Agência das Nações Unidas propõe restaurar a energia externa para a central em duas fases.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) está a pressionar Ucrânia e Rússia a aceitarem um cessar-fogo na zona da central nuclear ucraniana de Zaporijia, para que possa ser restaurado a esta o fornecimento de energia externa, noticiou a Associated Press (AP).
A agência das Nações Unidas propõe restaurar a energia externa para a central em duas fases, disse à AP um diplomata europeu informado da proposta do diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.
Um diplomata russo confirmou alguns aspetos do plano, tendo ambas as fontes falado sob condição de anonimato.
Na primeira fase, seria estabelecida uma zona de cessar-fogo com um raio de 1,5 quilómetros para permitir a reparação da linha de 750 quilovolts de Dniprovska, que foi danificada numa área sob controlo russo.
Numa segunda fase, seria estabelecida uma segunda zona de cessar-fogo para reparar a linha de reserva de 330 quilovolts Ferosplavna-1, que se encontra numa área sob controlo da Ucrânia.
Os especialistas da AIEA estariam presentes para monitorizar as reparações, que foram originalmente propostas para um período de 7 dias, de 11 a 17 de outubro, de acordo com o diplomata europeu e documentos confidenciais citados pela AP.
Embora o lado ucraniano tenha dado as garantias necessárias de passagem segura para as equipas de reparação, a Rússia não as deu a tempo para o início dos trabalhos dentro desse calendário, de acordo com o diplomata europeu.
O diplomata russo, por outro lado, afirmou que os preparativos para as reparações estão em curso e poderão começar em breve.
A central perdeu a ligação à rede elétrica a 23 de setembro, e desde então, depende de geradores a combustível para garantir o funcionamento básico e prevenir acidentes.
Conquistada pelas tropas russas em março de 2022, no início da invasão em grande escala da Ucrânia, a central, localizada em Enerhodar, na região de Zaporijia (sul), é a maior da Europa.
Os seis reatores da central nuclear estão desligados, mas é necessária uma fonte de alimentação externa para continuar a arrefecê-los.
A AIEA afirmou apenas que Grossi está a envolver-se "intensivamente com ambos os lados" para permitir a reposição da energia e "ajudar a prevenir um acidente nuclear".
Num discurso em vídeo no domingo, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Ucrânia estava novamente pronta para reparar as linhas de energia sob o seu controlo, como já fez dezenas de vezes antes.
Mas, ressalvou, a Rússia não estava interessada em restaurar a segurança da central nuclear e "precisa de ser pressionada a fazê-lo".
Grossi afirmou na semana passada que, "após intensas consultas" com as partes, iniciaram-se os trabalhos para repor a ligação em duas linhas, admitindo que tal "demorará algum tempo".
"Ninguém beneficia de uma deterioração ainda maior" da segurança nuclear, alertou Grossi.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, esta é a décima vez que a central ocupada pelas tropas russas está desligada da rede, mas, referiu a diplomacia europeia na semana passada, "este é o apagão mais longo e grave, especialmente porque a atividade militar continua a impedir a reparação e a religação das linhas de energia".
A Ucrânia acusa Moscovo de tentar ligar a central nuclear de Zaporijia à rede russa, construindo para o efeito 200 quilómetros de linhas elétricas.
O operador da central, controlada pelo grupo russo Rosatom, confirmou que a instalação está sem fornecimento de energia externa e que os geradores de emergência asseguram as suas necessidades.
Paralelamente, o Ministério da Energia ucraniano anunciou anteriormente que o abastecimento de eletricidade da estrutura de confinamento que contém parte da central nuclear de Chernobyl, destruída em 1986 no seguimento de um acidente nuclear, foi cortado por causa de um bombardeamento russo.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda pelo menos quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia, anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.
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