rápido”, disse Tom Fletcher, em entrevista à BBC.

O responsável da ONU descreveu o que se está a passar como a “atrocidade do século XXI” e considera que serão necessários meses para acabar com a fome . “Precisamos de um período sustentado de entregas — semanas, meses — para nos prepararmos, para acabar com a fome. Em última análise, precisamos de um cessar-fogo. As pausas são um bom passo, mas interromper o conflito é a chave”, disse.

Fletcher conta que muitos dos camiões que chegaram a Gaza acabaram por ser saqueados por civis desesperados e famintos. “A farinha foi retirada dos camiões e é muito perigoso para os nossos motoristas”, afirmou.

O desespero é grande. A fome continua a fazer vítimas a cada dia. Cada hora que passa pode ser decisiva para os milhares que estão sem comer há vários dias. Pelo menos 147 pessoas, incluindo 88 crianças, já morreram devido à fome.

Só este mês morreram 63, das quais 24 crianças com menos de cinco anos, uma criança com mais de cinco anos e 38 adultos. “A maioria destas pessoas foi declarada morta à chegada às unidades de saúde ou morreu pouco depois, com os seus corpos a apresentarem sinais claros de perda de peso grave”, segundo a Organização Mundial de Saúde que alertou para níveis alarmantes de subnutrição na Faixa de Gaza. AOMS diz que a situação era totalmente evitável, caso a ajuda humanitária não tivesse sido bloqueada por Israel.

No entanto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, continua a negar que haja fome no enclave palestiniano e rejeita as acusações de Israel ser responsável pela escassez de alimentos.

Apesar da “pausa tática” nos combates em três das zonas mais populosas de Gaza, os ataques continuam noutras áreas. Pelo menos 98 pessoas morreram e 382 ficaram feridas em 24 horas, segundo o ministério da Saúde de Gaza.

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